Cap_37

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Pov_Becky

É sufocante olhar para uma pessoa que é feliz, agitada, que quase não para quieta, estar deitada, dormindo, por dias. É agonizante demais estar perto e ela não reagir a nada. Faz dois dias que Freen está assim; ela não reage a nada. Nam e eu estamos enfrentando uma barra com tudo isso; as marcas escuras nos nossos olhos denunciavam nossas noites mal dormidas, e eu, mais ainda, por tentar ser forte. Sei que o médico disse que o "pior" já passou, mas vê-la assim é horrível. De tanto insistir, o médico permitiu que eu ficasse no quarto dela. Nam já veio ver e chorou bastante quando viu a Freen. Ainda não conseguimos entrar em contato com a Nita; já fomos à delegacia e fizemos o boletim de ocorrência. A polícia já está atrás dela por ter sequestrado a Ploy, porém ela ainda não entrou em contato. Não sabemos o que ela de fato quer fazendo isso.

Aqui, sentada na poltrona ao lado da Freen, na cama com nossas mãos entrelaçadas, acaricio sua pele quente. A observo dormir tão profundamente. É como se em sua cabeça nada estivesse ocorrendo, como se tudo fosse bom em seus pensamentos. Sua cara é plena; apesar dos machucados, ela é tão linda.

Meu celular começa a vibrar e, quando observo o número desconhecido na tela, digo:

- Alô?

- Oi, Srta. Armstrong, sou eu, o detetive que a assessora contratou. Tenho novidades. Será que podemos nos encontrar? - Com tudo que vem acontecendo, tinha esquecido dele.

- Claro, vou te passar um endereço para nos vermos ainda hoje. - Passo o endereço de uma cafeteria que tem aqui em frente ao hospital. Não quero sair de perto da Freen e deixá-la sozinha por muito tempo, até porque Nam não está aqui; foi para casa ver se conseguia descansar.

Espero um tempo e desço até a cafeteria. Posso ver que o detetive já se encontra na mesa.

- Espero que tenham realmente conseguido algo importante?

- Aí vai depender da senhora, se acha importante ou não.

- Bom, vamos direto ao ponto. Ele leva o café aos lábios, dá um gole, limpa a garganta e começa.

- Bom, a senhora me pediu para investigar ela e não achei muita coisa. Descobri que a história de que ela não pode ter filhos é mentira. Três anos atrás, ela ficou grávida antes de casar com seu atual marido, mas ela abortou em uma clínica especializada. Isso foi dois anos depois de ela ter saído da Tailândia. Freen me contou que, assim que ela deu à luz a Ploy, ela sumiu. Ela voltou à Tailândia três dias antes da inauguração da sua empresa. Nesses dias em que eu estava na cola dela, ela se encontrou com a sua mãe.

- Eu não consigo acreditar que minha mãe chegaria tão baixo a esse ponto.

- Tem certeza disso? - pergunto, implorando para que não seja verdade.

- Tenho até provas. Ele me entrega um envelope amarelo e me incentiva a abrir. Com a ajuda de meus contatos, fiquei sabendo que, no mesmo dia em que ela chegou à Tailândia, sua mãe foi buscá-la no aeroporto. No envelope, há fotos delas conversando na casa da minha mãe. Depois disso, elas se viram poucas vezes. Já fazem dois dias que não consigo mais rastrear a Nita; ela pediu as contas no hotel e parece que voltou para a Inglaterra. A ficha de que minha própria mãe está envolvida nisso ainda não caiu. Agradeço.

- Quanto você quer para continuar investigando? Ela sequestrou minha enteada e já tem dois dias. A polícia, até agora, não conseguiu nada.

- Vou precisar de uma foto da menina e dos dados dela, nome completo. Passo para ele tudo o que me pediu e envio uma foto da Ploy pelo telefone.

- Espero vê-lo o mais rápido possível - falo quando já estamos fora da cafeteria.

- Vou fazer o possível para achá-la, lhe prometo, Srta. Armstrong. Volto para o hospital, entro no quarto da Freen com o coração apertado por saber que a culpa de tudo isso está acontecendo é minha. Se ela não tivesse me conhecido, não estaria aqui, e a Ploy estaria com ela, mesmo ainda não tendo certeza de que foi ela que teve alguma relação com o acidente da Freen.

