O encontro sob a chuva 🍂

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"Que doce som de prata faz a língua dos amantes à noite, tal qual música langorosa que ouvido atento escuta"
- William Shakespeare

"Que doce som de prata faz a língua dos amantes à noite, tal qual música langorosa que ouvido atento escuta"- William Shakespeare

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Henry Blackwood

Enquanto caminhávamos pelas ruas escurecidas de Mayfair em busca de abrigo, observei Catherine com um olhar que misturava admiração e o deleite cínico de um homem acostumado a avaliar as mulheres como faria com um bom vinho. Ela era uma visão, mesmo em meio ao caos da tempestade. Seus cabelos, de um caramelo intenso, agora encharcados, moldavam-se ao rosto de forma que até a mais virtuosa das damas teria inveja. Os olhos, de um castanho claro que lembrava mel sob a luz, carregavam uma intensidade que contrastava deliciosamente com o abatimento que ela tentava mascarar.

Seu vestido, agora totalmente molhado e colado ao corpo, revelava cada curva com uma honestidade que eu não imaginava ver em uma jovem de sua estirpe. A chuva tinha, de certo modo, feito um favor a mim, destacando a beleza que a moda decente da sociedade tenta esconder. A água escorrendo pela seda era um espetáculo à parte.

- É raro encontrar uma dama que se apresente de maneira tão... translúcida - comentei, com um toque de provocação. - Mesmo em um estado tão deplorável, senhorita Pembroke, há algo de... singular na sua postura. Um homem, se não for cuidadoso, poderia achar impossível desviar o olhar.

Ela virou-se para mim com um sorriso de desdém, um que eu normalmente veria em damas com muito mais experiência em lidar com cafajestes.

- Ah, é claro. E, sem dúvida, é do olhar de um canalha que eu preciso para melhorar minha noite. Embora, devo dizer, senhor Blackwood, que sua dificuldade em desviar o olhar não é exatamente uma novidade para qualquer uma que conheça sua reputação.

Seu sarcasmo era um tapa na cara, e eu tive que soltar uma risada curta.

- A senhorita é de uma franqueza incomum. É um prazer raro encontrar alguém que, como eu, não se deixe abater pela... moralidade. - Inclinei-me um pouco mais próximo, apenas para provocar. - E, devo dizer, suas palavras mordazes só acrescentam ao seu encanto.

Ela arqueou uma sobrancelha, o brilho desafiador em seus olhos agora era ainda mais evidente.

- Um libertino que se diverte com a desgraça dos outros? Que original, senhor Blackwood. Imagino que, ao se deparar com uma dama frágil, o senhor encontre um prazer ainda maior ao descobrir que ela não desmaiará aos seus pés.

- Muito pelo contrário - repliquei, sorrindo. - Prefiro mulheres com alguma... substância. Aquelas que sabem dar uma resposta à altura, sem medo de se molhar, por assim dizer.

- Bem, temo que o senhor vá se decepcionar. Não sou dada a esse tipo de... gratificação.

Antes que eu pudesse responder, a chuva começou a diminuir e o frio tornou-se mais tolerável. Encontramos nosso caminho até uma pequena taverna, um local pouco apropriado para uma dama, mas o alívio era inegável. Catherine e eu entramos, e a luz quente do interior nos envolveu como um alívio após a tempestade.

O Libertino e a Dama Indomável Onde histórias criam vida. Descubra agora