Capítulo 40

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POV GUSTTAVO

O barulho do despertador era um ruído distante na minha cabeça. Tateio o criado-mudo ao meu lado, derrubando algumas coisas no processo, e desligo o celular, disposto a voltar a dormir até que a minha mãe venha bater na minha porta, como faz todas as manhãs, e eu seja obrigado a levantar antes que meu pai invada o meu quarto com a sua arrogância e postura autoritária.

No entanto, levo um minuto para perceber que não estou sozinho na cama e que estou abraçado a alguém, e é inevitável não abrir um sorriso quando lembro de onde estou e, principalmente, com quem estou.

Emma.

Os seus cabelos de um perfume adocicado estão por todo o meu rosto, pinicando o meu nariz e entrando na minha boca; o meu braço esquerdo está na sua cintura, mantendo-a junto ao meu corpo; e o direito está sob a sua cabeça, servindo-a como um travesseiro. Uma das minhas pernas está sobre as suas coxas, de modo que a parte da frente do meu corpo encontra-se totalmente colada as suas costas, o que não é bom, já que a sua bunda está pressionada em uma parte específica do meu corpo que encontra-se completamente desperta.

Cuidadosamente, puxo o braço de debaixo da sua cabeça e no mesmo instante sinto um formigamento desconfortável pra caralho percorrer desde os meus dedos até o ombro.

Emma tinha razão quando disse que eu acordaria com o braço dolorido, mas assim como eu havia dito para ela, ter o meu braço dormente era um preço justo a se pagar quando a tive agarrada a mim durante toda a noite.

Tiro a perna de cima das suas e me afasto da tentação que era ter o seu corpo quente e macio colado ao meu. Ela resmunga com a distância imposta, fazendo-me sorrir, e continua dormindo.

Então, aproveito o seu sono para olhá-la.

Os cabelos castanhos estavam espalhados pelo seu rosto, assim como estavam pelo meu a um minuto atrás, tampando a bela visão de uma das suas partes mais bonitas. Com cuidado começo a tirar as mechas sedosas, deixando o seu rosto descoberto e à mercê dos meus olhos. 

Tão linda!

Tão adorável!

Tão ela!

Emma carregava uma expressão serena no rosto e mesmo dormindo os lábios levemente rosados, que eram a minha perdição, formavam um sorriso singelo e inocente.

Não contendo a necessidade de tocá-la; de sentir a maciez da sua pele; de sentir o calor do seu corpo pequeno, mas marcado por curvas deliciosas que me faziam fantasiar e imaginar a loucura que seria senti-las com as minhas mãos, com a minha boca, com o meu corpo inteiro; me deixo vencer pela pequena parte em mim que me dizia para matar o meu desejo, para saciar a vontade de ter um pouquinho dela.

Então, com as pontas dos dedos traço o contorno perfeito do seu rosto, dedilhando o queixo pequeno, as maças arredondadas das bochechas, o nariz arrebitado e os lábios que desenhavam o sorriso que me fez querer ser o motivo da sua existência.

As suas pálpebras enfeitadas com cílios compridos tremem quando toco a sua boca e acaricio com lentidão os lábios carnudos, contendo o desejo de substituir os meus dedos pela minha língua. Afasto a mão quando um gemidinho preguiçoso escapa da sua boca, desfazendo o sorriso que eu tanto admirava, e ela se remexe sob os lençóis, fazendo escorregá-los pelo seu corpo.

A nova posição me permite ter um pouco mais do espetáculo que era vê-la dormindo. Eu não sabia como era a aparência de um anjo, mas se eles fossem tão bonitos quanto diziam eu tinha certeza que a Emma parecia com um. 

Com os cabelos bagunçados pelo travesseiro e a inocência e a delicadeza se misturando na sua face, ela ganharia fácil o título do mais bonito dos anjos.

Foi tudo uma apostaOnde histórias criam vida. Descubra agora