Frio

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24 de Julho de 2021

Ponto de vista de Fraizer

Era nosso último dia em Wesea, no estado de Magnolia antes de mudar de estado. Estávamos fora de casa há 24 dias e sobrevivendo como podíamos. Estávamos aos poucos aprendendo tudo. Eu e Star tocávamos de vez em quando nas praças da cidade, e hoje era nosso show de despedida antes de ir pra estrada. Estávamos a caminho do show no carro do pai do Star.

Star: as pessoas dizem coisas tão estranhas pra nós dois, concorda?

Eu: sim, elas dizem que vamos ser a próxima novidade na música de Armyst, que vamos ser famosos e que nunca vão nos esquecer, mas se soubessem a nossa história... Iam arrastar nossos nomes na lama. Qualquer coisa é motivo de queda pra quem é famoso. Essa era da internet é muito esquisita.

Star: quem não ia querer ouvir a história das crianças odiadas pelos próprios pais? Soltos no país, vivendo adoidados até escolher seus vícios favoritos.

Eu: é, eu fico cansado de bancar o bonzinho.

Chegamos na praça onde aconteceria o nosso show e começamos a montar os equipamentos. Acho que Star percebeu que eu estava nervoso, e eu realmente estava. Mesmo há dias cantando eu ainda ficava nervoso antes dos shows.

Star: só fecha os olhos enquanto canta, não fica com medo.

Ele me entregou uma garrafa meio vazia de vodka.

Star: toma um pouco disso pra se soltar.

Eu: eu só tenho catorze anos. Você tem quinze, larga isso.

Star: eu vivo rápido e devo morrer jovem, tá equilibrado. Somos os melhores, mesmo. Armyst vai lembrar de nós.

Eu: lembrar da história das duas crianças odiadas pelos próprios pais? Eles só vão nos chamar de drogados ingratos. Eu tô me sentindo fraco, acho que tô pensando demais.

Eu saí de perto do Star e fui me sentar atrás de uma barraca da praça para me acalmar um pouco. Eu estava tendo uma crise de pânico, taquicardia, estava ofegante. Star estava me procurando, até que finalmente me encontrou ali.

Star: o que houve? A gente tem que tocar daqui a pouco.

Eu: deixa eu ficar escondido aqui no fundo da barraca, me diz quando o show acabar. Não sei se eu consigo tocar essa parte por mais tempo...

Eu agarrei meus joelhos em posição fetal.

Eu: eu não sei se é certo viver assim, mas as pessoas sempre dizem "pelo menos você nasceu rico e as pessoas escutam sua música".

5 de Maio de 2031

Ponto de vista de Moon

Sinto que o inferno está se erguendo e meu cabelo está arrepiando, me sinto preparada para o pior. Isso tudo é tão assustador, certeza que meu rosto está bem pálido, mas não sei, não tem espelho aqui e eu não me vejo há mais de uma semana. É um medo que não dá para reverter.

Ainda estou esperando alguém me ajudar. Minhas mãos tremem e minha mente parece um nevoeiro que provavelmente nunca vai se limpar. Eu ouço vozes e barulhos estranhos que persistem mesmo se eu cobrir meus ouvidos.

Eu não tenho comunicação com o mundo externo e isso está me deixando em pânico. O silêncio é alto demais. As luzes às vezes piscam e quando tudo fica escuro aparecem monstros maiores do que eu consigo controlar.

A porta se abriu e Layla entrou para me dar a minha injeção diária. Eu estava sentada em posição fetal na parede abaixo da janela. Eu queria que aqueles arames me puxassem para fora, mesmo que me furassem.

A Guerra por ArmystOnde histórias criam vida. Descubra agora