Capítulo 41 Parte II

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POV EMMA

Depois de resmungar por um minuto inteiro, Gusttavo me deixa na frente do prédio da Kate e volta para a sua casa de cara emburrada por eu ter dispensado a sua companhia pela segunda vez seguida. Ao passar pela recepção cumprimento o porteiro de expressão simpática e sorriso leve e caminho calmamente até um dos sofás de estofado marfim. Sento em uma das pontas do sofá e coloco a bolsa sobre as pernas, apoiando-a para que eu pudesse tirar o celular do bolso interno. Envio uma mensagem para a Kate dizendo que estava no hall de entrada a esperando e em segundos recebo uma resposta sua informando que ela estava no estacionamento pegando o carro, ao qual ela chamava carinhosamente de "bebê".

Enquanto ela não chegava, aproveito para mandar uma mensagem para a minha mãe dizendo que eu estava com a Kate e que provavelmente eu passaria a tarde com ela. Envio a mesma mensagem para o meu pai, para que ele não tivesse motivos para dizer que eu estava passando a maior parte do meu tempo com o Gusttavo, e segundos depois de visualizá-la ele começa a digitar.

Encaro confusa a mensagem que chega e preciso ler outra vez para me dar conta de que eu estava realmente lendo o que pensei que estava lendo.

"Quero uma foto sua junto com a Katerina. As duas abraçando a geladeira, uma de cada lado, e olhando para a cara uma da outra enquanto dão as mãos."

"Qual a finalidade disso?"

"Para que eu possa ter certeza de que você não está com aquele garoto."

"Pai! Pensei que o senhor confiasse em mim."

"Estou brincando, filhinha, sei que você não mentiria para mim. Mas se quiser mandar a foto o papai ficará agradecido."

Balanço a cabeça antes de enviar uma mensagem dizendo que não mandarei foto nenhuma e é inevitável não sorrir com o jeito protetor e ao mesmo tempo dramático do meu pai. Isso só me faz confirmar ainda mais as minhas suspeitas de que vai ser complicado convencê-lo a me deixar ir para a casa de campo dos pais do Gusttavo. Não com o Gusttavo junto.

O barulho de uma buzina insistente me faz tirar os olhos da tela do celular e guardo o aparelho quando vejo a Kate e o seu bebê esperando por mim. Me despeço do porteiro e vou até ela, que acena animadamente para mim como se eu já não a estivesse vendo.

_ Por que você está usando essas roupas? _ Pergunto quando entro no carro e estranho o modo como ela está vestida.

Kate vestia um vestido laranja que batia no meio das suas coxas e tinha um decote generoso que deixava os seus seios em evidência. Nos pés ela calçava sapatos de salto da mesma cor, assim como a bolsinha de alça que ela levava no ombro.

_ Consultei o horóscopo. Ele disse que a minha cor de hoje é laranja e que ainda neste mês vou encontrar com o amor da minha vida, não que eu esteja procurando por algo a mais que uns bons orgasmos, mas vai que o amor da minha vida é um cara gostoso e bem dotado, logo não seria nada mau gastar um pouquinho do meu tempo com ele. _ Diz com um sorriso malicioso e reviro os olhos para as suas palavras indecentes e por saber que ela ainda visitava sites de previsões para o futuro.

Kate acreditava cegamente em mapa astral, horóscopo, signos e todas essas coisas parecidas. Eu, por outro lado, não levava a sério nada disso.

Me acomodo direito no banco e passo o cinto de segurança pelo corpo.

_ Hoje é dia de escutar música de bad e chorar pelo Henry Cavill que eu nunca vou ter. _ Kate lamenta e conecta o celular no aparelho de som do carro, abrindo a pasta de músicas nomeada de "para ouvir na TPM".

Todo o nosso percurso foi ocupado por músicas românticas, uma seguida da outra. Nesse meio tempo vi a Kate sorri forçado, gargalhar alto, choramingar, gritar palavrões ofensivos para os carros que a ultrapassavam, passar por pelo menos dois sinais vermelhos, fazer careta devido as cólicas e questionar Deus o por que de ele não ter reservado essa tortura mensal aos homens ao invés das mulheres. Segundo ela já bastava que nós mulheres sofrêssemos a dor do parto e tivéssemos aquela parte lá alargada pela cabeça de um bebê, logo não seria nada justo que passássemos ainda por tamanho sofrimento todos os meses.

Foi tudo uma apostaOnde histórias criam vida. Descubra agora