POV EMMA
Embora eu não seja uma pessoa com o melhor sexto sentido do mundo, teria que ser cega para não perceber que tem algo errado com o Gusttavo, ele mal deu uma palavra desde que nos encontramos e tudo que falei com ele foi respondido em poucas palavras como se ele estivesse no automático. Depois de encarar ele tempo suficiente para perceber que não vou adivinhar decido perguntar diretamente.
— Você está bem, Gusttavo? — Ele me olha e o vejo hesitar por um instante.
— Sim, só estou com a cabeça cheia de coisas... faculdade e testes, sabe? — Ele tenta sorrir, mas não me convenceu. Sabia que tinha algo além disso, até porque faculdade e provas nunca foram algo que alterasse o humor do grande Gusttavo Lutter. Mesmo assim deixo o assunto morrer, por enquanto.
Quando cheguei em casa, contei aos meus pais sobre o convite da familía Gusttavo. Como esperado, meu pai franziu o cenho, minha mãe ficou animada.
— Minha resposta é não, mocinha. Não me importa nem que o papa vá junto, você fica em casa. E nada nem ninguém vai me convencer do contrário! — E isso foi tudo que ele disse indo para o segundo andar quase soltando fumaça.
Entretanto, depois de muita bajulação da minha parte e o poder de convencimento da minha mãe. Na sexta a tarde, eu estava com a mala pronta, esperando Gusttavo passar para me buscar. Quando o carro dele estacionou, senti frio na barriga e um arrepio descer pela nuca. Meu pai foi até a porta com uma expressão pouco amigável e seu olhar era quase uma placa de "cuidado" para o Gusttavo.
— Nós falamos com seus pais, mas por garantia, espero que você saiba que ela tem horário para voltar. Domingo, antes das seis. E eu quero que ela me ligue quando chegar lá e me avise se sair para qualquer lugar no raio de 1km. — A voz do meu pai saiu firme, e pude ver o Gusttavo assentir.
— Pai!
— E, acima de tudo, quero que saiba que se alguma coisa acontecer com a minha filha, ou eu notar um fio de cabelo se quer fora do lugar quando ela voltar, você vai se ver comigo. Fui claro?— Senti o calor subir ao meu rosto de tanta vergonha. Para mim ficou claro que o Gusttavo estava se esforçando para não rir ou responder qualquer coisa fora de lugar.
— Pode deixar, senhor. Eu vou cuidar bem dela. — Ele respondeu com um tom sério que eu não ouvia com frequência.
— Prefiro que a Emma cuide dela mesma e você cuide da sua própria pele mantendo uma distancia segura da minha filha, só assim vou deixar que ela continue grudada no seu corpo. — Gusttavo engole seco e eu dou uma risadinha para aliviar a tensão.
— Pronto, já chega disso pai. Vamos? — Me despeço dos meus pais e dou um beijinho na bochecha do Arthur que está triste por não ir junto. Entro no carro, dando uma última olhada para o meu pai pelo retrovisor, que continua nos observando até sumirmos de vista.
— Seus pais vão junto com a gente? — pergunto, me virando para ele.
— Vão no carro deles. A gente vai pegar a Manu agora — ele responde, focado na estrada. — Ela já mandou a mala no carro dos meus pais, veio comigo mais do nada surtou dizendo que precisava descer e comprar umas besteiras numa loja por aqui. — Assenti, Gusttavo diminui a velocidade ao avistar a Manu do outro lado da rua, conversando com um rapaz. Quando olho com mais atenção, percebo que era o Hugo, e ele parecia muito sério enquanto falava com ela.
— Ah, você não disse que o Hugo ia com a gente — comento, surpresa.
— Ele não vai, devem ter se encontrado por acaso. — ele responde acenando para os dois.
Manu acena para nós, encerrando a conversa com o Hugo. Ela se despede dele com um sorriso e vem correndo até o carro.
— Foi mal a demora, Emma — Ela diz entrando no carro e se jogando no banco de trás, com um humor que não parecia nada característico da Manu que conheço.
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Foi tudo uma aposta
RomanceEmma Collins é uma menina estudiosa, ingênua e de coração puro. Considerada a nerd estranha e sem amigos, fazia de tudo para mostrar que não se importava com as ofensas e apelidos que davam à ela, quando na verdade o seu coração quebrava mais um ped...