Ayara Arantes, vive seu tão desejado sonho de relacionamento perfeito. A vida parece vibrante e repleta de cores e alegria. No entanto há segredos estão sendo mantidos nas sombras, girando silenciosamente em seu entorno. Quando esses segredos finalm...
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A celebração do nosso casamento estava perfeita. Valeu a pena ter deixado a minha mãe organizar tudo. Ela conseguiu me dar o casamento dos sonhos do qual eu jamais iria esquecer. A cerimônia, que já havia acontecido, foi marcada por muita emoção. Eu me sentia radiante, não só pela aliança de ouro que agora adornava meu dedo, mas principalmente por ter Miguel, o grande amor da minha vida, como meu marido. Ma-ri-do!
Depois de uma sessão de fotos e de cumprimentar os convidados com entusiasmo, nós dois começamos a aproveitar a festa. Embora, no fundo, eu já estivesse ansiosa pela lua de mel que se aproximava. As malas já estavam prontas no carro; só faltava trocar o vestido e seguir para o aeroporto. Miguel me surpreendeu com uma dança ensaiada, uma valsa que nos fez girar pelo salão, como num desses filmes de princesas. Em seguida, ele me entregou para dançar com o meu pai, que exibia um sorriso que transbordava orgulho e emoção. Minha mãe, por outro lado, mantinha um sorriso contido, esforçando-se para demonstrar contentamento com aquele momento enquanto sustentava sua pose de mulher refinada, mas eu sabia que no fundo ela estava odiando me ver sair debaixo de suas asas. Agora ela não tinha mais poder de decidir nada por mim, eu seria dona da minha própria vida!
Após a dança, Miguel e eu, de mãos dadas, circulávamos pela sala, agradecendo a todos que vieram de longe para testemunhar nosso compromisso. Foi então que senti uma leve tontura. Eu estava faminta, porque minha mãe quase não me deixou comer nada durante a festa toda com medo de que eu sujasse o vestido de noiva.
Decidi que era hora de beliscar algo. Com sutileza, me afastei de Miguel e fui até a mesa do buffet, onde montei um prato com algumas delícias, e segui para o camarim da noiva, um refúgio onde poderia comer longe dos olhares preocupados e julgadores da minha mãe. A celebração estava quase no fim, faltando apenas o lançamento do buquê e o corte do bolo antes de partirmos para a lua de mel tão aguardada. Acomodei-me na poltrona, elevando os pés sobre o puff, que estavam cansados e inchados. Deslizei a mão pela barriga enquanto eu sorria, lembrando do meu bebê.
— Sentindo fome, pequeno? Quer um doce? — indaguei, pegando um bolinho de amêndoas do prato. Mordi com gosto, degustando a iguaria, quando percebi a porta se abrir. Era Miguel, que também trazia um prato, só que de salgadinhos.
— Te achei! — disse ele, com um sorriso. Me passou o prato. — Vi você vindo pra cá e trouxe reforços.
Sorri com a boca cheia ao vê-lo sentar-se ao meu lado.
— Você acertou em cheio, porque meu estômago já estava dando voltas — falei, enquanto pegava um salgadinho e o lançava na boca com um gesto teatral. Ele passou o dedo pelo meu rosto, deixando um rastro de carinho, mas seu sorriso se desvaneceu em um suspiro de alívio.
— Você está bem? — perguntei, com um toque de brincadeira na voz.
— Só pensando em como vai ser incrível nossa lua de mel — ele respondeu, com aquele brilho de expectativa nos olhos.
— E então, para onde é que vamos mesmo? Você faz tanto mistério...
Com um sorriso malandro, ele tirou do bolso um envelope estampado com o logo de uma companhia aérea.
— Surpresa! Vamos para a Itália! — exclamou, e eu pude sentir a animação dele contagiando o ar. Minha boca se abriu num 'O' mudo, seguido por um gritinho de pura alegria. Conhecer a Itália era o meu sonho, e Miguel sabia muito bem disso.
— E olha só isso aqui — ele continuou, me mostrando um cheque gordo. — Um presentão de um amigo.
— Nossa, quem foi o generoso que te deu isso? — indaguei, a curiosidade pintando cada palavra.
— O Sebastian — ele respondeu, e meu sorriso vacilou por um instante. Tinha visto Sebastian na pista de dança, bem próximo da Ayara, o que era estranho para dois que supostamente estavam brigados.
— Eles estavam dançando juntos, você viu?
Miguel assentiu com a cabeça.
— Vi sim.
— E você acha que é uma boa ideia deixá-lo tão perto dela de novo?
— Não é o ideal, mas já pedi para minha mãe ficar de olho enquanto a gente estiver fora. Além disso, não tem muito o que fazer. A Ayara é imprevisível, se ela quiser vê-lo de novo, vai ver e pronto.
— Com certeza, você tem toda razão — respondi, me inclinando para um beijo rápido e doce. — Agora eu quero falar sobre nós. Estou tão empolgada, finalmente conseguimos!
Coloquei o prato ao lado na mesinha, limpando os dedos com um guardanapo. Miguel se aproximou, segurou minhas mãos com as dele e me puxou para um beijo demorado.
— Eu sei que já fiz promessas hoje, mas quero te fazer mais uma — ele disse, olhando nos meus olhos. — Vou dedicar cada dia da minha vida para te fazer a mulher mais feliz do mundo.
— E eu não tenho dúvidas disso, meu amor — eu disse, sorrindo enquanto ele me abraçava.
— Sabe, eu sempre sonhei com esse momento, e agora que está acontecendo, parece até surreal.
Miguel riu, um som leve que ecoou pelo camarim.
— Eu também. Parece que foi ontem que você estava na minha casa fazendo trabalhos escolares com a Ayara, e olha só onde estamos agora.
— É verdade — concordei, ainda aninhada em seus braços. — E pensar que tudo começou com aquele encontro desastroso no seu carro...
Ele fez uma careta fingida.
— Ah, não me lembre. Porque senão eu vou ficar animado e preciso me guardar para a lua de mel.
Eu dei uma gargalhada.
— Mas também foi o mais memorável — retruquei, dando-lhe uma leve tapinha no peito. — E olha só, acabou sendo o começo da nossa história.
Miguel beijou minha testa com ternura.
— E que história estamos construindo, hein?
— E muitos outros capítulos, espero — eu disse, já sonhando com o futuro.
— Com certeza, muitos capítulos felizes — ele prometeu, e então, com um sorriso conspiratório, acrescentou: — Imagina só, nosso pequeno aprontando pela casa junto da Ana Clara, e depois, talvez, mais um irmãozinho ou irmãzinha para eles...
Eu ri, a ideia soando perfeita em minha mente.
— Isso soa tão perfeito, Miguel — eu disse, sonhadora.
— Perfeito é ter você como minha esposa — ele sussurrou, me tomando em outro beijo carinhoso.
— Eu digo o mesmo, meu marido — acariciei a barba dele, e ele fechou os olhos absortos nas minhas carícias.
Miguel, o amor da minha vida, era agora meu marido. Cada vez que a palavra 'marido' ecoava em minha mente, uma onda de emoção me envolvia. Era tão bom saber que aquele homem lindo, bem-sucedido e atraente era o meu marido e o pai dos meus filhos. Eu me sentia abençoada, realizada, imersa em uma gratidão eterna, por ter ao meu lado o homem que eu tanto amava.
