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— Bem, essa é a última caixa — eu disse, depois de finalmente esvaziarmos o closet que pertencia a Elisabeth.

Na noite anterior, o Miguel tinha me ligado e pedido que eu fosse até a sua casa, pois ele pretendia se desfazer das coisas da falecida esposa. E no dia seguinte, acordei cedo, me arrumei e saí de casa, antes dos meus pais acordarem. Ao chegar na casa da minha amiga, o Miguel me convidou para tomar café da manhã. Ele também me disse que pretendia me inserir devagar na vida de Ana Clara, pois a menina estava animada com a ideia de ver o pai se casar de novo. Então, ele me propôs que aproveitássemos o dia para levá-la ao colégio juntos.

Assim que voltamos para casa depois de deixarmos a menina no colégio, fomos para o seu quarto e começamos a encaixotar todas as coisas que havia no closet. Em poucos minutos, o chão do closet e do quarto estavam repletos de caixas com tudo o que tiramos do cabide e das gavetas.

Miguel guardou apenas as joias de valor, disse que deixaria para Ana Clara. Enquanto ele separava as coisas, eu notei que ele estava com a feição carregada, era tristeza e saudade.

Ele me contou, com lágrimas nos olhos que se sentia culpado pela morte da esposa. Disse que no dia em que o acidente aconteceu, estava chovendo muito e ela saiu em meio à chuva para ir ao trabalho. Ela tinha um projeto importante para entregar em uma reunião na empresa em que trabalhavam e ele não a impediu, mesmo sabendo dos riscos de sair em meio a uma chuva forte.

Ele me contou alguns detalhes do acidente. Um caminhão em alta velocidade, imprensou o carro dela em um ônibus, e ele não teve nem tempo de se despedir dela, porque quando chegou no local do acidente após receber uma ligação da polícia, encontrou o corpo dela já sem vida dentro do carro, todo ensanguentado e deformado.

A última lembrança que ele carregava consigo dela foi o momento em que eles fizeram amor logo pela manhã, e ela disse que o amava e que era grata por ter conhecido um homem tão maravilhoso, como se estivesse se despedindo. E quando ela saiu, pediu que ele cuidasse da filha deles até ela voltar, com um sorriso doce e um beijo carinhoso. Ele relatou que sentiu uma angústia muito grande e um desejo incontrolável de não a deixar partir, e até tentou fazê-la mudar de ideia e esperar pela chuva passar, mas ela era uma pessoa muito dedicada e teimosa que amava o que fazia, e não queria se atrasar para a reunião. No final ela conseguiu convencer ele de que voltaria logo, e ele a permitiu sair de casa naquele dia, sem imaginar que seria a última vez que a veria. E, ele se culpava por isso, porque segundo ele, se tivesse sido mais firme, ela teria ficado em casa, e ele não a teria perdido.

Eu disse a ele que não deveria se sentir assim, porque ninguém tem o controle da vida a não ser Deus, mas o Miguel era ateu não acreditava em nada que não fosse comprovado pela ciência.

Eu tentei consolá-lo dizendo que, se ela se foi, foi por algum motivo especial do qual talvez ele ainda não entendesse, e que ele não deveria ficar triste porque o importante foram os momentos felizes que eles compartilharam, e mesmo ela não estando presente fisicamente em sua vida, permaneceria viva eternamente em seu coração.

Entre Segredos e Paixões 2 - Laços do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora