Volta pra mim

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Pra que temer a escuridão? Às vezes ela é reconfortante.

A primeira coisa que fiz ao abrir os meus olhos foi olhar para o lado e ver quem segurava a minha mão, antes mesmo de acordar eu senti um calor na palma da minha e imaginei que alguém estava me segurando, eu sabia que tinha sido resgatada, mas a minha mente tentou me confundir dizendo que era um delírio e o Charles estava me cortando em pedaços.

Mas então o medo passou quando reconheci os cabelos da Yoko que dormia ao lado da cama do hospital, segurando a minha mão livre e com uma postura totalmente incorreta na cadeira, eu tentei tirar a mão e a vi se remexer ainda inconsciente.

Uma enfermeira entrou e sussurrou que a minha namorada não dormia direito desde que me trouxeram pra lá, perguntei quantas horas havia se passado desde a minha internação e a mulher olhou a ficha e respondeu que foram três dias.

- Eu dormi por três dias? – Perguntei chocada, porém a enfermeira não falou mais nada e saiu após checar o soro.

Olhei para a janela do leito e o céu estava escuro e gotas de chuva molhavam o vidro.

“Eu dormi por três dias?”, pensei... E o que aconteceu nesses dias?

 Tentei novamente tirar a minha mão e então a Yoko despertou, ela levantou a cabeça e me encarou, o seu rosto estava pálido e abatido, olheiras bastante escuras e inchadas, típico de que havia chorado muito, percebi que ela tinha perdido peso ao analisar o seu pescoço:

- Graças a Deus – Ela falou baixinho – Finalmente acordou.

- Yoko...

- Vou chamar um médico – Ela se levantou e tentou largar a minha mão, mas a segurei firme.

- Me conta o que aconteceu – Pedi.

- Deixa o médico te analisar primeiro – Ela falou tirando a minha mão – Depois conversaremos, vou avisar a todos que você já está desperta.

Ela saiu sem nem ao menos me dar um abraço ou um beijo e eu me perguntei o porquê dela ter sido fria comigo, contudo assim que ela voltasse eu saberia.

(Por Yoko)

Era madrugada quando a Freen saiu, eu imaginei que ela iria atrás da Faye, possivelmente iria com a polícia se eles permitissem e Becky só me confirmou que eu estava certa.

Deixamos Sunny dormindo no sofá e fomos pra cozinha, a Becky pegou uma garrafa de vinho e me serviu uma taça e depois se serviu também:

- Toma Yoko, vai ajudar a relaxar um pouco.

- Será que eles vão conseguir? – Falei bebendo um gole da bebida.

- Tenha fé – Ela disse e em seguida virou todo o líquido em um só gole.

Ficamos ali paradas sem emitir som algum.

Quase meia hora havia se passado e eu pedi pra ela descansar, Becky não se moveu e ficou me encarando, como se tentasse ler a minha mente:

- Porque está me olhando assim? – Perguntei.

- O que você tem? Não é só preocupação com a Faye... Eu te conheço, desembucha.

- Nada.

- Olha Yoko, eu não sou a Marissa, mas também te considero muito e você sabe, nós todas crescemos juntas e eu sei que tem algo aí na sua mente, algo que esta te torturando desde que a Faye foi sequestrada.

- Eu falei que não é nada – Falei na defensiva, fazendo-a suspirar em desaprovação.

Peguei a garrafa de vinho e coloquei mais um pouco na minha taça e voltei para o sofá.

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