Entre sombras e promessas 🍂

1 1 0
                                    

“O amor é cego, por isso os namorados nunca vêem as tolices que praticam”
— William Shakespeare

“O amor é cego, por isso os namorados nunca vêem as tolices que praticam”— William Shakespeare

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Catherine Pembroke

Eu deveria ter ignorado o bilhete. Qualquer mulher sensata, com o mínimo de apreço pela sua própria reputação, teria feito exatamente isso. E, no entanto, aqui estou eu, perambulando por Londres no meio da noite, a caminho de um mercado deserto para encontrar um homem que deveria sequer passar pela minha mente.

Suspirei, o bilhete ainda queimando em minha mão. Henry Blackwood — o libertino, o homem cuja reputação precede qualquer palavra que eu pudesse usar para descrevê-lo. Eu sabia que ele era problema desde o início, desde aquele fatídico dia em que, completamente encharcada de chuva, o encontrei pela primeira vez.

Mas, como uma tola, eu o deixei se aproximar. E agora, ele estava infiltrado em meus pensamentos, mesmo quando eu não queria que estivesse.

 E agora, ele estava infiltrado em meus pensamentos, mesmo quando eu não queria que estivesse

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Aos meus pés, o mercado de Spitalfields parecia um labirinto de sombras. O lugar, vazio àquela hora, exalava uma estranha mistura de mistério e perigo; Típico de Henry, pensei. Naturalmente, ele escolheria um local assim para um encontro secreto.

Aproximando-me do ponto exato indicado no bilhete, avistei uma figura solitária à luz de uma lanterna. Henry estava lá, esperando, com aquele sorriso habitual nos lábios. Ele parecia completamente à vontade, como se este fosse o ambiente ideal para uma dama se encontrar com um cavalheiro.

— Senhor Blackwood — comecei, minha voz pingando sarcasmo, à medida que me aproximei dele — Quando me prometeu uma reunião, confesso que não imaginava que seria em um lugar tão… peculiar — fiz um gesto vago em direção ao mercado deserto — Quanta delicadeza e romance.

Ele riu suavemente, aquela risada despreocupada e cheia de charme que ele sempre usava para disfarçar sua verdadeira intenção.

— Ora, senhorita Pembroke, achei que a senhorita apreciasse algo um tanto… incomum — ele deu um passo à frente, a luz suave da lanterna iluminando seus traços másculos — E tenho certeza de que não esperava que eu fosse como os outros cavalheiros, não é?

Revirei os olhos, mas um pequeno sorriso se formou em meus lábios, quase contra minha vontade. Henry tinha o talento infeliz de me fazer sorrir,
mesmo quando eu não queria.

— De fato, não o confundo com um cavalheiro comum — cruzei os braços, tentando parecer indiferente — Mas, verdade seja dita, não posso dizer que esse encontro clandestino seja exatamente o que eu esperava de um homem tão… renomado quanto o senhor.

Ele deu de ombros, avançando mais um passo. Agora, estávamos perigosamente próximos, e meu coração, teimoso como sempre, começou a acelerar. Eu não confiava em Henry — ao menos, não no que diz respeito às suas intenções. Mas havia algo nele, uma confiança imprudente e uma atração inegável, que me puxava para mais perto, contra o meu próprio bom senso.

— E o que esperava, minha querida Catherine? — ele disse meu nome com suavidade que quase me fez arrepiar — Um jantar à luz de velas? Um salão luxuoso cheio de espectadores? Não somos desse tipo, você e eu. Somos diferentes. Somos melhores que isso.

Aproximei-me mais, minha voz baixa e sarcástica.

— Melhor? Oh, Henry, se você continuar assim, vou começar a acreditar realmente se considera superior à sociedade que tanto despreza — inclinei-me ligeiramente, minhas palavras quase um sussurro — Mas o que me intriga é o seguinte: o que o senhor realmente quer de mim?

Ele não recuou. Claro que não. Henry nunca era do tipo que se afastava de um desafio. Em vez disso, ele inclinou a cabeça, como se estivesse ponderando sobre minha pergunta.

— O que quero de você, Cath? — sua voz ficou mais grave, mais séria — Quero libertá-la.

Aquilo me pegou de surpresa. Franzi o cenho e, por um breve momento, meu sarcasmo desapareceu.

— Libertar-me? — repeti, incrédula — E de que exatamente, o senhor acredita que eu precise ser libertada?

— Da vida que lhe foi imposta — ele disse sem hesitar — Do casamento arranjado, da obediência cega às regras de uma sociedade que não vê a mulher que você realmente é. Eu vejo você, Catherine. Vejo a força, a inteligência. E é por isso que estou aqui esta noite. Porque acredito que você merece algo mais… algo melhor.

Fiquei em silêncio por um momento, processando suas palavras. Parte de mim queria rir. Parte de mim queria acreditar nele. Eu era uma mulher presa pelas expectativas, sim, e Henry tinha razão ao reconhecer isso. Mas ele estava realmente me oferecendo uma alternativa? Ou simplesmente tentando me manipular, como fazia com todas as outras mulheres que cruzavam seu caminho?

— E o que exatamente seria esse “algo melhor”, Henry? — perguntei, minha voz mais suave agora, mas ainda carregada de cautela.

Ele deu mais um passo, agora perto o suficiente para que eu sentisse o calor de sua presença. Seus olhos, sombrios e intensos, não se desviaram dos meus.

— Algo que apenas você pode decidir — ele disse em um sussurro — Mas o primeiro passo é simples: confie em mim. Esta noite, apenas isso. Encontre em mim um aliado, alguém que não se curva às mesmas regras que tentam aprisioná-la.

Eu o olhei por longos segundos, o som distante de Londres preenchendo o silêncio entre nós. Estava claro que Henry queria algo de mim — algo mais profundo do que um simples flerte. Ele estava me oferecendo liberdade, de certo modo. Mas seria isso real? Ou apenas uma armadilha de suas palavras habilidosas?

— Muito bem, Henry — disse, finalmente, com uma leve ironia na voz — Mostre-me essa liberdade que tanto promete. Mas que fique claro: eu não sou como as outras.

Ele sorriu, aquele sorriso provocador e cheio de mistério.

— Ah, Cath — ele murmurou, com uma suavidade surpreendente — Disso eu nunca duvidei.

O Libertino e a Dama Indomável Onde histórias criam vida. Descubra agora