Eu conheço você?

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Por volta das 10 horas, umas das enfermeiras da emergência me chamou informando sobre uma paciente que atendi há algum tempo estava a minha procura, perguntei o que a mulher desejava, mas ela disse que a paciente queria falar apenas comigo, não detalhando o motivo de estar na clínica.

Plena segunda feira, a cabeça cheia de fatos das quais não queria pensar no momento e mais essa?

Pedi a enfermeira que encaminhasse a paciente até a minha sala e enquanto aguardava as memórias continuam me atormentando, como se já não bastasse o final de semana!

Porque diabos a beijei? Não me arrependia de tê-lo feito, mas acho que fiz errado, já que ela acabou fugindo quando a gente ficou mais quente.

Olhava para o anel que ela havia me dado e sonhava acordada sobre como seria domina-la em minha cama, eu não deveria pensar nessas coisas, ainda mais no trabalho, mas sabia que em menos de uma hora ela estaria presente e eu... O que faria?

Eu queria vê-la, falar com ela e dizer o quanto eu desejava ter mais, contudo aquele olhar... Yoko pareceu-me arrependida de ter cedido, era como se tivesse feito algo errado, eu não entendia.

A enfermeira voltou acompanhada de uma senhora idosa, quando olhei a mesma logo me lembrei de atendê-la na emergência... Era uma vítima de esquizofrenia:

- Bom dia, doutora! –  Ela me saudou.

- Bom dia!

- Não sei se a senhora se lembra de mim, estive em crise faz algum tempo e a senhora me atendeu – Ela sorriu – Foi bastante gentil comigo.

- Me lembro da senhora perfeitamente, nunca esqueço um paciente meu – Afirmei – Infelizmente sou ruim em guardar nomes.

- Me chamo Patthama  Panthong, eu sou a avó da Yoko.

Aquela mulher me surpreendeu, nunca iria imaginar que a Yoko fosse neta de uma paciente minha, o meu ar faltou e tive que buscá-lo com força, me levantei e tomei um pouco de água, o que estava acontecendo?

Ela me observava atentamente enquanto eu evitava olha-la diretamente, pensei na fragilidade da Yoko e nas coisas que me falou enquanto estava embriagada.

Ali eu entendi a razão.

Então a minha mente foi mais fundo, na pessoa que foi a procura da senhora Patthama e me lembrei de Yoko segurando as suas mãos.

Ou eu sou muito lerda ou idiota mesmo para não reparar que se tratavam da mesma pessoa?

- No que posso ajudá-la, senhora Patthama?

- Vou ser direta contigo doutora – Ela foi ríspida, percebi pelo seu tom de voz – O que você sente pela Yoko? O que está acontecendo entre vocês?

- Nossa... – Uma avalanche de perguntas que nem eu sabia a resposta, isso me deixou perdida e com medo, aquela mulher parecia uma leoa protegendo a prole – Não temos nada além de um relacionamento profissional.

- Só Isso? – Ela me encarou como se tentasse buscar algo mais fundo e isso me deixou desconfortável, porquê ela causava essa sensação? – Porque acho que você está mentindo? Você tem levado a minha neta pra casa todos os dias!

- Eu só quero ajudar – Me defendi.

- Ajudar? – Ela foi irônica – Em qual sentido?

- Bem... – Engoli em seco – A Yoko é uma menina esforçada e está com problemas financeiros, eu ouvi ela falando isso pra uma colega de trabalho, então resolvi ajudar, só isso.

- Então você não gosta da Yoko? – A senhora insistiu – Porque acho que ela gosta de você!

- Como assim? – As palavras dela chocaram-se com as minhas dúvidas. Se ela gostava de mim, porque fugiu depois de nós nos beijamos?

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