Capítulo 41 Parte I

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POV EMMA

Gusttavo não disse mais nenhuma palavra desde que saímos da faculdade a uns dez minutos atrás. Não sei se o motivo do seu silêncio foi por eu ter insinuado que ele estava com ciúmes ou por eu simplesmente estar conversando com o Lucas, já que ele deixou claro através de suas ações, tanto hoje quanto no dia da festa de aniversário da Manu, de que ele não gostava muito do Lucas. Mas talvez, não seja nem por um motivo nem por outro, e estou apenas sendo uma boba ao pensar que parte do seu mundo se resume a mim.

Tentando esquecer que fazem mais de dez minutos que não escuto sua voz deixo minha cabeça pender para o lado, encostando a lateral esquerda do meu rosto no banco de couro e passo a observá-lo enquanto ele dirige. 

Uma das suas mãos segurava o volante enquanto a outra mantinha-se no câmbio de marchas; seu maxilar esculpido estava cerrado, fazendo com que um músculo saltasse e se tornasse visível aos meus olhos; os lábios estavam pressionados em uma linha fina, sem traços do sorriso pelo qual eu era apaixonada;  suas sobrancelhas estavam levemente unidas, deixando o espaço entre elas enrugado; e os cabelos escuros estavam bagunçados, o que me fez ter vontade de deslizar meus dedos entre eles apenas para sentir a maciez dos fios contra a minha pele.

Quando o sinal fica vermelho e o Gusttavo para atrás de uma fila de carros abandono a minha observação minuciosa e me endireito no banco antes que ele me pegue encarado cada detalhe seu. E quando penso que ele vai finalmente falar comigo ele apenas suspira alto e passa a tamborilar os dedos no volante enquanto espera o sinal mudar de cor.

_ Você está bravo comigo? _ Pergunto quando não aguento mais o silêncio e muito menos a incerteza de ter feito algo de errado, apesar de saber que não fiz nada que merecesse que ele me ignorasse ao ponto de fazer parecer que eu não estava sentada ao seu lado.

_ Por que eu estaria? _ Ele olha para mim, parecendo confuso com a minha pergunta.

_ Você não disse mais nada desde que saímos do estacionamento. _ Aponto, dando de ombros.

_ Eu nunca ficaria bravo com você, minha linda. _ Ele mostra-me um sorriso que faz meu coração acelerar dentro do peito. _ Me desculpa se te dei essa impressão. _ Sua mão agarra a minha para levá-la até seus lábios e espalhar beijos pelo dorso. _ Eu só estava pensando. _ Garante, acariciando minha mão com o polegar e volta a colocá-la sobre a bolsa que descansava no meu colo quando o sinal fica verde.

Quando o carro volta a entrar em movimento, percorrendo as ruas tumultuadas Gusttavo liga o som em uma rádio que toca uma música calma e agarra a minha mão com a sua novamente, entrelaçando os nossos dedos e descansando-as nossas mãos unidas na sua coxa.

 _ Então, estava gostando de me olhar? _ Pergunta, olhando-me com um sorriso presunçoso e meu rosto fica quente de vergonha por ter sido flagrada observando-o. _ Acho que vi um pouco de baba escorrendo do cantinho da sua boca.

_ Eu não... eu estava... _ Tento me explicar e seu sorriso aumenta diante do meu embaraço quando não consigo pronunciar uma frase que faça sentido. 

Tento separar minha mão da sua, mas seus dedos apertam os meus impedindo-me.

_ Ei, não precisa ficar envergonhada. Sou todo seu, minha linda, pode babar o quanto quiser. _ Dá uma piscadela e seu sorriso convencido faz o rubor queimar ainda mais as minhas bochechas.

_ Idiota. _ Murmuro, desviando o olhar para a janela do meu lado quando ele continua me fitando com o sorriso de quem estava se divertido as custas do meu constrangimento. 

_ Seu idiota. _ Ele diz e não consigo deter o sorriso que ameaça esticar os meus lábios.

_ Olha para a frente. _ Digo quando sinto os seus olhos ainda em mim.

Foi tudo uma apostaOnde histórias criam vida. Descubra agora