Capítulo 29

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POV GUSTTAVO 

Nunca fui um cara que costuma resolver as coisas na base da conversa, longe disso, mas ultimamente estou perdendo a cabeça com mais facilidade do que o comum, e ontem tive a prova de que há algo de muito errado acontecendo comigo. 

Já briguei tantas vezes no meu tempo de escola que não consigo contar, mas nunca entrei em uma briga para defender uma garota que não fosse a minha irmã. Mas assim que avistei, ainda da porta da sala do Sr. Montez, a Emma toda assustada enquanto tentava recolher um amontoado de papéis espalhados pelo chão em volta de um cara loiro senti que ela precisava de mim de alguma maneira, então a minha única reação foi correr para ela. E quando seus olhos bonitos me encararam com medo uma fúria que nunca senti na vida surgiu dentro de mim, fazendo meu sangue ferver e minhas mãos se fecharam em punho automaticamente, e tudo piorou quando o imbecil abriu a boca e começou a falar um monte de merdas sobre ela.

Naquele momento enxerguei tudo vermelho e estava pronto para mandar ele diretamente para o inferno quando o Hugo apareceu e me fez ver que eu estava deixando a Emma mais assustada do que ela já estava, então procurei me acalmar e parei de tentar alcançar o pescoço do idiota e estrangulá-lo até que ele deixasse de respirar. Só parei por ela, porque se ela não estivesse ali eu não tinha me importado de bater naquele desgraçado até que ele implorasse para que eu parasse. 

Eu não sei por que agi igual um animal raivoso, mas senti uma necessidade de protegê-la e mostrar para a droga da faculdade inteira que eu estaria pronto para outra se alguém se atrevesse a falar qualquer coisa que fosse sobre ela, e foi isso que deixei claro um pouco antes de eu ser afastado do imbecil que estava na minha frente com um sorriso tão grande no rosto que amaldiçoei o Hugo quando ele me puxou para longe, me impedindo de fazer com ele todas as malditas formas de mortes bem lentas que passavam pela minha cabeça naquela momento. 

Mas ainda assim senti uma satisfação imensa quando vi ele todo ensaguentado, embora eu soubesse que eu não estivesse muito diferente, mas cada maldito machucado valeu a pena quando a Emma cuidou deles no banheiro do quarto dela. Até mesmo a dor que senti quando ela passou aquele remédio dos infernos nos meus machucados valeu a pena.

Tirando a minha mãe, a Manu e a Mar, nunca ninguém tinha cuidado de mim da forma que ela cuidou. Sei que ela, provavelmente, estava e ainda está se sentido culpada, apesar dela não ter culpa nenhuma no que aconteceu, uma vez que, aquela briga iria acontecer mais cedo ou mais tarde, já que comi a namorada do imbecil, que eu não sabia que tinha namorado, apesar disso ser apenas um detalhe sem importância, já que ela que deveria se importar com isso não estava nem ligando para o babaca que estava a uns cômodos abaixo da gente. Mas mesmo assim, ela não tinha nenhuma obrigação de cuidar de mim, assim como eu não tinha obrigação nenhuma de cuidar dela, mas cuidarmos um do outro pareceu tão certo na minha cabeça ontem, apesar de hoje parecer completamente errado. 

Balanço a cabeça, desviando da direção que os meus pensamentos tomaram e passo a me concentrar no que eu estava fazendo. Eu tinha que encontrar uma maneira de passar pelo meu pai sem que ele percebesse o meu estado lamentável, já que não estou com paciência para enfrentar as suas reclamações logo pela manhã. Passei o resto do dia de ontem me escondendo dele, porque sei exatamente o que ele diria caso me visse desse jeito, com um olho roxo, dois cortes no rosto e os dedos esfolados. 

Talvez se eu enrolar mais uns minutinhos ele sai para o hospital e posso ir para faculdade sem ter que topar com ele pelo caminho, já que um óculos escuros não vai resolver o meu estrago, e mesmo se eu tentasse o meu pai me faria tirá-los assim que eu encostasse a bunda na cadeira. Mas como sei que ele não vai para o trabalho antes que eu apareça, já que sou o cara mais sortudo dessa merda de planeta, os óculos é a única opção que tenho. 

Foi tudo uma apostaOnde histórias criam vida. Descubra agora