Mayday

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1 de Maio de 2031

Ponto de vista de Layla

Entrei no quarto da Moon para dar a sua injeção diária, como em qualquer outro dia.

Moon: dance comigo.

Eu a olhei confusa.

Moon: vamos dançar tango em sonhos destroçados. Não me dê a injeção ainda, não me deixe dormir, porque eu não quero me atrever a acordar.

Ela encarou a janela.

Moon: será que minha mente teria finalmente perdido o rumo? Toda essa bagunça não parece ser real.

Ela se deitou de barriga para cima encarando o teto.

Moon: deite-se comigo. Vamos cair de parquedas e vamos ficar bem. Minha querida amiga, meu doce cianeto.

Ela olhou para mim.

Moon: talvez esses sejam meus pedidos finais. Foda-se o S.O.S. Poupe as ondas de rádio, porque não podemos ser salvas.

Ela se levantou, me puxou pela mão e começou a caminhar comigo pelo cômodo.

Moon: caminhe comigo pelos escombros da minha mente bagunçada, vamos dar um passeio. Vamos deitar em um campo de flores e permanecer ali nos auto sabotando.

Ela me soltou e encarou a tela onde Jinks costuma aparecer.

Moon: MAYDAY! MAYDAY! Você me entende?! Eu estou me sentindo incompleta no pequeno mundo que você fez para mim! MAYDAY! MAYDAY! Você pode me escutar?! Porque eu estou em contagem regressiva e não consigo ficar mais um segundo perto de você!

Ela se jogou de joelhos no chão e continuou encarando a tela.

Moon: não há mais tempo para você e eu, isso é um adeus!

Acho que as injeções estão fazendo efeito... Elas e o isolamente 24 horas por dia. Eu me sinto extremamente impotente agora.

Ponto de vista de Moon

27 de Abril de 2012

Quando eu tinha sete anos, foi quando o Sam começou a perceber a forma que o Jinks me tratava. Ele tentava me ajudar? Não. Ele aproveitava que o Jinks não se importava comigo e me maltratava porque sabia que sairia impune. Ele estava sempre jogando coisas em mim toda vez que eu passava. Esperava eu montar uma torre de blocos só pra poder derrubar. Ele roubava meus doces e nem comia, só jogava no chão e pisava para me ver chorar. Eu até gritava com ele de volta e o ofendia ou empurrava, mas ele nunca parecia surpreso.

Quando o Thi acabava vendo e chamava atenção dele, ele me entregava alguma maçã ou algo do tipo, mas isso não era um pedido de desculpas de verdade. Não importa se ele me desse um caramelo ou um chiclete, tudo vindo desse garoto era amargo pra mim.

Jinks: você vai mesmo se estressar com um menininho de cinco anos? Achei que você fosse uma menina grande, Moon, mas está se comportando como uma bebêzinha. Acho que você é uma bebêzinha.

Do que você sabe, Jinks? Você não é meu pai, eu não sou sua filha e você estava transformando o Sam em uma pessoa insuportável deixando ele se comportar assim.

Eu sabia o alfabeto, mas continuavam me explicando como se eu não soubesse, foda-se a alfabetização do homem problemático e seu filho mimado. O Sam se achava mais inteligente do que eu com toda aquela poesia ruim dele. Foda-se o alfabeto inteiro que ele escrevia.

Bem, agora eu sou uma adulta e o Sam é um cadáver. Acho que eu cresci mais do que ele, afinal. Não preciso mais lutar pela aprovação de um velho careca enquanto ele permite que o filho esquisito dele me atormente com suas brincadeiras de mau gosto.

A Guerra por ArmystOnde histórias criam vida. Descubra agora