POV EMMANo sábado, acordo com o Arthur pulando em cima do meu corpo ainda entorpecido pelo sono.
_ Acoda, maninha. _ Me chama com a voz entoando uma animação contagiante.
Abro os olhos o encontrando de pé em cima da minha cama me olhando com um grande sorriso no rosto.
_ Posso saber o motivo do senhor estar acordado tão cedo num sábado? _ Pergunto depois de verificar meu celular constatando que ainda não eram sete da manhã.
_ Hoje é dia de vê o Clis, maninha. Vucê pometeu que ia me levá pa vê ele. _ Explica e volta a pular sobre a minha cama.
À alguns meses atrás meus pais participaram de uma conferência em um hospital, para o qual a empresa deles passaria a ser fornecedora das máquinas e aparelhos hospitalares. Depois de muita insistência por parte do Arthur, minha mãe concordou em levá-lo, mesmo diante dos argumentos do meu pai de que hospital não é lugar de criança, o que resultou em um Arthur birrento e uma crise de choro que só teve fim quando papai voltou atrás da sua decisão. Arthur nunca foi o tipo de garoto que usa da chantagem e birra para conseguir o que quer, mas naquele dia para surpresa dos meus pais e minha ele resolveu que aquele seria um ótimo momento para testar seu poder de persuasão, o que o fez alcançar o seu objetivo, porém somente depois de um discurso moral do papai e diante da condição de que eu fosse junto para tomar conta do meu irmão.
Nesse dia, depois dos meus pais entrarem em uma grande sala para uma reunião fechada, na qual seriam discutidos os benefícios dos novos aparelhos quando comparados aos antigos, em um momento de distração Arthur livrou-se da minha mão que apertava a dele e sumiu pelos corredores amplos e brancos do grande hospital. Os minutos que se seguiram após a fuga do Arthur foram ocupados por mim procurando incansavelmente por ele, mas diante da extensão e tamanho do hospital, que ocupava uma grande área, as chances de encontrá-lo sem nenhuma ajuda eram bem pequenas.
Com uma dor de cabeça crescendo e uma angústia se alarmando no peito, eu já estava prestes a invadir a reunião ou chamar a segurança do hospital para me ajudar a encontrá-lo quando avistei o seu corpo pequeno através das janelas de vidro de uma sala colorida demais se comparada ao resto do hospital, onde a cor clara se sobressaía das demais. Parei abobalhada quando notei o que se encontrava atrás daquelas janelas. Não era uma sala como havia imaginado, mas um quarto amplo preenchido por camas com desenhos de personagens de desenhos animados, sendo que cada uma delas era ocupada por uma criança ligada à aparelhos através de fios enfiados pelo corpo. O que mais me emocionou foi ver que mesmo diante do sofrimento e da dor evidente nos rostos abatidos elas olhavam para o Arthur com um enorme sorriso no rosto. Aquilo me fez ver o quão contraditório a vida pode ser. Enquanto existem pessoas que se desesperam diante de mínimos problemas existem crianças que mesmo tendo que enfrentar seções e mais seções de tratamentos dolorosos continuam com vontade de viver.
Ver aquelas crianças que mesmo com todo o sofrimento, as doses e mais doses diárias de remédios fortíssimos, as agulhas enfiadas perfurando o corpo e as dores que elas não demonstravam, mas que de alguma forma eu sabia que elas estavam sentindo, me fez ver que a vida pode ser bonita mesmo diante de todas as atrocidades e o maior exemplo estava bem ali na minha frente. Aquilo me comoveu e me tocou profundamente, e quando olhei para o Arthur e vi o modo como ele interagia com aquelas crianças percebi que da forma dele ele também tinha sentindo todas as emoções que eu estava sentindo.
Uma enfermeira me contou que era uma ala destinada às crianças que sofriam de câncer e que não tinham condições financeiras de custear um tratamento de qualidade como o oferecido pelo Hospital B.L, que apesar de ser um hospital particular arcava com todos os gastos e proporcionava aos pacientes tudo o que estivesse ao alcance deles e da Medicina.
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Foi tudo uma aposta
RomanceEmma Collins é uma menina estudiosa, ingênua e de coração puro. Considerada a nerd estranha e sem amigos, fazia de tudo para mostrar que não se importava com as ofensas e apelidos que davam à ela, quando na verdade o seu coração quebrava mais um ped...