"Antes de embarcar em uma vingança, cave duas covas"
- ConfúcioLorde George Harrington
Ah, como é doce a sensação da vitória. Sentado confortavelmente em minha poltrona de couro, observo o crepitar do fogo na lareira. As chamas dançam com elegância, refletindo perfeitamente o calor da satisfação que sinto. O jornal, com meu pequeno toque de arte maquiavélica, está aberto sobre a mesa diante de mim. O nome de Henry Blackwood manchado na primeira página — como sempre deveria ter sido.
Tudo correu como o planejado. O tolo Henry, sempre tão despreocupado com as consequências de seus atos, caiu direto na armadilha. Já faz muito tempo que observo seus movimentos, aguardando o momento certo para derrubá-lo. Ah, o libertino arrogante, sempre se achando superior, como se o mundo fosse uma extensão de seus prazeres. Ele, um homem sem honra, ousou aproximar-se da minha noiva? Doce Catherine, tão jovem e inocente, não poderia compreender o tipo de homem que ele é. Mas eu, sim. E agora, tudo está finalmente no lugar.
Levantei-me da poltrona, aproximando-me da janela de minha residência, observando Londres lá fora, iluminada pelas luzes noturnas e os sons distantes da cidade em movimento. Há uma ordem em tudo isso, uma hierarquia que precisa ser mantida. E eu sou parte dessa ordem. Henry Blackwood, por outro lado, sempre foi uma anomalia — um homem que desrespeita o bom senso e as regras sociais, um parasita que vive à sombra de sua herança, sugando as riquezas sem nunca contribuir com nada de valor. Agora, ele enfrenta o que merecia.
Dei uma olhada no jornal novamente. A matéria era uma obra-prima de destruição, cuidadosamente elaborada por mim, mas executada de forma que parecesse um simples escândalo público. Ah, as massas adoram uma boa fofoca sobre os nobres. E quando um libertino como Henry Blackwood está envolvido, os boatos correm ainda mais rápido. A história sobre o filho morto... dolorosa, sem dúvida, mas necessária. O detalhe sombrio da cortesã abandonada a sua sorte e o mistério envolto na morte trágica do bebê, garantiriam que até os corações mais empedernidos vissem Henry como o vilão que é. Como ele ousa querer tomar minha futura esposa quando carrega nas costas uma história tão imunda?
Catherine, minha doce Catherine, deveria estar lendo essas palavras agora. Imagino o choque em seus olhos ao descobrir o verdadeiro caráter de Blackwood, se é que ela ainda nutria alguma ilusão a seu respeito. Ela certamente deve estar se distanciando daquele canalha. E, quando ela perceber que o mundo está cheio de homens com os mesmos defeitos, exceto por mim, virá rastejando de volta, pronta para aceitar o destino que lhe foi reservado. Um casamento vantajoso, seguro, e, claro, ao lado de um homem que sabe o que é o poder.
Caminhei lentamente pela sala, observando os quadros de minha linhagem pendurados nas paredes. Homens fortes, determinados, que moldaram suas vidas através da força e da astúcia. Eu não sou diferente. A diferença entre mim e Blackwood é que eu sei como jogar o jogo. Ele, por outro lado, sempre se achou intocável, achando que poderia sair ileso de seus erros. Ah, como é doce ver sua queda.
A porta se abriu levemente, e Eliot, entrou silenciosamente.
— Lorde Harrington, já ouvi rumores sobre a reação de Lady Catherine ao artigo.
— E? — perguntei, ansioso por ouvir.
— Ela foi vista abatida, senhor. Acreditamos que tenha lido o jornal esta manhã. Não houve notícias de contato entre ela e Lorde Blackwood.
Senti um sorriso se formar em meu rosto. Claro que ela havia lido. E claro que ela estava abalada. Mas esse era apenas o primeiro passo. Logo, quando Catherine vier a mim, buscando proteção de homens como Henry, eu estarei lá, pronto para desempenhar o papel de seu salvador.
— Excelente, Eliot. Continue a vigiar os movimentos dela. Quero ser o primeiro a saber de qualquer tentativa de comunicação entre os dois.
— Sim, senhor.
Eliot se retirou, e eu voltei à minha poltrona, satisfeito com o progresso. Este era o início do fim para Henry Blackwood, e eu o saboreava. Com a influência que possuo, logo as investigações sobre suas relações passadas irão se intensificar. Há sempre algo mais a ser descoberto, algum detalhe escandaloso que poderá emergir e destruir o que resta de sua reputação.
O mais engraçado é que, no fundo, eu não odeio Henry. Na verdade, admiro sua ousadia, seu estilo de vida despreocupado. Mas o problema com homens como ele é que eles não sabem quando parar. Eles não sabem que, no final, há um preço a ser pago por toda liberdade, por toda transgressão. O preço que ele está pagando agora é a sua ruína. E eu, com todo o prazer, estou cobrando essa dívida.
O jogo está a meu favor, e sou um mestre nessa arte. Blackwood nunca teve chance. Ele pode ter conquistado algumas noites de paixão com Catherine, mas no final, será a mim que ela pertencerá. Porque esse é o destino. Eu, Lorde Harrington, serei o vencedor. Sempre fui.
As chamas na lareira se ergueram um pouco mais altas, como se refletissem a intensidade de meu triunfo. Londres está cheia de boatos esta noite, e Henry Blackwood, o libertino, o homem que sempre riu na cara dos outros, agora será o motivo de riso de toda a cidade. Quando terminar, ele não terá mais nada. E eu... terei tudo.
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O Libertino e a Dama Indomável
RomanceSinopse 🍂 Na Inglaterra de 1797, onde as convenções sociais determinam os destinos das mulheres, Catherine Pembroke, uma jovem inteligente e de espírito livre, se vê encurralada por sua família para um casamento indesejado com um homem muito mais v...