O culpado de tudo!

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Shammuel

Quando Catarina me informou que Hanna havia sido sequestrada senti algo em mim que pensei que nunca mais sentiria, medo!

Um sentimento primário e inútil que eu havia esquecido a muitos anos, assim como os outros, que eu achava serem uma perda de tempo ao serem sentidos.

Depois que minha mãe morreu, eu morri junto com ela e dentro de mim só restou o desprezo e o desejo de vingança, o que foi essencial para a minha sobrevivência, quando fiquei sozinho e fui jogado naquele poço infernal!

Shammuel 12 anos.

Despois que sai da casa onde o corpo eviscerado de minha mãe ficou, voltei para a gangue ao qual fazia parte, mas cinco meses depois fomos emboscados e apenas dois sobreviveram, eu e Vicente, que ficou tetraplégico!

Então, fiquei sozinho mais uma vez!

A carta ainda estava no meu bolso, queimando como brasa, um lembrete diário da promessa de vingança que eu tinha que cumprir antes de morrer! Prometi vingar a mulher que me pariu e tentou me criar, mesmo em meio a todo aquele caos e iria cumpri-la, custe o que custar!

E me vinguei, não imediatamente como eu queria, mas anos depois. Assim que saí do presídio, arranquei a cabeça dequeles filhos da puta com minhas próprias mãos.

Aos doze anos, fui burro o suficiente para ir até Conell, imaginando que talvez ele me ajudasse na minha vingança. Ele era o homem que, achei, iria me receber como um filho, como minha mãe escreveu naquela carta.

O quão ingênuo eu era!

Fiquei a espreita dele por alguns dias, sondando a vida de rei que ele levava, em uma casa luxuosa, esposa troféu e uma filha perfeita e mimada, da mesma idade que a minha. Mas ele me pegou e me encurralou quando me distrai por um momento.

- Quem é você e o que quer comigo? - ele rosnou quando me prendeu na parede com seu braço em meu pescoço me sufocando.

- Mi... miri... an! - balbuciei tentando falar enquanto o ar se esvaia de mim.

- O que disse? - ele me soltou em choque e eu cai como um saco de merda aos seus pés. - Mirian? Ela mandou você?

Entreguei a carta a ele que pegou rapidamente, enquanto eu tentava tragar ar para meus pulmões que queimavam e haviam se esquecido como funcionavam.

- Acha que vou acreditar nisso? - ele riu incrédulo - qualquer pessoa pode forjar um teste de DNA!

Olhei para ele com raiva queimando meu peito, eu sabia que com aquela vida boa que ele levava acharia que as pessoas só se aproximavam atrás  do seu dinheiro!

- Tanto faz, não preciso dessa merda! - rosno com raiva e me levanto meio trôpego, com meu cérebro tentando voltar a funcionar.

Alterno o peso de um pé para o outro e obsevo os brutamontes nos quatro cantos da garagem onde ele me enfiou e dou um passo para a porta, mas um deles se possiciona na frente esperando o chefe deles autorizar a minha saída.

Voltei meu olhar para ele e franzi a boca quando percebi algo em seu olhar, era sádico e cruel, será que me ferrei e ele vai abusar de mim? Era só que me faltava, puta merda!

- O que está acontecendo aqui, Conell Messina?! - a voz fina ecoou pela garagem silênciosa e virei meus olhos para ela. Era a esposa!

- Só estamos conversando querida! - ele riu e voltei meu olhar para ele,  confuso com seu tom que mudou de raivoso para suave em alguns segundos.

Consigliere - Renda-se ao Prazer...Onde histórias criam vida. Descubra agora