De volta pra casa

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Fiquei no hospital por alguns dias, minha mãe e a Yoko revezaram no acompanhamento, eu senti que a Yoko evitava falar comigo e sempre olhava para baixo ou para os lados, nunca para mim, achei que fosse por causa dos ferimentos em meu rosto, mas não era isso, havia algo mais profundo que ela não queria me dizer.

Aos poucos fui recuperando a minha força e as dores foram diminuindo, porém comecei a acordar aos gritos depois de sonhar com o Charles, várias vezes a imagem dele e daquela faca em minha pele surgia em minha cabeça, principalmente nos sonhos, às vezes eu sonhava estar sendo esfaqueada por ele e em outras vezes, eu via a Yoko sendo torturada.

Cheguei a sonhar com ele abusando dela e depois a estrangulando, eu precisava de ajuda pra tirar aquelas visões da minha mente e ver que a minha namorada continuava fria comigo só aumentava o meu conflito interno.

Quando recebi alta do hospital, a Becky e a Yoko me levaram para o meu apartamento, a primeira coisa que fiz foi abraçar Sunny, ela parecia muito bem, eu andava devagar devido a dor e a Yoko serviu como o meu apoio, já que ainda não podia fazer movimentos drásticos.

Eu sabia que ela queria falar algo que com certeza me machucaria, porém prorrogamos isso.

No primeiro dia em que voltei pra casa precisei da ajuda da Yoko para tomar banho, assim que ela tirou a camisa que eu vestia, ela desviou o olhar, terminou de me auxiliar com o restante das roupas e saiu do banheiro sem graça.

Ao terminar a chamei e ela logo entrou, passou a toalha sobre a minha pele com tanto cuidado, como se um toque seu fosse me quebrar, eu me segurei em seus ombros e insisti em me aproximar mais, ela se desvencilhou e me levou para o quarto onde me vestiu um pijama.

Eu me deitei na cama e pedi que ela se deitasse ao meu lado, ela se negou a fazê-lo e comentou que faria algo para eu me alimentar.

Eu tinha fome sim, mas não era de comida, era dela!

No segundo e no terceiro dia a sua postura comigo não foi diferente, ela estava ali comigo, contudo uma parte dela continuava em um lugar que eu não havia encontrado.

Comecei a fazer fisioterapia, a Yoko me levava em todas as sessões e me esperava para voltarmos juntas, nós só nos separávamos quando ela tinha que ir pra faculdade e nessas horas uma das garotas sempre vinha ficar comigo, eu não me sentia pronta pra ficar sozinha.

No quarto dia a Yoko pediu pra Marissa vir ao meu apartamento, já que a mesma não tinha aula:

- Oi Marissa, obrigada por ter vindo – Ouvi a Yoko falar ao abrir a porta.

- Oi Yoko, como estão as coisas? Você? A Faye?

- A Faye está melhorando fisicamente aos poucos, daqui uma semana ela vai começar a terapia e eu... Você sabe... – Ela tentou falar baixo, mas eu escutei.

- Onde ela está?

- De repouso no quarto, depois do ocorrido ela não tem conseguido ficar muito tempo sozinha, o que é bastante natural.

- Imagino quão difícil deve estar sendo – Marissa argumentou.

- Pra ela sim, sinceramente não me importo de cuidar dela, você sabe que eu faria de tudo pela Faye – Ela voltou a falar baixo – Mas eu tenho medo de... Você sabe!

- Eu já te falei que ela te ama, isso que você continua pensando é besteira, até a Becky já lhe disse isso...

- Não vamos falar disso aqui – Yoko a cortou – Pode cuidar dela enquanto eu estiver na faculdade?

- E não foi pra isso que eu vim? – Ouvi a Marissa rindo.

- Te devo mais uma.

- Quando você volta para o trabalho?

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