Exposição

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Acordei com o corpo dolorido, já que Yoko e eu ficamos a noite inteira nos amando.

Aspirei o perfume de seus cabelos e beijei levemente o seu ombro nu evitando assim acorda-la, ela parecia um anjo que iluminava os meus dias, infelizmente não podia dormir sempre comigo, contudo estávamos comemorando um mês juntas... Quem diria?

Ela se remexeu inconsciente em meus braços e sorriu de canto e eu colei o meu corpo mais ao dela e voltei a adormecer.

Da segunda vez que acordei, ela continuava apagada em um sono profundo, saí da cama com cuidado e a cobri com o edredom, vesti uma camisa larga e fui fazer a minha higiene matinal, depois fui para a cozinha preparar um delicioso café da manhã pra nós duas, joguei fora a garrafa de vinho que bebemos na noite anterior, lavei a louça do jantar e organizei tudo.

Quando ela apareceu na cozinha deparou-se surpresa com a mesa farta e me abraçou, roubei-lhe um beijo demorado e cheio de ternura, ela havia tomado banho e o cheiro do sabonete em sua pele me fez desejar pular aquela refeição, todavia me controlei.

Após o café liguei para o dono da galeria que faria a exposição das obras da senhora Patthama, o homem garantiu que tudo estava impecável para aquela noite.

Muitos convites tinham sido distribuídos, divulgação do evento, uma pequena nota em alguns sites. Freen cuidou de toda parte burocrática e o transporte das telas foi feito por uma transportadora contratada pela galeria.

A senhora Patthama me deu a tela que pintou de Yoko e eu e manteve em casa as duas pinturas que fez no centro cultural, tudo o mais seria exposto e se possível... Vendido.

Yoko esperou no sofá brincando com Sunny, quando terminei as ligações avisei a ela que sairíamos no final da tarde e ficamos abraçadas no sofá assistindo uma comédia romântica.

...

Coloquei um vestido preto justo com um leve decote em V e fiz a minha maquiagem enquanto Yoko terminava o seu banho, ela escolheu um vestido rosa claro, compramos está peça especialmente para aquela noite.

Quando terminamos de nos arrumar, fomos para a casa dela buscar a senhora Patthama e a mulher estava linda, maquiagem leve e um vestido branco, antes de sairmos a cuidadora da avó da Yoko nos chamou de canto e informou que a senhora passou o dia muito mal, evitando sair da cama.

Vi no semblante da minha namorada a sua preocupação, ela quis cancelar o evento com receio de sua avó não aguentar e pediu pra cuidadora ligar pra ela se isso viesse a acontecer outra vez, a mulher assentiu e foi embora.

Então a Yoko foi ter-se com a avó, informando que ainda dava tempo de reagendar o evento, mas a senhora não permitiu, até brincou com a neta dizendo que não iria morrer naquele dia, foi uma piada muito ruim que fez nós duas ficarmos quietas.

Yoko fez a avó prometer que qualquer coisa a avisaria e só assim conseguimos sair.

A galeria já estava cheia quando entramos, o dono de lá nos cumprimentou alegre apresentando a sua assistente que nos forneceu mais informações sobre como seria feita a exposição e as vendas.

Deixei a Yoko e a sua avó ouvindo as explicações da moça e fui cumprimentar velhos amigos de minha falecida avó, contei um pouco sobre a artista e sua arte, eles ficaram deslumbrados e garantiram fazer uma boa oferta caso gostassem de alguma tela.

Ice, Ploy e Kitti estavam no piso superior da galeria e me juntei a eles, aquela noite era da senhora Patthama e ninguém deveria ofuscar a sua grandeza! Perguntei a elas sobre a Freen e Ice me garantiu que a minha melhor amiga viria e traria consigo a namorada para elas conhecerem.

Aprovei o ensejo e mostrei de longe a Yoko, mais tarde faria uma apresentação formal, notei que Ploy teve a mesma reação de Freen, eu não me importei, porque eu sabia que isso aconteceria.

