“Eis minha dama. Oh, sim! É o meu amor. Surge, formoso sol, e mata a lua cheia de inveja, que se mostra pálida e doente de tristeza, por ter visto que és mais formosa que ela”
— William ShakespeareHenry Blackwood
A resposta de Catherine foi como uma gota de água em um lago tranquilo, criando ondas inesperadas. A ironia em sua voz, embora típica, não conseguiu ocultar o brilho curioso em seus olhos. Eu a observava, o calor de sua presença quase abrasador, e me senti, pela primeira vez em muito tempo verdadeiramente interessado.
Ela aceitou meu convite de maneira relutante, como se estivesse se permitindo explorar uma sensação perigosa. E, por um momento, a sinceridade em seus olhos parecia não condizer com o sarcasmo de suas palavras. Essa complexidade me atraía de maneiras que eu não esperava, e eu sabia que precisava mostrar a ela que minha oferta de “liberdade” não era uma mera palavra de sedução.
Catherine estava perto o suficiente agora, a tensão no ar quase palpável. Sua proximidade fez com que a batida do meu coração se acelerasse. Estávamos no meio de um mercado deserto, com a lua como nossa única testemunha. A situação era propícia para um encontro mais íntimo, e eu não tinha intenções de desperdiçar essa oportunidade.
Não consegui resistir ao impulso de tocar sua mão, e quando o fiz, um choque elétrico percorreu o meu corpo. Catherine olhou para mim com uma mistura de surpresa e expectativa. A sensação da suavidade de sua pele sob a minha, a força que ela escondia atrás de seu sarcasmo — tudo isso me fazia querer mais.
— Muito bem, Henry — disse ela, com um tom que era quase uma concessão — Mostre-me essa liberdade que tanto promete. Mas que fique claro: eu não sou como as outras.
Eu sorri para ela, um sorriso que misturava provocação e satisfação e provocação.
— Ah, Cath — murmurei, com suavidade — Disso eu nunca duvidei.
A expressão dela era uma mescla de desafio e curiosidade, e eu sabia que tinha a oportunidade de aprofundar esse jogo.
— Catherine — murmurei, minha voz baixa e carregada de desejo, — A liberdade que prometo não é um conceito abstrato. É uma experiência, uma sensação que você nunca conheceu antes. E é algo que eu posso mostrar a você agora, se estiver disposta a deixar que eu a conduza.
Ela me fitou por um momento, seu olhar penetrante desafiando-me a ser mais do que palavras vazias. Não sei o que exatamente esperava dela, mas a resposta que eu obtive foi a última coisa que imaginei: uma pequena, mas perceptível, inclinação de cabeça, um gesto que me disse que ela estava pronta para o próximo passo.
Aproximei-me ainda mais, o espaço entre nós desaparecendo por completo. E eu senti uma irresistível necessidade de tocar seus lábios. Inclinei-me em sua direção, movendo-me lentamente, para que ela tivesse tempo de recuar se desejasse. Mas Catherine não se moveu. Pelo contrário, parecia ansiosa, como se estivesse esperando por esse momento.
Quando nossos lábios se encontraram, o beijo foi inicialmente suave e exploratório. Havia uma hesitação, uma necessidade de confirmar que ambos estávamos verdadeiramente presentes neste momento. Mas, à medida que a intensidade de nosso desejo aumentava, o beijo se tornou mais profundo e urgente. Nossos corpos se moldaram um ao outro, a paixão e o desejo que tínhamos reprimido por tanto tempo agora se manifestando em um beijo que parecia consumir tudo ao nosso redor.
Com um movimento suave, eu a puxei para mais perto, minhas mãos explorando a curva de sua cintura, sentindo o calor de seu corpo contra o meu. O beijo se aprofundou, tornando-se um misto de calor e urgência, como se estivéssemos tentando recuperar todo o tempo perdido. Catherine correspondeu com uma intensidade que me surpreendeu, suas mãos encontrando meu pescoço e puxando-me ainda mais para perto.
O ar ao redor de nós parecia se tornar denso e carregado de eletricidade. A sensação do beijo, da proximidade de nossos corpos, era tão intensa que eu podia sentir meu coração batendo descompensado. A sensação de tê-la tão perto, de sentir sua respiração ofegante, me fazia querer mais, muito mais.
Sem romper o beijo, movi minhas mãos para o rosto dela, segurando-a delicadamente, como se temesse quebrar o encanto que havíamos criado. Catherine parecia igualmente envolvida, sua paixão evidente em cada toque e em cada movimento.
Finalmente, quando a necessidade de ar se tornou inevitável, eu me afastei levemente, embora ainda permanecesse perto o suficiente para sentir o calor de sua respiração. Seus olhos estavam meio fechados, o olhar perdido em um êxtase momentâneo. A expressão dela era pura satisfação, e eu soube, naquele instante, que havia conseguido tocar algo profundo dentro dela.
— Catherine — sussurrei, meu tom carregado de uma mistura de desejo e sinceridade — Você vê agora o que eu quis dizer? Este é apenas o começo. A liberdade que você deseja está mais próxima do que você imagina. Mas é necessário confiar, permitir-se ir além das convenções e dos medos.
Ela abriu os olhos lentamente, fitando-me com uma intensidade que revelava tanto desejo quanto uma nova determinação. A mulher à minha frente não era mais apenas uma dama das boas famílias, mas alguém que começava a enxergar além das amarras da sociedade que a prendia.
— Eu confio em você, Henry — disse ela, sua voz firme e resoluta, mesmo que ainda carregada de uma certa dose de ironia — Mas não se engane, isso não significa que serei facilmente conquistada. Apenas prove que suas promessas não são vazias.
Eu sorri para ela, um sorriso que carregava tanto a confiança em minha palavra quanto a excitação de saber que o jogo estava apenas começando.
— Oh, Catherine, você nunca foi tão encantadora quanto agora. E posso garantir que minha palavra não é vã. Prepare-se para uma jornada que desafiará todas as expectativas e regras que você conhece.
Com essas palavras, a puxei novamente para um beijo, mais profundo e mais intenso, enquanto o mercado deserto ao nosso redor parecia desaparecer, tornando-se apenas um pano de fundo para o que estava se desenrolando entre nós. A promessa de uma liberdade inesperada e a sedução de um desejo compartilhado eram agora a nossa única realidade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Libertino e a Dama Indomável
RomanceSinopse 🍂 Na Inglaterra de 1797, onde as convenções sociais determinam os destinos das mulheres, Catherine Pembroke, uma jovem inteligente e de espírito livre, se vê encurralada por sua família para um casamento indesejado com um homem muito mais v...