Acordo com o Diabo!

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Shammuel

- Não, por favor! - o grito de dor ecoa pela casa.

- Cale a boca sua puta! - a voz do homem saiu como um rosnado e ouvi um estalo alto e mais gritos desesperados.

Meus olhos ardem com as lágrimas que escorrem por meu rosto e meu corpo treme de medo. Saio do meu esconderijo dentro da cozinha e caminho até a porta velha de madeira. Sinto meu corpo tremer mais a cada passo que dou, a cada grito que ouço.

Quando olho pela fresta da madeira ao lado da porta, meus olhos arregalam e sinto o ar ficar preso em minha garganta ao ver o que ele faz com ela. Ela está amarrada, nua, com os braços e as pernas muito abertos, gritando e chorando agoniada, enquanto ele enfia a mão dentro dela e, quando retira a mão, vejo sangue, muito sangue.

"Ele a matou, matou minha mãe!"

Levo as mãos até a boca, tentando controlar meus soluços para não fazer barulho, sentindo meu peito doer ao ver o corpo dela ficando imóvel e tendo a certeza que dessa vez ele a matou.

Ao olhar para o rosto do homem, vejo seus olhos vidrados em minha direção.

"Ele me viu!"

Temendo que ele venha me pegar para fazer o mesmo e engulo em seco, me preparo para correr, quando ele se levanta e rosna vindo em direção a porta.

Forço minhas pernas pequenas e trêmulas, e corro até o quarto de Dabby. Bato na porta desesperado, pedindo para entrar, mas pelos gemidos dela, sei que ela não vai abrir, ela está trabalhando.

O homem abre a porta do quarto e rosna me ordenando que vá até ele, mas eu sei que não devo ir, mamãe me mandou ficar longe quando eles estivessem aqui, então eu corri para fora, o mais rápido que minhas pequenas pernas conseguiam.

O homem me persegue e grita para que eu pare e por duas vezes ele quase me alcança, eu tenho apenas sete anos e as pernas dele são muito maiores que as minhas, mas mamãe me disse que sou o homem mais rápido que ela conhece, então forço mais minhas pernas, mesmo sentido queimarem conforme corro e minha respiração falhar, me sufocando.

Ao virar a esquina caio com força no chão sentindo a pele do meu joelho rasgar e as lágrimas saírem junto dos meus gritos. Ouço sua risada diabólica perto de mais e rapidamente me levanto, e tento correr, mas sua mão agarra minha camiseta e sou puxado para trás, caindo novamente no chão com brutalidade.

Grito pedindo ajuda, mas ninguém para para me socorrer. Ele me vira e agarra meus braço me forçando para cima, seus olhos estão em chamas, e em sua boca há um sorriso diabólico.

-- Te peguei filho da puta...

...

Abro meus olhos e pisco diversas vezes tentando me acostumar com a claridade do lugar e fito o teto branco tentando fazer com que minha mente confusa saia do pesadelo e se recorde de onde estou. "Não estou mais naquela casa e não sou mais aquela criança!", suspiro acalmando meu coração frenético, que bate como se eu realmente tivesse corrido até aquele desgraçado me pegar.

Não entendo porque, depois de tanto tempo essa memória voltou, me levando novamente a minha infância de merda, cheia de medo, podridão e gritos, que eu havia apagado da minha mente.

Olho ao redor e percebo que estou em um quarto de hospital e recordo o porque estou ali.

"Giovanna atirou em mim!",

Fecho os olhos novamente sentindo minha cabeça doer, assim como meu peito. Levei minha mão onde o tiro rasgou minha carne e senti minha a dor pulsar, assim como minha cabeça, a cada bipe que os malditos aparelhos ao meu lado dão me deixando impaciente.

Consigliere - Renda-se ao Prazer...Onde histórias criam vida. Descubra agora