E o caos daquele dia só estava começando. Quando cheguei no meu escritório de advocacia, retirei o paletó e o pendurei no espaldar da minha cadeira, me sentei nela jogando o peso do corpo para trás, e tentei esquecer a conversa que tive com o meu amigo. Eu estava me sentindo mal por ter brigado com ele, mas tinha muito trabalho a fazer e precisava me concentrar.
Assim que abri o meu notebook, o meu celular tocou. Era uma chamada da Ayara. Eu respirei fundo e passei a mão no rosto, já pensando no que poderia ser. Ela só me ligava quando tinha algum problema, ou precisava de alguma coisa. E quando deslizei o dedo na tela aceitando a chamada e coloquei o celular no ouvido, meu coração deu um salto no peito.
— Miguel? A voz dela estava trêmula e assustada.
— O que houve, Ayara? — eu disse, tentando parecer calmo.
— Miguel, a Bárbara desmaiou aqui na faculdade — ela disse, com desespero na voz. Ela estava chorando, e eu podia ouvir o barulho de pessoas ao fundo. E eu comecei a me sentir angustiado também, eu amava a Bárbara e não podia imaginar a minha vida sem ela.
— E como ela está agora? — eu perguntei, nervoso.
— O reitor chamou uma ambulância, eu estou indo para o hospital com ela. Eu estou tentando falar com os pais dela, mas ninguém me atende — ela disse, sua voz soando desesperada.
— Ayara, fica calma, vai ficar tudo bem — eu disse tentando acalmá-la. — Para onde estão levando ela? — eu perguntei, apressado pegando a chave do meu carro que estava sobre a mesa, enquanto me levantava da cadeira.
Eu não podia perder tempo, eu tinha que ir para o hospital. Eu tinha que ver a Bárbara e saber como ela estava. Puxei o meu paletó da cadeira e o coloquei novamente, e saí apressado da sala.
— Para o hospital... — ela disse, me dando as informações. Ela falou o nome do hospital e o endereço. Era um hospital público, perto da faculdade. Eu conhecia o lugar e sabia que não era dos melhores. Eu torcia para que ela tivesse sido bem atendida e que não tivesse nada grave. Enquanto ela falava o endereço para o qual levaram a amiga, eu saí da minha sala às pressas, o coração batendo forte no peito. Eu detestava receber aquele tipo de ligação, porque foi assim que me avisaram sobre o acidente da minha esposa. Uma voz desconhecida, me dizendo que ela tinha sofrido um acidente de carro e que estava sem vida. Eu nunca vou esquecer aquele dia, nem a dor que senti ao ver o seu corpo sem vida esmagado dentro daquele carro. Eu nunca ia esquecer o quanto eu chorei e o quanto eu me senti culpado, do quanto eu sofri e o quanto eu demorei para me recuperar. E, eu não queria passar por isso de novo, eu não queria perder a Bárbara também.
Já havia alguns dias que ela estava reclamando de dores no estômago, tonturas e sensações de desmaio, e eu não estava dando atenção a isso. Eu achava que era só estresse, ou alguma coisa que ela tinha comido. Eu não imaginava que fosse algo sério, ou que pudesse colocar a sua vida em risco. Se alguma coisa grave acontecesse, eu jamais me perdoaria, porque eu sabia que ela não tinha um bom relacionamento com a mãe e que provavelmente estava escondendo dela aqueles sintomas.
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Entre Segredos e Paixões 2 - Laços do Coração
RomanceAyara Arantes, vive seu tão desejado sonho de relacionamento perfeito. A vida parece vibrante e repleta de cores e alegria. No entanto há segredos estão sendo mantidos nas sombras, girando silenciosamente em seu entorno. Quando esses segredos finalm...