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Assim que Miguel e Ayara saíram do quarto do hospital, minha mãe voltou a me olhar com atenção. Ela fixou seus olhos na minha mão, que eu ainda mantinha sobre a barriga, acariciando delicadamente o meu bebê. Eu sentia uma mistura de emoções. Estava feliz em saber que seria mãe do filho do homem que amava, mas temia as consequências que enfrentaria caso meu pai não aceitasse aquela ideia. Ele já sabia sobre nós, mas não sabia que estávamos indo tão longe. E se isso acontecesse, muito provavelmente, ele ficaria ofendido e eu tinha medo do que ele poderia fazer com o Miguel. E se algo ruim acontecesse, eu jamais me perdoaria. Quando notei que minha mãe me observava em silêncio, disfarcei e retirei a mão devagar da barriga. Tentei parecer natural, mas sabia que ela estava desconfiada.

— O Miguel parecia tenso e preocupado, você notou? — ela comentou, com uma voz desconfiada.

— Sim. Deve ter sido alguma coisa no trabalho — inventei uma desculpa. — Ayara disse que, quando ligou, ele deixou tudo e veio saber como eu estava.

Minha mãe voltou a fitar os olhos desconfiados em mim e eu estremeci. Nós poderíamos ser distantes uma da outra, mas uma mãe conhece bem o filho. Ela devia estar percebendo que eu estava escondendo algo.

— Eu acho interessante toda essa preocupação que ele tem por você — falou com um tom de ironia e provocação. — Tem certeza de que é somente uma anemia, Bárbara?

Ela se aproximou mais da cama, mas não tocou em nada, como se estivesse com nojo. Ela olhou para o meu soro, para o meu lençol, para o meu rosto. Como se estivesse procurando alguma pista do que realmente estava acontecendo.

— Sim, mãe. É só uma anemia. E o Miguel só veio a pedido da Ayara — eu respondi, sentindo uma pontada de irritação.

Eu odiava ter que mentir para ela, mas também não queria contar a verdade naquele momento. Eu queria esperar pelo Miguel e contar juntos.

— Você está diferente, andou ganhando peso? — ela perguntou, mudando de assunto, olhando para o meu corpo com desaprovação.

Eu realmente havia ganho alguns quilinhos, e agora entendia o porquê. Andava comendo tudo o que via pela frente, e a fome nunca parecia acabar. Soltei um suspiro longo e cansado. Queria que minha mãe se preocupasse comigo de verdade, mas pelo visto a única coisa que ela se preocupava era com o meu ganho de peso. Ela não fazia ideia de que eu estava carregando o seu neto ou neta dentro de mim. Ela não fazia ideia de como eu estava feliz e assustada ao mesmo tempo. Ela não fazia ideia de como eu queria não ter que pisar em ovos para dar aquela notícia para ela.

— Não sei, mãe. Talvez eu esteja inchada, antes de menstruar eu fico assim — tentei mais uma vez disfarçar o meu nervosismo.

Ela fez silêncio e olhou para o relógio no pulso, impaciente e entediada. Conhecendo bem a minha mãe, ela provavelmente não gostava de estar naquele hospital público, cheio de gente simples e humilde, porque se achava superior a todos ali.

Entre Segredos e Paixões 2 - Laços do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora