O libertino e o noivo desprezível 🍂

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"A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõem"
- William Shakespeare

"A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõem"- William Shakespeare

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Henry Blackwood

A chuva estava implacável naquela tarde, e eu vagava pelas ruas de Londres como um fantasma. A umidade penetrava até os ossos, e o cheiro da cidade misturado com a água da chuva não era exatamente o que eu chamaria de agradável.

Procurava um novo bordel para me entreter, uma tarefa que nunca me desanimava. Meu status de libertino me permitia explorar os recantos mais obscuros da cidade, e, como sempre, a busca por um novo local de diversão era uma aventura em si mesma.

Enquanto passava por uma área mais nobre da cidade, deparei-me com um homem cuja aparência chamou minha atenção. Vestia-se impecavelmente: uma casaca azul-marinho de tecido fino, com um colete dourado que cintilava à luz difusa da chuva. Ao seu lado, uma jovem dama de cabelos loiros e vestido modesto. Eles riam e conversavam, mas o brilho nos olhos do homem era o de quem se divertia às custas da companhia.

Algo naquela cena despertou minha curiosidade. A postura arrogante dele, o jeito como a segurava pelo braço e o sorriso afetado que lançava ao redor.

Mesmo de onde eu estava, podia perceber que ele se deleitava em um falso ar de superioridade, como um lobo em pele de cordeiro. Eu o observei de relance, sem deter meu passo. Afinal, quem era eu para julgar? Todos escondíamos nossas intenções atrás de uma fachada qualquer.

Ainda assim, o comportamento do homem continuava a me incomodar. Havia uma condescendência em seu olhar, algo que me fazia crer que ele se considerava intocável, um deus menor no panteão dos privilegiados. Resolvi seguir adiante, mas meu caminho acabou me levando a um novo bordel que eu estava disposto a experimentar. Talvez uma distração servisse para dissipar aquele incômodo que ainda se alojava em minha mente.

O ambiente lá dentro era úmido e abafado, como se o calor das pessoas e o cheiro de bebida azeda pairassem permanentemente no ar. Dirigi-me ao balcão, acenando para o dono do estabelecimento que conhecia de outras ocasiões. E lá estava ele, o homem bem-vestido, agora de pé junto ao balcão, segurando um copo de conhaque como se fosse um cetro.

— Sr. Harrington, é isso? — falei casualmente, deixando meu olhar vagar pela sala antes de recair sobre ele.

O homem ergueu o olhar com uma expressão de surpresa, que logo foi substituída por um sorriso calculado.

— Blackwood, não é? O famoso libertino de Londres. É uma surpresa encontrá-lo por aqui.

— Ora, surpresas são sempre bem-vindas, não acha? — respondi, tomando um gole da bebida que o barman acabara de me servir. — Eu diria que o senhor não é o tipo de pessoa que eu esperaria ver por aqui.

O Libertino e a Dama Indomável Onde histórias criam vida. Descubra agora