O jogo de Harrington 🍂

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“Uma pessoa que quer vingança guarda suas feridas abertas”
— Sir Francis Bacon

Lorde George Harrington

Depois de tanto esforço e paciência, finalmente meu plano tinha dado certo. Ver o imundo libertino Henry Blackwood ser acusado e difamado, enquanto Catherine sofria com a suposta verdade que inventei, trouxe-me uma satisfação profunda. Era como assistir a uma peça de teatro trágico, onde eu tinha o papel principal na destruição de tudo que aquele canalha valorizava. Catherine estava dilacerada, exatamente como eu queria.

No entanto, minha felicidade durou pouco. As notícias de sua doença chegaram a mim rapidamente. As cartas da família de Catherine agora mencionavam um possível adianto em nosso casamento. Já que sua saúde estava comprometida e sua recuperação incerta, seus pais estavam ansiosos para garantir a união, caso a piora viesse. Como se a pressa deles mudasse algo para mim. De que me adianta casar-me com uma mulher doente, que mal pode se levantar da cama?

Eu precisava de Catherine forte, saudável, bela. Uma moribunda não me serviria de nada. Para ser sincero, sequer me preocupei em enviar alguém para verificar sua condição em Kent. Eu sou Lorde Harrington, e não viajo dias para ver uma mulher que, nesse estado, não pode me oferecer nada útil. Eu preciso dela em perfeitas condições. Se ela está adoentada agora, que tratem de cuidar dela. Eu sou paciente, e quando o tempo certo chegar, ela será minha.

No entanto, pelo menos uma coisa boa essa situação trouxe: Catherine está longe. E longe dele. Kent é distante o suficiente para manter Henry Blackwood sem rastro de onde ela foi. Ele deve estar perdendo a cabeça, procurando por sua amada, sem sucesso. Já faz quase um mês desde que ela se afastou para a propriedade da família. Imagino como ele deve estar, rodando por Londres como um cachorro perdido, sem notícias dela. Esse pensamento me diverte.

Ah, como o jogo se desenrola a meu favor

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Ah, como o jogo se desenrola a meu favor. Tudo começou com um simples rumor. Uma mentira habilmente colocada nos ouvidos certos. Foi fácil convencer alguns serviçais de que Blackwood havia abandonado uma criança à própria sorte, sem remorso algum. A história se espalhou como fogo em palha seca. Não precisei fazer muito. A natureza humana cuida do resto, sempre disposta a acreditar no pior, especialmente quando se trata de um homem como ele. Afinal, seu nome já carrega uma má reputação.

E agora, Catherine... doce, ingênua Catherine... foi fácil manipulá-la. Ela sempre foi orgulhosa, mas havia algo de vulnerável nela, uma confiança que, ao ser traída, a destruiu. O veneno das minhas palavras foi eficaz. Eu sabia que ela acreditaria. Afinal, por que não? Que razão teria ela para duvidar? Henry é, e sempre foi, um libertino. Nada além de um cafajeste. E eu sou... bem, sou o que a sociedade espera que um cavalheiro seja. Mesmo que por trás da fachada eu não me importe nem um pouco com seus sentimentos ou sua dor.

Esse casamento sempre foi uma questão de conveniência para mim. Eu não me importo com Catherine como pessoa. Nunca me importei. O que ela representa — seu nome, sua fortuna, sua linhagem — isso é o que realmente importa. Uma união com os Pembroke solidificaria minha posição e garantiria que eu mantivesse o poder e as conexões que preciso para continuar subindo na sociedade. Se para isso eu precisar carregar o fardo de uma esposa doente por um tempo, que assim seja. No final, eu vencerei.

Sei que logo terei de fazer minha aparição. Quando Catherine melhorar, e ela melhorará, voltarei à sua vida como o noivo ideal. Carinhoso, compreensivo. Ela não terá escolha a não ser aceitar meu papel, ainda mais depois de ter se afastado de Blackwood. Um coração partido como o dela se renderá facilmente à segurança que ofereço, e com o tempo, ela esquecerá. A sociedade tem seu próprio modo de enterrar escândalos e garantir que as conveniências sociais sejam seguidas.

 A sociedade tem seu próprio modo de enterrar escândalos e garantir que as conveniências sociais sejam seguidas

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Enquanto isso, observo de longe, esperando. O jogo de paciência sempre foi meu forte. Deixe que ela cure suas feridas, deixe que seu coração se reequilibre. Quando o momento certo chegar, estarei lá para colhê-la. Não importa o que ela sinta, não importa o que ela pense. No final, será minha. Toda sua dor e sofrimento não me dizem respeito. Meu objetivo está claro desde o início: possuir o que me pertence.

E no final, Blackwood será apenas uma memória amarga para ela, uma sombra esquecida no passado. Eu vencerei, como sempre faço.

O Libertino e a Dama Indomável Onde histórias criam vida. Descubra agora