O clima do bar era agradável. Era um lugar sofisticado, com uma ambientação escura, iluminada por luzes coloridas que piscavam ao ritmo da música. Havia uma pista de dança, onde várias pessoas se movimentavam, e também mesas e cadeiras, onde outras conversavam e bebiam. No balcão extenso, próximo à entrada, podíamos pedir o que quiséssemos. Felipe e eu nos sentamos em banquetas altas, de frente para o palco, onde uma banda ao vivo tocava MPB. Ele pediu uma cerveja para mim e um caipirinha para ele. Agradeci e dei um gole, sentindo o líquido gelado descer pela minha garganta. Ele tinha razão, aquele era um bom lugar para relaxar e se divertir.
Havia muitas mulheres bonitas no local, e algumas até nos olhavam com interesse. Mas eu não conseguia pensar em nada que não fosse a confusão que era a minha vida amorosa. Eu estava proibido de me aproximar da Ayara, e ainda tinha a Paola, que não me deixava em paz. Ela me ligava e mandava mensagens todos os dias, pedindo uma nova chance, dizendo que me amava, que tinha mudado. Eu já não sabia mais o que pensar daquilo tudo. Eu só queria esquecer os meus problemas, pelo menos por uma noite. Olhei para o Felipe, que sorria e acenava para uma mulher.
— Olha que delícia — Felipe disse, trocando olhares com uma mulher que estava na mesa ao lado. Ela era loira, alta e usava um vestido vermelho provocante.
— Eu não sei você, Sebastian, mas hoje não saio daqui desacompanhado.
— Por mim, você pode ficar com todas para você! Mulher só traz problemas — resmunguei, voltando a virar a garrafa na garganta. Eu me lembrava da briga que tive com a Ayara. Eu ainda sentia dor nos locais em que ela me bateu. Ela tinha força demais para uma garota. Enquanto isso, a banda começou a tocar a música "Quem de nós dois", da Ana Carolina. Era uma música romântica, que falava sobre o amor e a separação. Eu não queria ouvir aquilo, me fazia pensar na Ayara e na Paola e em tudo o que eu tinha perdido.
"Eu e você Não é assim tão complicado Não é difícil perceber Quem de nós dois Vai dizer que é impossível O amor acontecer..."
Felipe deu um gole longo na sua bebida, uma caipirinha de limão, e balançou a cabeça, se aproximando do meu ouvido. Ele falou em tom de brincadeira.
— Tenho um amigo que começou a falar esse tipo de coisa antes de se assumir gay — ele disse, zombando.
Eu não aguentei e ri.
"Se eu disser que já nem sinto nada Que a estrada sem você é mais segura Eu sei, você vai rir da minha cara Eu já conheço o teu sorriso Leio o teu olhar Teu sorriso é só disfarce E eu já nem preciso, é..."
— Você não consegue levar nada a sério, não é Felipe?
— Claro que não, irmão — ele disse voltando a olhar para a mulher dando uma piscadela e um beijinho. — A vida é muito curta para ficar por aí sofrendo por amor.
Bem... nem sempre Felipe foi aquele homem mulherengo e irresponsável. Teve uma época em que ele esteve apaixonado, mas os pais da moça eram muito rigorosos e ele não aguentou tanta cobrança, decidindo largar seus sonhos românticos por transas sem compromisso. Eu me distraí apreciando a música e a cerveja, que já começava a me deixar relaxado, quando comecei a cantar um trecho da música:
"Não é que eu queira reviver nenhum passado Nem revirar um sentimento revirado Mas toda vez que eu procuro uma saída Acabo entrando sem querer na tua vida..."
Assim que terminei de dizer a frase da música "acabo entrando sem querer na tua vida", meus olhos se voltaram para a entrada do bar, onde uma figura familiar me chamou a atenção. Era uma garota que se parecia muito com a Ayara. Ela vestia um vestido azul que realçava seu corpo, deixando-a mais madura. Seus cabelos negros e lisos tinham os mesmos reflexos que ela havia feito, e eles caíam sobre seus ombros como uma cascata de seda. Seu rosto estava iluminado por uma maquiagem discreta, que destacava seus olhos escuros e seus lábios carnudos. Ela era tão bonita que todos os homens do bar a olhavam com desejo, sem se importar com suas companhias.
Eu pisquei os olhos, tentando afastar a ilusão. Será que eu estava tão apaixonado pela Ayara que a via em toda parte? Ou será que era a cerveja que já estava fazendo efeito, mesmo que eu só tivesse tomado uma? Eu dificilmente ficaria bêbado com uma cerveja. Ela parecia animada, olhando o local como se fosse sua primeira vez ali, admirando a decoração rústica e o clima descontraído do bar. E então, ela olhou para o lado, comentando algo com alguém que foi impossível não reconhecer. Era alto, loiro e tinha um sorriso charmoso que atraía os olhares de praticamente todas as mulheres presentes. Era o Derek. O que ele estava fazendo ali com ela? Com a minha Ayara?
— Olha, brother — Felipe me cutucou com o cotovelo e apontou para a entrada, para onde eu já estava olhando com incredulidade e raiva — Não é a Ayara? Parece que ela já te superou, hein?
Senti uma pontada de ciúme e dor no peito, como se alguém tivesse me esfaqueado. Como ela podia estar com ele? Como ela podia ter me esquecido tão rápido? Eu ainda a amava, mesmo depois de tudo o que aconteceu. Eu queria muito me levantar dali, ir até ela, pegá-la pela cintura e jogá-la nas minhas costas, sair com ela dali feito um homem das cavernas e levá-la longe daquele canalha. Mas eu não podia, eu tinha que obedecer, eu tinha que ficar longe dela, por mais que doesse. Dei um gole na cerveja e ela desceu como um cacto na minha garganta enquanto eu olhava aqueles dois, sentindo o mais puro ódio me consumir, enquanto me culpava por ter perdido a minha menina, e agora ser obrigado a vê-la com outro.
Eles caminharam até o bar e o barman os serviu com rapidez e simpatia. Ayara pegou um drink colorido com um guarda-chuvinha e uma fatia de abacaxi na borda, e Derek, alguma garrafa de Vodka. Sentaram-se nas banquetas próximas ao bar e começaram a conversar; Ayara parecia animada, rindo e de vez em quando dava uns tapinhas nele, como se ele fosse o cara mais engraçado do mundo.
Fiquei imaginando que tipo de coisas eles estavam conversando: se era sobre o trabalho, sobre a vida, sobre mim. Será que ela já tinha esquecido de tudo o que vivemos juntos? Será que ela já tinha me substituído por aquele idiota? A vontade de interromper a conversa deles era quase irresistível. Queria dizer a ela que ainda a amava, que desejava tê-la de volta, que eu era a escolha certa. Raiva e ciúme tomaram conta de mim, e com um gesto brusco, coloquei minha garrafa de cerveja no balcão e me levantei, determinado a acabar com aquela situação de uma vez por todas.
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Entre Segredos e Paixões 2 - Laços do Coração
RomanceAyara Arantes, vive seu tão desejado sonho de relacionamento perfeito. A vida parece vibrante e repleta de cores e alegria. No entanto há segredos estão sendo mantidos nas sombras, girando silenciosamente em seu entorno. Quando esses segredos finalm...