“O verdadeiro nome do amor é cativeiro”
— William ShakespeareCatherine Pembroke
Sentada no salão principal, à mesa redonda de madeira escura e polida que parecia tão impessoal quanto o ambiente ao meu redor, eu me encontrava perdida em pensamentos. Minha mãe, Eleanor, continuava a falar sem cessar sobre vestidos de noiva, tecidos importados e os detalhes ornamentais que fariam qualquer outra jovem suspirar de encantamento. Eu, no entanto, apenas queria estar em qualquer outro lugar.
— O lilás seria uma cor tão delicada para o dia, não acha, Catherine? E com a renda de Bruges que Lady Harrington sugeriu, seu vestido poderia ser o mais falado da temporada — disse ela, sorrindo com entusiasmo ao imaginar o esplendor que eu certamente deveria compartilhar. — Ou talvez o verde menta seja mais apropriado, dada a sua paleta de cores. O que acha, querida?
Eu fiz um som afirmativo, baixo e vago o suficiente para ser interpretado como um "sim" cortês. Mas, na verdade, meus pensamentos estavam a milhas de distância desse salão opulento. Desde que Henry me visitou pela manhã, meu coração tem estado inquieto, incapaz de encontrar descanso. O beijo que compartilhamos no parque ainda ardia em meus lábios, uma lembrança persistente que se recusava a ser apagada. O gosto de cedro e tabaco ainda pairava em minha boca, como uma fragrância tentadora que eu não queria esquecer.
Senti minhas bochechas aquecerem ao pensar na intensidade daquele momento. Eu havia experimentado algo que jamais pensei ser possível. Um toque, um beijo, um olhar que mexia com cada fibra do meu ser.
Henry Blackwood era um libertino, um homem que vivia à margem das convenções sociais. E, ainda assim, ele despertava algo em mim que nenhum outro homem jamais conseguiu. Um desejo avassalador de quebrar todas as regras que a sociedade havia tão cuidadosamente construído ao meu redor.
Eu estava sendo privada de algo que talvez fosse a única coisa real que eu jamais teria: a chance de viver um amor verdadeiro, sem as amarras e sem a hipocrisia que governavam nossas vidas. Aquele beijo havia me mostrado um vislumbre do que poderia ser. Eu queria mais. Eu queria tudo.
— Catherine, você está ouvindo? — A voz cortante de minha mãe trouxe-me de volta ao salão. Ela me olhava com uma sobrancelha arqueada, seu olhar cheio de reprovação. — Eu disse que precisamos ir ver os vestidos esta semana. Lady Harrington insistiu que os preparativos não podem ser adiados. Você entende a importância disso, não é?
Respirei fundo, tentando disfarçar meu aborrecimento. Lady Harrington e sua insistência podiam muito bem mergulhar no Tâmisa, pelo que me importava. Mas, em vez disso, forcei um sorriso educado.
— Claro, mamãe. Será como desejar — respondi, sem nenhum entusiasmo.
Ela continuou seu monólogo interminável sobre como as filhas obedientes devem se comportar, mas suas palavras logo se tornaram apenas um zumbido ao fundo. Eu voltei para dentro de mim mesma, para o espaço seguro de meus pensamentos. Esta noite, eu me encontraria com Henry. Na velha cabana de chá perto da ponte de Wapping. Seria nossa primeira chance de nos ver longe dos olhares curiosos e julgadores.
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O Libertino e a Dama Indomável
RomanceSinopse 🍂 Na Inglaterra de 1797, onde as convenções sociais determinam os destinos das mulheres, Catherine Pembroke, uma jovem inteligente e de espírito livre, se vê encurralada por sua família para um casamento indesejado com um homem muito mais v...