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— Também estou morrendo de saudades de você, amor. Não vejo a hora de te ver — Bárbara falou com sua voz doce do outro lado da linha, em resposta ao que eu disse.

Eu sorri, com o celular encostado na orelha.

— Não se preocupe, amor. Logo vamos estar juntos novamente. Eu estava pensando em irmos passar um final de semana em algum lugar especial, só nós dois. O que acha? — eu perguntei, animado com a ideia.

Eu queria surpreendê-la, queria levá-la para um hotel fazenda, onde poderíamos aproveitar a natureza, o sossego, o romance.

Houve um silêncio na ligação. Eu estranhei, pois ela sempre se empolgava com as minhas sugestões.

— Bárbara? — eu disse, tirando o celular da orelha, enquanto entrava em casa.

Olhei para o visor, mas a ligação continuava ativa. Será que ela tinha perdido o sinal? Será que ela tinha desligado sem querer?

O dia tinha sido um pouco cansativo no trabalho, e tudo o que eu queria era chegar em casa, retirar aquele terno pesado, tomar um banho, vestir uma roupa confortável e me jogar no sofá da sala para assistir à partida do jogo entre o Fluminense e o Palmeiras. Assim que estacionei o carro na frente da casa, recebi uma ligação da Bárbara, me dizendo que estava com saudades. Já fazia alguns dias que não nos víamos, e a saudade já começava a bater na porta. Eu estava louco para vê-la, para abraçá-la, para beijá-la e fazer amor.

— Oi — ela voltou a dizer, com a voz fraca. — Desculpe, amor. É que eu senti uma tontura muito forte e de repente tudo ficou escuro.

— Bárbara, não é melhor você ir ao médico? Tem dias que você está reclamando dessas tonturas, dessas dores no estômago — eu sugeri, preocupado com ela.

Ela não estava bem, eu podia perceber. Ela andava pálida, estava um pouco inchada e vivia sem ânimo.

— Eu estou bem, amor. Não se preocupe. Deve ser porque eu acabei de vir da academia e ainda não comi nada. Eu peguei pesado hoje no treino para queimar as calorias das besteiras que comi no final de semana — tentou me tranquilizar.

— Eu espero que...

— Me solta seu desgraçado!

Parei de falar quando ouvi gritos vindo do segundo andar da casa.

— Não! Eu não paro!

Não foi difícil reconhecer a voz. Era da Ayara. E vinham da direção do seu quarto.

— Bárbara, depois eu te ligo. Acho que está acontecendo alguma coisa — me despedi rapidamente e desliguei o celular, já correndo em direção às escadas da casa, sentindo o meu coração acelerar.

No meio do caminho encontrei Marta, que vinha saindo da cozinha com a expressão assustada, também pareceu ouvir os gritos.

— Senhor Miguel, o que está acontecendo?

— Eu não sei, Marta. Vou ver o que é — respondi preocupado passando por ela.

Subi os degraus o mais depressa possível e corri até o quarto da Ayara. Assim que abri a porta do quarto dela, vi uma cena que me deixou horrorizado. Sebastian estava em cima da Ayara, na cama, imobilizando-a, enquanto ela se debatia e chorava.

Sem pensar duas vezes, eu me aproximei e o puxei de cima dela, jogando-o para longe, e puxei Ayara para os meus braços, na intenção de protegê-la. Ela recostou a cabeça no meu peito, chorando, e eu percebi que o quarto estava todo bagunçado. Coisas caídas pelo chão, roupas rasgadas, móveis revirados e até os vidros da janela estavam quebrados. Sebastian me olhava assustado, e só então eu percebi o porquê ele estava em cima dela na cama. Depois de chorar no meu peito, Ayara se desprendeu dos meus braços e avançou para cima dele, como uma fera faminta.

— Eu vou acabar com ele, Miguel! — ela dizia, descontrolada, entre lágrimas e soluços.

Eu a segurei pela cintura, enquanto ela se debatia, como um cão de briga.

— Ayara, por favor, eu posso explicar tudo, mas se acalma, Ayara — Sebastian dizia, na intenção de acalmá-la.

— Não, seu infeliz! Você vai me pagar pelo que fez! — Ayara voltou a dizer, sentida.

Sebastian me olhou, parecia constrangido, sem jeito.

— Miguel, olha, eu... — ele começou a dizer, mas eu o interrompi.

— Sai da minha casa, Sebastian! — Eu disse, firme. — Depois eu converso com você.

Ele ficou parado, olhando para Ayara, com o olhar perdido.

— Amor, eu... — ele tentou dizer, mas eu não deixei.

Eu deixei Ayara sentada na cama e avancei para cima dele, o pegando pelo colarinho da camisa. Estava com raiva, porque sabia que ele tinha feito alguma besteira, mesmo depois de eu ter avisado que se ele magoasse Ayara, ia se ver comigo.

Eu era o melhor amigo dele, mas naquele momento eu era o pai de Ayara e precisava agir como tal.

— Vai embora, porra! Depois eu falo com você! — eu gritei, empurrando-o para fora do quarto.

Ele hesitou por um tempo, e depois saiu do quarto, cabisbaixo.

Eu voltei a olhar para Ayara, e ela estava sentada na cama, chorando com as mãos no rosto, como uma criança. Quase sem forças, sem voz, sem vida. E eu a abracei forte na intenção de confortá-la.

— Miguel — ela disse, chorando. — Eu quero o meu pai, eu quero ir para a minha casa.

E essa frase acabou comigo.

Eu sabia o quanto ela sentia falta do pai em momentos como aquele.

— Shhh — eu me deitei na cama, com ela nos meus braços, dando leves palmadinhas nas suas costas, falando baixinho. — Vai ficar tudo bem, eu estou aqui. Eu estou aqui.

Ela foi se acalmando devagar, e chorou até molhar a minha camisa. Acabou adormecendo nos meus braços. Eu fiquei ali, abraçado com ela, sentindo o seu coração bater, o seu peito subir e descer, enquanto pensava no que poderia ter acontecido.

Entre Segredos e Paixões 2 - Laços do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora