Sonhar é possível

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(Por Freen)

- Bom dia! – Faye me saldou ao abrir a porta do seu apartamento.

- Bom dia, Faye! – A cumprimentei ansiosa para saber o que tanto ela queria me mostrar.

- Freen, estou tão feliz que você veio – Ela me abraçou pra em seguida me dar passagem – Vamos, entra logo que eu tenho duas novidades pra te contar.

- Estou vendo que é coisa boa.

- Muito boa – Ela sorriu abertamente – Quer um café? Um suco?

- Não precisa se incomodar Faye – Me sentei no sofá e a encarei – Estou bem... Mas me fala logo quais são essas novidades, você disse que tinha algo que eu precisava ver.

- Eu encontrei Freen – Ela pulou no sofá ficando ao meu lado – Sabe... A pessoa certa pra mim, eu encontrei.

- Encontrou? – Fiquei surpresa.

- Sim e ela estava tão perto... Como não a enxerguei antes?

- De quem você está falando? – Perguntei – Eu por acaso conheço essa mulher?

- Acho que não, mas não tem relevância isso, vou te apresentá-la hoje.

- Faye... Como assim?

- Você vai conhecer a minha namorada Freen, vou te levar na casa dela e lá você vai saber da segunda novidade.

- Não gosto desse tipo de jogos Faye, desembucha logo.

- Não dá, você precisará ver e então tudo ficará mais claro.

- Faye – Alertei.

- Vamos lá? – Ela perguntou depois de conferir as horas.

Entreguei o capacete de Becky pra Faye usar, sabia que não ficaria confortável na cabeça dela, mas ela parecia nem ligar de tanta empolgação, ela queria ir de carro, contudo não achei uma boa ideia.

A casa da namorada dela era muito perto e logo chegamos, notei que um lugar bem simples, não quis julgar sem antes conhecer a mulher.

Faye tirou o capacete e me entregou, em seguida me puxou pela mão até a porta, assim que bateu na mesma uma voz doce pediu para que aguardássemos um minuto, ela continuava me contando sobre a tal namorada e confesso que nem com a ex dela, Faye agiu daquela forma.

Quando abriram a porta meu queixo quase caiu, era a stalker do nosso grupo:

- Mas você é aquela menina que vivia nos espionando – Falei.

- Oi – A menina ficou ruborizada enquanto a Faye demonstrou confusão.

- Não acredito nisso Faye – Continuei – Você está namorando com a nossa perseguidora? – Perguntei incrédula.

- Eu nunca persegui vocês – A menina se defendeu – Só estava curiosa com a Faye, sempre a admirei desde o primeiro dia em que a vi.

- O que está acontecendo aqui? – Faye finalmente reagiu.

- Larga de ser lerda Faye – Apontei pra menina – Ela é a garota que eu sempre reclamava.

- E daí? – Faye deu de ombros.

- Já contei pra Faye essa parte da história – A menina respondeu – Desculpa se te irritava eu ficar admirando vocês, nunca tive essa intenção.

- Sei – Respondi sarcástica.

- Vamos entrar Freen, lá dentro conversaremos melhor – Faye nos interrompeu.

A menina se chamava Yoko e trabalhava na clínica com a Faye, também era estudante de psicologia e morava com a avó, ok... Até aí tudo bem! Ela também passou a ficar nos observando porque tinha um interesse que na época não conseguia explicar pela minha amiga, isso após descobrir que fora traída pelo namorado, quando perguntei se ela era hétero, ela se limitou a responder que para o amor não existia sexualidade, ok... Ela teve um bom argumento.

Então me contou sobre a sua avó e a luta diária que enfrentava, droga... Ela era corajosa e batalhadora... Com isso conseguiu o meu respeito e por fim, me falou que o seu maior sonho era fazer algo legal por sua avó e que a Faye estava ajudando com isso e o quão grata ela seria se eu também a ajudasse, mil vezes droga... A menina era muito fofa e no pouco tempo que nós nos falamos eu me atentei as reações da minha amiga com ela e definitivamente as duas se completava:

- Freen – Faye sussurrou assim que a Yoko foi para a cozinha pegar água pra gente – Acertei ou não na minha escolha?

- Detesto admitir – Fui sincera – Mas devo dizer que sim, você acertou... Dá pra ver que ela te ama muito.

...

Alguns minutos se passaram desde a nossa chegada, Yoko era uma pessoa amável, bastante gentil. Ela me apresentou a avó dela e Faye explicou o porquê de estarmos ali.

As duas me mostraram diversas pinturas, eu não entendia bem de obras de arte, contudo às imagens eram muito boas, Yoko precisava de alguém que pudesse resolver a parte burocrática e uma pessoa para avalia-las.

A pedido da Faye me prontifiquei a ajudar em toda questão jurídica, mas era preciso um especialista, uma pessoa que pudesse determinar o valor real de cada quadro, eu tinha alguns contatos com donos de galerias, isso facilitaria qualquer transação que viesse a acontecer.

Me afastei das duas e fiz algumas ligações, então quando acabei de mexer os meus pauzinhos apenas confirmei a elas.

Yoko sorria tão alegremente para a Faye que fez meu coração amolecer. Ela foi até a avó dela e lhe contou a novidade, a senhora assentiu e olhou pra mim com certo interesse:

- Posso lhe fazer uma pergunta doutora? – Ela se dirigiu a mim.

- Claro.

- Se o que eu pintei valer realmente algum dinheiro, como eu faço pra deixar tudo pra minha menina, ainda em vida?

- Vovó – A Yoko a repreendeu.

- Não briga comigo filha, você sabe das minhas condições e eu não quero deixar nada para o seu avô!

- Mas...

- Não tem mas... – A senhora foi firme – E então doutora?

- Tem alguns documentos que serão necessários e precisaremos ir ao cartório, porém isso pode deixar por minha conta – Respondi a encarando.

- Gostei da senhora – A avó da Yoko falou sorrindo – Vou confiar em você!

...

Marquei com um amigo, dono de uma galeria, de irmos a casa da Yoko, como era no meio da semana, nem ela e nem a Faye puderam estar presentes, a senhora Patthama não parecia muito bem de saúde, porém conseguiu nos atender.

Desde o dia em que estive lá, a senhora pintou mais alguns quadros e mostrou algumas pinturas antigas que fez quando tinha a idade da neta, o meu amigo adorou as telas e ficou um bom tempo avaliando cada item.

Foi um processo demorado, mas no final de semana ele me retornou com a proposta de fazer uma exposição.

Contei a Faye e ela fez a ponte com a Yoko e a avó.

Eu me sentia feliz em ajudá-las, como descrever a sensação? Não saberia, mas era incrível!

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