Nem tudo é contado por palavras

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(Por Yoko)

Olhei pela janela o carro da Faye se afastando da minha casa, pensei que o meu coração iria explodir a qualquer instante, como pudemos deixar as coisas acontecerem daquela maneira? Como eu não me desviei? Esses sentimentos por ela persistiram em me atordoar, essa vontade de estar cada vez mais perto da minha linda doutora... Aí...

- Yoko? – Vovó me chamou me tirando dessa avalanche de pensamentos – Já chegou?

- Acabei de chegar.

- Nossa... Você chegou hoje muito tarde! Pode vir aqui? Quero falar contigo – Joguei a bolsa no sofá e fui até o seu quarto – Entre.

- Oi vovó, boa noite! – Saudei-a.

- Boa noite querida! Veio de carona novamente?

- Sim, a doutora Faye me trouxe.

- Que bom – Ela sorriu e bateu na cama – Senta aqui comigo, sim.

- O que foi vovó? – Atendi ao seu pedido e me sentei ao seu lado.

- Você tem estado muito tempo com essa médica, gosto de saber que tem andado em segurança, mas quero entender uma coisa...

- O que? – Encorajei-a a dizer.

- O que vocês estão tendo, é só um relacionamento profissional?

- Claro, porque a pergunta vovó?

- Porque? Yoko, eu te conheço desde que você era um bebê, você nunca trouxe ninguém aqui com exceção da Marissa, da Rebecca e daquele seu namoradinho.

- Ex – A corrigi.

- Isso mesmo – Ela sorriu sem jeito – E mesmo estando perto de pessoas que te conhecem bem, você nunca agiu como tem feito nesta semana.

- Não estou te entendendo.

- Estou tentando lhe dizer – Ela tossiu – Que você sempre saí feliz daquele carro, sempre fica esperando na janela a doutora ir embora, sempre fala dela com entusiasmo e muito carinho e por fim, tem ficado no celular trocando mensagens até altas horas e aposto que é com ela!

- Temos muitos assuntos em comum vovó.

- Você está apaixonada por ela?

- Vovó – Fingi estar indignada.

- Só me responda Yoko e não minta porque eu vou saber.

- Vovó... – Tentei disfarçar.

- Está ou não? – Ela insistiu.

- Eu gosto dela! – Dei-me por vencida.

...

Tivemos muito trabalho essa semana e de certa forma só conseguia encontrar a Faye na hora de irmos embora, o dr. Ivan estava responsável pelas visitas, pelas orientações e pelas delegações das tarefas, por algum motivo ela não ficava mais com a turma das 11 horas.

Quando o expediente terminava, Faye mandava uma mensagem me pedindo pra esperar no estacionamento.

Na primeira vez que mandei mensagem foi perguntando se ela havia chegado bem e em segurança e ela me respondeu com um emoji sorrindo.

Na segunda vez agradeci a carona e ela me respondeu com o mesmo emoji da noite passada.

Na quarta feira ela teve que sair mais cedo, não sei bem o porque, mas quando deu o meu horário, Faye mandou outra mensagem informando que estava me esperando na porta da clínica.

E em todas as viagens pra casa conversávamos, ouvíamos músicas cantando juntas, criamos um vínculo sem se quer notarmos, porém eu precisava esconder o sentimento que estava em dentro do meu peito, pensando que ela nunca me olharia igual:

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