Entre sonhos e lágrimas 🍂

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“Será que o meu coração realmente tinha amado até agora? Pois eu nunca vi beleza tão pura até esta noite”
— Romeu e Julieta

“Será que o meu coração realmente tinha amado até agora? Pois eu nunca vi beleza tão pura até esta noite”— Romeu e Julieta

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Catherine Pembroke

A cada dia que passava, eu me sentia mais fraca. Era como se meu corpo tivesse desistido de lutar. Acho que, no fundo, me entreguei à tristeza. Quem diria que um coração partido poderia ter tamanho poder destrutivo? Sempre fui forte, sempre resisti aos golpes que a vida me ofereceu, mas dessa vez... dessa vez era diferente.

Perdi a noção do tempo. O dia e a noite se misturavam, como se eu estivesse presa em um sonho que nunca terminava. Não sabia ao certo se estava dormindo ou acordada. Havia um peso constante sobre meu peito, um vazio profundo que me puxava para baixo.

Mas, de repente, algo mudou. Senti uma presença... uma sombra familiar, que pairava sobre mim. Fiquei imóvel, sem forças para sequer tentar entender. Eu conhecia aquela sombra. Sabia quem era, mas... como isso era possível? Meu coração acelerou, e uma leve tontura tomou conta de mim quando tentei abrir os olhos.
Mesmo com a visão embaçada e fraca, eu soube. Era ele.

— Henry? — pensei, mas minha mente parecia incapaz de formar palavras coerentes.

Eu devo estar sonhando. Ele não podia estar aqui, não depois de tudo o que aconteceu. Mas, por que então sua presença parecia tão real? Sua voz... ele falava comigo, num tom que eu jamais imaginei ouvir daquele homem. Havia uma tristeza profunda, uma angústia que o tornava quase irreconhecível.

Eu queria me mover, queria falar, mas meu corpo não respondia. Sentia sua mão segurando a minha, quente e firme, mas com uma suavidade que me surpreendia. Ele sempre fora impetuoso, impulsivo, e agora... parecia quebrado.

— Catherine... — sua voz chegou até mim, quase num sussurro, mas carregada de dor. — Catherine, por favor, me ouça... volte para mim.

Era Henry, sem dúvida. Ele estava mesmo ali. Suas palavras ecoavam no meu coração como uma oração, e, por um momento, eu pensei que estava imaginando tudo. Mas... havia algo mais. Senti algo quente e úmido tocar a minha mão. Eram suas lágrimas.

— Henry... — tentei chamá-lo, mas a minha voz mal saiu. Parecia distante, quase inexistente. Será que ele me ouviu?

Houve um movimento ao meu redor. Henry parecia ter percebido algo, e sua mão apertou a minha com mais firmeza. Eu queria tanto abrir os olhos, vê-lo, entender o que estava acontecendo, mas era tudo tão confuso. A febre, os sonhos, a realidade... estavam todos misturados.

— Catherine! — sua voz ficou um pouco mais alta, mas ainda soava quebrada. — Por Deus, você me ouviu? Olhe para mim...

Com esforço, consegui abrir um pouco os olhos. Tudo ao meu redor era uma névoa turva, mas, pouco a pouco, seus contornos se formaram diante de mim. Lá estava ele, inclinado sobre mim, os olhos vermelhos de tanto chorar.

— Henry...? — minha voz era apenas um sopro, mas consegui dizer seu nome. Não sabia se estava perguntando ou afirmando. Tudo ainda parecia tão distante.

— Sim, Catherine... sou eu. — Sua mão acariciou meu rosto com tanto cuidado, como se eu fosse feita de vidro. — Estou aqui... finalmente. Você me ouviu.

Eu não conseguia pensar com clareza. Tudo era um borrão em minha mente. Por que ele estava ali? Não fazia sentido. A última coisa que me lembrava era da dor, da decepção... do que disseram sobre ele. Como ele pôde...?

— O bebê... — sussurrei, sem conseguir conter a dúvida que pesava sobre mim. — Henry... como pôde?

Sua expressão mudou instantaneamente. A dor em seu rosto foi substituída por um olhar de profunda culpa, quase desespero.

— Catherine, não... você não entende... — ele começou, sua voz falhando. — Eu jamais faria isso... jamais deixaria uma criança à própria sorte. Isso... isso é uma mentira, uma armadilha de Harrington.

Minha cabeça rodava. Será que estava imaginando tudo isso? Era difícil distinguir o que era real ou não. A febre me deixava fraca demais para pensar direito. Mas havia algo na voz dele, no modo como ele segurava minha mão, que me fez acreditar... pelo menos por um instante, eu quis acreditar.

— Então... não é verdade? — perguntei, tentando focar meu olhar nele.

— Não, Catherine, não é! — Ele se inclinou mais perto, sua mão ainda segurando a minha. — Por Deus, eu nunca faria uma coisa dessas. Você precisa acreditar em mim.

Eu fechei os olhos por um momento, tentando reunir forças para processar suas palavras. Era possível que tudo aquilo fosse um engano? Mas e todo o sofrimento que senti? Toda a mágoa... como isso poderia desaparecer tão rápido?

— Estou... tão cansada, Henry. — Minha voz soava frágil até aos meus próprios ouvidos. — Não sei mais em quem acreditar.

Senti o peso de sua cabeça contra minha mão, como se ele estivesse se rendendo à própria dor.

— Então acredite em mim — ele sussurrou, quase como uma prece. — Sei que cometi erros, que menti sobre muitas coisas... mas não sobre isso. Não sobre o que importa.

Minhas forças estavam se esvaindo novamente, e era difícil manter os olhos abertos. O cansaço me consumia, mas, por algum motivo, a presença dele ali, ao meu lado, me dava uma espécie de conforto que não sentia há muito tempo. Talvez eu estivesse finalmente acordando de um pesadelo, ou talvez apenas caindo em outro.

— Eu... não sei... — murmurei, sem conseguir terminar a frase. Meu corpo estava pesado, meus olhos fechavam sozinhos.

— Eu estou aqui, Catherine. Não vou a lugar algum — ele disse com uma firmeza que me surpreendeu. — Descanse. Quando acordar, estarei ao seu lado.

E, com essas palavras, senti o sono me puxar de volta. Desta vez, porém, não havia o mesmo peso de antes. Havia algo diferente, algo que me segurava... a mão de Henry, firme na minha.

O Libertino e a Dama Indomável Onde histórias criam vida. Descubra agora