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Quando minha mãe me viu entrar em casa ao lado do Miguel, ela se levantou do sofá em que estava sentada, sem esconder a cara de surpresa e desconfiança. Em um momento de insegurança, eu havia soltado a mão do Miguel, então parecia que ele era apenas uma visita casual em minha casa e não o meu namorado. O meu pai, que estava no bar se servindo de mais uma dose de whisky, se aproximou de nós com um sorriso no rosto. Ele sempre gostou e admirou muito o Miguel. Eu só não sabia se toda aquela admiração continuaria depois de contarmos sobre a nossa relação e sobre a minha gravidez.

— Miguel, que surpresa agradável! — exclamou meu pai, aproximando-se com passos firmes. Vestia-se com elegância discreta, uma calça social cinza que se ajustava bem ao seu corpo e um suéter preto que contrastava com os tons prateados de seu cabelo e barba bem aparados.

Minha mãe, com sua presença sempre marcante, juntou-se a nós. Ela optou por um macacão branco, cujo corte reto e decote modesto eram realçados por um cinto preto, acentuando sua figura esguia e mantendo sua postura sempre ereta e confiante. Seus passos eram medidos e graciosos, refletindo a elegância que ela emanava naturalmente.

Papai cumprimentou o Miguel com um aperto de mão, demonstrando afeto e confiança. Minha mãe o cumprimentou com um beijo no rosto e um sorriso receptivo, mas intrigado.

— Então era você o convidado misterioso da Bárbara? — Minha mãe perguntou, com uma falsa voz gentil.

— Sim, Cecília, eu vim porque preciso conversar com vocês sobre a Bárbara... — Miguel começou a dizer, com uma voz firme e séria.

Meu coração deu um salto no peito, eu pensei que o Miguel ia falar sobre nós ali, assim, sem nenhum aviso prévio, e senti que deveria intervir. Eu temi que os meus pais não fossem reagir bem à notícia, e que eles iam fazer um escândalo, pelo menos a minha mãe. Eu queria evitar uma cena, e esperar o momento certo para contar.

— Ele ficou preocupado com o meu desmaio. — Eu tomei a dianteira e o cortei, inventando uma desculpa. — E queria vir conversar com vocês sobre isso. — Eu finalizei, engolindo em seco.

Eu estava nervosa e ansiosa. O Miguel me olhou como quem diz "O que está fazendo?" e eu o olhei com uma nota de desculpa no olhar. Eu sabia que ele estava chateado e confuso, mas eu esperava que ele entendesse.

— A minha esposa me disse que você acompanhou a nossa filha no hospital. Fique sabendo que somos muito gratos — Meu pai disse, em tom agradecido, me dando motivos para conseguir respirar melhor.

— Como vê, Miguel, a Bárbara está bem, não há com que se preocupar. Mas, não vamos perder tempo, o jantar está servido. Na mesa, podemos conversar melhor sobre isso. — Minha mãe disse, gesticulando para a sala de jantar, e nós caminhamos juntos até ela.

E, como eu imaginei, a mesa estava posta com os lugares preparados, uma toalha de seda cobria o tampo de vidro e as louças finas vindas da Europa estavam todas posicionadas, garfos, talheres, pratos e taças de cristais com bordas douradas. No centro da mesa, havia uma posta de salmão grelhado com molho de manteiga de ervas e purê de batata com alho assado.

Miguel puxou uma cadeira para mim e se sentou do meu lado, de frente para os meus pais. Ele me ajudou a me acomodar. Ah, o Miguel era tão cavaleiro.

Nos servimos e começamos a comer, apreciando o saboroso salmão. Meu pai parecia gostar da visita do Miguel e eles começaram a conversar sobre trabalho, futebol e vários outros assuntos triviais. Eles riam e trocavam opiniões, como se fossem velhos amigos. Minha mãe, por outro lado, comia em silêncio, sem participar da conversa. Ela olhava para mim e para o Miguel com um olhar desconfiado e curioso, como se quisesse descobrir o que estava acontecendo entre nós.

Terminamos a comida e nos servimos da sobremesa: uma torta de chocolate amargo com ganache, que a minha mãe tinha encomendado de uma confeitaria famosa. Era uma sobremesa deliciosa e sofisticada, mas eu não conseguia aproveitá-la. Eu estava nervosa e ansiosa, pensando em como contar a novidade aos meus pais. Já estávamos quase no final do jantar e ainda não tínhamos dito nenhuma palavra até aquele exato momento sobre a real visita do Miguel à minha casa. Eu sabia que tinha que falar logo, antes que fosse tarde demais.

Enquanto eu tentava encontrar uma brecha no meio da conversa para dizer o que precisávamos, eu levei a colher de sobremesa à boca, apreciando o sabor, mas senti um enjoo terrível, como se algo estivesse errado. Eu precisava vomitar urgentemente. Empurrei a cadeira para trás e corri até o lavabo da sala, ouvindo meu pai e minha mãe dizerem meu nome, preocupados, e quando fechei a porta do lavabo, enfiei a cabeça na privada e vomitei todo o meu jantar. E, quando terminei, me sentei no chão do pequeno banheiro, esperando meu organismo voltar ao normal, enquanto sentia uma imensa vontade de chorar.

Eu só queria poder contar para os meus pais que amava o Miguel e teria um filho dele, mas tudo parecia tão complicado. Eu tinha medo da reação deles, da decepção, da raiva, da rejeição. Mas eu não podia mais esconder a verdade.

Ouvi uma batida na porta.

— Bárbara? Você está bem? — Eu ouvi a voz da minha mãe, cheia de preocupação.

— Bárbara, filha? — Era a voz do meu pai, que parecia nervoso.

— Bárbara... — Ao ouvir a voz do Miguel, eu me levantei do chão, lavei a boca e limpei os olhos borrados pelo choro e me olhei no espelho, eu estava horrível.

Abri a porta e os encontrei ali, de pé, perto do lavabo, seus olhares fixos em mim, carregados de preocupação. Era o momento da verdade. Caminhei diretamente até onde estavam meu pai e minha mãe, segurei firme a mão de Miguel, e olhei para meus pais com determinação.

— Pai, mãe — comecei, a voz firme apesar das lágrimas que insistiam em cair. — Miguel e eu temos algo importante para dizer a vocês. — Respirei fundo, buscando coragem. — Estamos esperando um bebê!

Entre Segredos e Paixões 2 - Laços do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora