Voto de silêncio

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Escuridão total, silêncio...

Onde eu estive? Por quanto tempo fiquei desacordada?

A minha cabeça doía enquanto sentia os cabelos grudados no couro... Angústia...

Busquei no bolso o celular, contudo ele estava vazio, levantei as mãos tentando segurar em alguma coisa, mas só senti uma parede, nas laterais também.

A princípio achei que me trancaram em um caixão, mas a minha prisão não era de madeira.

Comecei a chutar e gritar, porque ninguém me ouvia? Desespero...

Uma música ao longe, homens cantando...

Escuridão total, não havia frestas...

O ar me fugiu dos pulmões enquanto parecia que meu corpo continuava em movimento.

Escuto a buzina de um carro, depois outra... Aumentaram o volume da música enquanto eu me sufocava.

Abafamento...

Eu voltei a apagar...

...

Abri os olhos, a dor era maior...

Um frio que congelou até os ossos enquanto pequenas silhuetas se moviam de lá pra cá.

Algo ao longe brilhava com um pequeno feixe de luz... Uma arma.

Me sentindo desorientada, sentindo sede...

Eu queria gritar, meu Deus...  Uma mordaça.

Tentando me soltar em vão... Remexendo desesperadamente, no entanto as pernas e os pulsos travados por algo que parecia me cortar toda vez que me esforçava em me libertar.

Percebendo alguns olhares desconhecidos me observando, escutei uma risada maldosa, um comentário alheio.

Um chute nas minhas costas, alguém cuspiu no meu rosto...

Tremor...

Eu voltei a escuridão...

...

- Preciso ir na lavanderia pegar um terno – Disse para a Yoko – Quer vir comigo?

- Posso te esperar aqui? – Ela ergueu a garrafa de cerveja cheia – Você vai demorar?

- Tudo bem – Sorri pra ela e lhe dei um beijo na testa – Volto em dez minutos, não vai ficar bêbada.

- Depois dessa, talvez tome mais uma - Ela brincou – A gente poderia comprar alguns petiscos e bebidas ao voltarmos pra casa.

- Acho uma ótima ideia – Me afastei – Te vejo em breve.

Olhei para ela com o coração acelerado pretendendo cumprir a promessa de fazê-la pagar por ter me atentado no trabalho, às vezes ela era impulsiva e isso me fazia perder a noção, eu tentava a cima de tudo manter o meu lado profissional, mas com a minha namorada tão perto era muito difícil.

Yoko era a minha tentação!

Poderia ir andando, mas se o fizesse demoraria meia hora, de carro era mais rápido.

Dirigi até a loja e olhei para todos os lados só por precaução, o guarda costas que me acompanhou durante os meses passados me orientou a ficar sob vigia, mas depois que o Ford desapareceu eu meio que me despreocupei, a Freen e a Yoko não gostaram quando dispensei os serviços de segurança e por um momento pensei em renovar o contrato por mais dois ou três meses.

As investigações também não deram em nada, o que foi bastante desagradável, eu queria saber quem era o meu perseguidor, pensava que a Yang estava por trás de tudo aquilo, contudo fiquei sabendo que ela havia se mudado para outra cidade com um homem mais velho.

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