Lembrei-me da Yoko me contando das vezes em que ela demorava na frente do campus só pra me ver e da primeira vez em que chamei a sua atenção, ela não confiava nas pessoas justamente porque havia sido traída por um moleque.

Ela compartilhou muitas coisas da sua vida comigo e eu falei da minha fase de pegadora, não me aprofundei no assunto, pois a gente estava no meu quarto e entre um carinho e outro nos distraímos fazendo umas coisinhas... Boas coisinhas!

...

- Olha quem chegou Faye – Ice me cutucou e apontou com a cabeça.

Freen entrou acompanhada por duas mulheres, uma era a Becky, a outra provavelmente a irmã dela, de repente a outra abriu um enorme sorriso e se distanciou das demais, a Yoko que estava ao lado da avó foi diretamente ao seu encontro e se jogou nos braços dela em um forte abraço e eu fechei a cara:

- Ficou com ciúmes Faye? – Ice falou arrancando risadas da Ploy.

- Eu não tenho ciúmes – Afirmei.

Mas a minha afirmação só deixou as duas mais debochadas, Ploy ainda cutucou um pouco mais afirmando que era impagável a minha atitude diante da cena.

Eu a encarei sem nem me dar ao trabalho de responder com os olhos ainda na minha namorada, “quem será essa garota?” pensei.

Ice ligou pra Freen e avisou onde estávamos. Minutos depois a Freen subiu com as garotas e a Yoko, apresentou a Becky e a Marissa para as nossas amigas e ficaram conversando sobre o relacionamento das duas, eu me afastei, por alguma razão eu queria ficar sozinha.

- Faye – Yoko tocou em meu braço com carinho – Você vai sair?

- Vou dar uma volta pela galeria.

- Quer companhia? – Perguntou timidamente.

- A sua? Sempre.

- Mas antes eu queria que você conhecesse a minha amiga, mais até que isso... Minha irmã – Ela acenou para Marissa e quando a mesma se aproximou, ela continuou – Faye, está é Marissa!

- Finalmente estamos nos conhecendo formalmente – Marissa apertou a minha mão – Pensei que a Yoko estava te guardando numa caixa pra não te compartilhar com ninguém – Ela provocou.

- Pára de drama – Yoko resmungou.

- A famosa Faye Peraya – Disse orgulhosa – A mulher que conquista corações.

- Já fui essa, hoje só um coração me interessa! – Afirmei olhando para minha namorada.

- Posso garantir que este você já tem – Yoko me deu um selinho.

Neste momento o dono da galeria chamou a atenção de todos e apresentou a senhora Patthama como a artista da noite, houve uma chuva de aplausos e a avó de Yoko agradeceu.

Abracei a Yoko que emocionada começou a chorar, então ela sussurrou que ninguém nunca fez algo assim pela sua avó.

O restante da noite correu bem, a senhora Patthama tinha exibido 45 quadros e vendeu quase todos por ótimos preços.

Ao retornar pra casa delas, a senhora se despediu de mim e abraçou a neta revelando o quão se sentia orgulhosa e feliz, não se estendeu muito na conversa porque era visível o seu estado.

Queria ter ficado mais tempo com a minha namorada, mas no dia seguinte precisávamos acordar cedo, então a deixei e voltei pro meu apartamento.

Enquanto me remexia na cama sem conseguir dormir, os meus pensamentos voltaram ao momento em que a Yoko abraçou a Marissa, eu não iria falar nada com as minhas amigas, mas ver aquela cena realmente me incomodou, antes e depois de saber quem Marissa era, “Faye, larga de besteira, você precisa de um tratamento psicológico” pensei.

O mais engraçado nesta história é que eu realmente não sabia que teria ciúmes de alguém, pois com a minha primeira namorada eu nunca senti a insegurança que senti ao pensar na Yoko me abandonando.

Já não era um gostar... Eu amava demais a Yoko!

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