- Me desculpa - sussurro, beijando sua testa. Sinto uma lágrima solitária escorrendo pela minha bochecha. Passo a mão em meu rosto para enxugar a lágrima e saio do quarto.

- Não saia daqui por nada, já já a Nam está chegando - falo para Yasmin, que está na porta do quarto. O Gabriel estava aqui ontem, hoje é ela, e amanhã é o Henrique.

Avisto meu carro no estacionamento do hospital, vou até ele, entro e sigo para a casa dos meus pais logo em seguida. No momento em que chego lá, vejo o motorista da minha mãe abrindo a porta do carro para que ela entre. Saio às pressas do meu carro para chegar até ela.

- Indo encontrar a Nita, mãe? - pergunto quando chego ao lado do carro e vejo seu rosto espantado em surpresa.

- Que? - pergunta, fingindo não saber do que estou falando.

- Não precisa mentir, mãe, eu já sei sobre a senhora e a Nita. - Jogo as fotos em sua direção. Ela olha para as fotos, surpresa, mas logo seu rosto volta ao normal. - Nunca pensei que desceria tão baixo assim. O papai sabe disso?

- Não sei do que você está falando, Rebecca. Nita e eu somos amigas. A única coisa que essas fotos mostram são duas amigas conversando, nada demais.

- Ah, então vai me dizer que vocês não têm nada a ver com o acidente da Freen e nem com o desaparecimento da Ploy?

- A sua namorada sofreu um acidente? - pergunta, cínica.

- Vai dizer que não soube disso e ainda mais em frente à sua empresa? Me poupe, mãe! Eu quero saber onde a Nita levou a Ploy ! - falo, contraindo o maxilar.

- Não sei, Rebecca. A última vez que falei com a Nita foi sobre um evento beneficente que vai acontecer daqui a alguns dias.

- Eu sei muito bem que tem dedo seu em tudo isso, mãe, e quando eu descobrir, pode ter certeza de que não vai ficar assim.

- Olha como você fala comigo! Sou sua mãe, Rebecca. - Saí de lá com os punhos cerrados, deixando-a falando sozinha.

Eu estava tão cansada, tanto emocionalmente quanto fisicamente, que pedi para a Nam passar essa noite com a Freen e fui para a casa da minha namorada. A casa não era a mesma sem minhas meninas; as luzes apagadas, o Fuflly estava deitado na sua caminha, todo encolhido. Ele só levantou os olhos, mas quando viu que não era nenhuma das suas donas, abaixou o olhar novamente. Tirei os sapatos e me deitei no sofá, me entregando ao choro. As lágrimas desciam pelo meu rosto até que senti o Fuflly subir no sofá e se deitar ao meu lado. Chorei ainda mais; as lágrimas não cessavam. Me sentia sufocada. Minhas mãos tremiam, meu corpo doía.


Tudo passou rápido demais, desde o acidente da Freen até o sumiço da Nita com a Ploy. Já fazem 10 dias que a Freen está em coma; está sendo um sufoco, doendo como nunca e acabando com todo o meu emocional, não só o meu, como o da Nam também. Foram dez dias de muito choro e noites sem dormir. Foram dias que me sugaram tanto que penso que não vou aguentar mais.

Hoje, mais uma noite sem notícias da Ploy. Sentada na poltrona ao lado da maca, onde a Freen está, seguro suas mãos e, com os olhos fechados, peço em pensamentos para que esse pesadelo acabe.

- Baby... - ela abriu os olhos e pude ouvir sua voz. Foi quase inaudível, mas quando ouvi o som da voz da Freen, meu corpo entrou em transe, tanto que não consegui reagir. Me emocionei, saindo do transe, gritei aos médicos e até às enfermeiras.

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Boa noite, pessoal! Como vocês estão? Me falem o que acharam do cap.

Ainda sem notícias da nossa menina Ploy. Nossa Bebec tá muito mal.

A Freen já acordou, pelo menos uma notícia boa.

Beijo, até o próximo!

Amores Inesperados: FreenBeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora