Pov_Freen
Vamos ser diretas. Nita, o que você realmente quer? - falo já me sentando na mesa da cafeteira atrás da empresa. Assim que larguei, vim direto para casa depois que a Becky me deixou no trabalho. Eu ainda tinha alguns minutos, então aproveitei para ligar para Nita. Ela disse que não teria nada para fazer e que poderíamos nos encontrar ainda hoje. Sem perder tempo, mandei o endereço da cafeteira onde sempre comprava o chá da Becky.
- Sente, por favor, vamos conversar.
- Pronto, pode começar falando. - digo impaciente.
- Você está diferente da última vez que nos encontramos, você não era assim.
- Não estou aqui para papo furado de como eu mudei. Estou aqui para saber o que vocês querem com minha filha.
- Tudo bem, vamos pelo menos pedir algo para beber.
- Eu estou bem, obrigado. - Ela sinaliza com a mão chamando um atendente e pede um café para ela.
- Bom, vamos lá. Eu quero conhecer a Ploy.
- Por que isso e por que agora?
- Porque ela é minha filha e porque só agora eu percebi o erro que cometi.
- Isso ainda não me explica nada, Nita.
- Eu não posso mais ter filhos - ela fala de uma vez, me deixando de boca aberta. Eu esperava tudo, menos isso.
- Que? - Falo no automático e ela deixa seus ombros caírem.
- Chama-se infertilidade secundária. Eu não posso mais ter filhos, ou melhor, eu não consigo. Freen, se você quiser, posso te mostrar todos os meus exames. Ploy é e vai ser a única filha que tem meu sangue.
- Sinto muito por você - digo sinceramente - mas não posso obrigar minha filha a querer conhecê-la ou ter que te aceitar como mãe, sendo que você nem a queria e ela nem te conhece. Vou falar com ela, mas não te garanto nada. Nita, isso é tudo que posso te oferecer.
- Tudo bem, Freen. Obrigada de verdade mesmo.
- Agora tenho que ir - me levanto sem me despedir e sem deixar que ela faça o mesmo. Ao lado de fora, encontro os dois seguranças que parecem mais um guarda-roupas, e a outra está dentro do carro.
- Está tudo bem, Srta. Sarocha? - o moreno de cabelos cacheados me pergunta.
- Está sim.
- Ok, vamos? - ele pergunta e franzo o cenho sem entender. Ele parece perceber, pois trata logo de me responder - A Sra. Armstrong falou para lhe levar onde você quisesse ir - ele diz, abrindo a porta do carro para mim. Vejo a ruiva no volante com a cara de poucos amigos.
- Tudo bem então - concordo e entro no carro. Passo meu endereço para eles, porém eles dizem que não precisa, pois já têm.
No momento em que abro a porta de casa, sinto meu coração ficar quentinho. Ploy e Becky estão sentadas no sofá assistindo Barbie e tomando sorvete, cantando a música que está passando. As duas se viram para mim e vejo o sorriso delas morrer aos poucos, pois sabem muito bem que eu não deixo a Ploy comer besteira à noite.
- Foi a tia Becky, mamãe - minha filha é a primeira a se pronunciar e Becky olha para ela incrédula.
- Mas foi você que pediu.
- Mas eu sou criança, a senhora, quem é a adulta aqui.
- Eu não quero saber de quem é a culpa, já falei várias vezes que você não pode comer besteira à noite, coelhinha.
- Eu sei, mamãe. Desculpa.
- Desculpa, Freen, eu não deveria ter dado.
- Vou deixar passar dessa vez. - Tiro meus sapatos, deixando ao lado da porta, e vou em direção a elas no sofá. - Cadê a Nam?
- Ah, hoje vim mais cedo, pois não tinha nada para fazer na empresa. Aí falei que ela poderia ir e que ficaria com a Ploy até você chegar.
- Ah, ok. Me dá um pouco desse sorvete. - Abro a boca, esperando ela me dar um pouco do sorvete.
- Ploy, filha, a mamãe quer falar com você. - Chamo a atenção dela.
- O que foi, mamãe? - Faço sinal com a mão, chamando-a para se sentar no meu colo, e ela vem.
- Você lembra quando me perguntou o porquê de seus amigos da escola terem um pai, uma mãe, ou duas mamães e dois papais, mas você não? - Pergunto, sentindo meu coração se apertar ao vê-la concordar com a cabeça.
- Sim, mamãe, você falou que minha outra mãe não queria saber da gente e foi embora.
- Sim, isso mesmo, meu amor.
- Então, o que foi, mamãe?
- Bom... ela voltou e quer te conhecer. Vejo seus olhos se arregalarem. Mas você não precisa fazer nada que não queira.
- Então, eu não quero. Se ela não me quis antes, por que vai me querer agora? Se for para ter outra mamãe, eu prefiro que a tia Becky seja minha outra mamãe. Agora, sou eu que arregalo os olhos. Do outro lado do sofá, vejo o sorriso enorme que a Rebecca tem no rosto.
- Meu amor, não é assim que as coisas funcionam. Por que não tenta pelo menos dar uma chance? Ou só conheço ela depois que você a conhecer e mesmo assim não quiser, tá tudo bem. Não vou obrigar você a nada.
- Tá bom então, mamãe. - abraço minha filha, apertando-a em meus braços. Não achei que ela cederia tão fácil, mas a Ploy é bastante compreensiva.
- Eu te amo, minha coelhinha.
- Eu também te amo muito, mamãe.
- Agora pode passar para escovar os dentes e ir para cama, amanhã você tem aula, mocinha. - ela se levanta e some do meu campo de visão.
- Então, como foi a conversa com a Nita? - Becky foi a primeira a quebrar o silêncio e se aproxima de mim, a cabeça em meu ombro.
- Foi bem, ela só me pediu para conhecer a Ploy.
- Depois de anos, ela vem querendo conhecer a Ploy assim do nada?
- Ela me falou que não poderia ter mais filhos e me pareceu que ela estava falando a verdade. Ela falou que se eu quisesse, me mostraria os exames.
- E você acreditou?
- Me pareceu que ela estava sendo verdadeira, mas não precisa se preocupar. No primeiro sinal de perigo, eu afasto ela da minha filha. Além do mais, agora tem também os seguranças que você contratou.
- Se você diz - ela dá de ombros e viro meu rosto para fitá-la.
- Eu confio em mim, vai ficar tudo bem.
- Eu confio em você, só não confio nela - ela diz com a cara emburrada, me fazendo sorrir, beijo seus lábios e no mesmo instante a Ploy chega na sala para dar boa noite. Eu e Becky recebemos um beijinho na bochecha de boa noite e corre para seu quarto junto com o Fuflly.
- Eu vou preparar algo para você comer enquanto você vai indo tomar banho. O que me diz? - Becky pergunta
- Eu acho maravilhoso.
- Então pronto, passe para o banho, mocinha, que eu vou fazer algo para comer. - Não a questiono, apenas faço o que ela mandou, indo direto para o banho.
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Boa noite, pessoal! Como vocês estão? Espero que tenham gostado do capítulo.
Vocês acreditam nesse papo da Nita?
Beijo até o próximo!
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Amores Inesperados: FreenBecky
FanfictionSinopse Freen é intersexual e foi abandonada com sua filha recém-nascida por sua melhor amiga, Nita. Elas sempre foram amigas, mas Freen nutria outros sentimentos além da amizade por ela. Por isso, em uma noite de bebedeira, acabaram dormindo juntas...