“Estas alegrias violentas têm fins violentos, falecendo no triunfo, como fogo e pólvora, que num beijo se consomem.”
— William ShakespeareCatherine Pembroke
Já se passaram dois dias desde aquela noite com Henry. E ainda hoje, o eco daquele momento, o vislumbre de sua figura enquanto se despia diante de mim, permanece, quase como uma assombração. O pensamento do seu corpo nu, uma visão que jamais sonhara contemplar, agora é como um vício. Nunca havia visto um homem em tal estado, e se pudesse, jamais desejaria ver outro. Somente ele — meu Henry. A lembrança de sua pele, seus gestos, me invade durante as horas em que deveria estar concentrada nas trivialidades do cotidiano. E, apesar de todos os esforços, minha mente não o abandona.
Minha mãe, sempre atenta aos mínimos detalhes de minha conduta, percebeu algo diferente. Ela acredita que minha recente felicidade e o constante rubor em meu rosto se devem ao fato de, finalmente, aceitar meu destino: o casamento com Lorde Harrington. Pobre mulher, mal sabe ela que sua suposição é a maior das bobagens. Isso não tem nada a ver com Harrington, e, se depender de mim, jamais terá.
Mas é como se ela pudesse ler meus pensamentos, pois, naquele exato instante, minha mãe irrompe em meu quarto como uma tempestade. Sem bater, sem anunciar-se, como se nossa relação fosse de igual para igual — como se eu fosse sua posse.
— Catherine, querida, estamos novamente atrasadas! Temos que visitar mais algumas lojas. O enxoval não se escolhe sozinho! — Sua voz sempre tão alta e teatral, como se todo o mundo precisasse saber de cada decisão que tomamos. — Ainda há muitos detalhes que não decidimos, e o casamento está a menos de dois meses!
Ah, o casamento... esse pesadelo crescente do qual não posso escapar. Ainda que eu quisesse.
— O enxoval, sim. Que delícia. — murmurei, com sarcasmo, sem me preocupar em ocultar minha indiferença. — Porque, afinal, escolher bordados e cortinas para um futuro ao lado de um homem que mal consigo tolerar é, sem dúvida, o sonho de toda jovem mulher.
Minha mãe arqueou uma sobrancelha, visivelmente incomodada.
— Catherine, por favor! Estamos falando do seu futuro marido, um homem de posição, um lorde respeitável. E você... você age como se estivesse prestes a enfrentar uma execução!
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O Libertino e a Dama Indomável
RomanceSinopse 🍂 Na Inglaterra de 1797, onde as convenções sociais determinam os destinos das mulheres, Catherine Pembroke, uma jovem inteligente e de espírito livre, se vê encurralada por sua família para um casamento indesejado com um homem muito mais v...