POV EMMAO Gusttavo continuava me olhando com as sobrancelhas escuras franzidas, formando um pequeno vinco entre elas, e um sorriso de canto que provocava coisas estranhas pelo meu corpo. Talvez esse fosse o sorriso que ele usava com as garotas quando queria alguma coisa delas e pensar nisso causou um pequeno incômodo no meu peito, que forcei a sair de mim por não ter nenhum motivo para senti-lo.
_ Eu preciso da sua ajuda, Emma. _ Ele diz novamente, lançando o lábio inferior para frente em um bico.
Ele tinha passado o intervalo inteiro tentando me convencer a ir com ele procurar um presente para a irmã que faz aniversário amanhã, e eu neguei em todas as vezes que ele me pediu. Estávamos passando mais tempo juntos do que separados e constatar isso me fez perceber que toda essa proximidade representava um perigo que eu não estava disposta a correr, mas que por alguma razão eu estava sempre sendo arrastada para ele.
_ Vai para o seu lugar. A aula já vai começar. _ Digo, olhando para porta, torcendo para que o professor da aula seguinte passasse por ela e o Gusttavo tivesse que desocupar o lugar ao meu lado.
_ Só saio daqui se aceitar ir comigo, caso contrário, terá que suportar a minha agradável presença te incomodando de cinco em cinco segundos. _ Ele se recosta na cadeira e cruza os braços na altura do peito em uma postura clara de que não iria ceder enquanto eu não cedesse primeiro.
Sei que ele não estará desistindo enquanto a minha resposta não for um sim, então depois de um suspiro cansado aceito acompanhá-lo na esperança de que ele pegue suas coisas e se encaminhe para o fundo da sala como sempre faz, mas contrariando as minhas vontades ele permanece onde está, me fitando profundamente com seus olhos escuros e um sorriso que faz com que um arrepio percorra a minha coluna e se instale na minha barriga. Viro o rosto para outra coisa que não fosse ele e me escondo do seu olhar e do rebuliço de emoções que ele me causava.
_ Você bem que podia almoçar comigo quando sairmos daqui, assim não perderíamos tempo e terminaríamos com isso mais cedo do que o esperado. _ Ele diz, atraindo minha atenção para ele.
Em algumas horas teremos que estar na biblioteca estudando uma pilha de textos para as aulas da próxima semana, logo eu não estaria cedendo para esse pedido como fiz com o anterior.
_ E passar o dia inteiro com você? Não, obrigada. _ Digo e ele faz uma careta.
_ Não me diga que a minha companhia ainda não te agrada, porque eu já estou aprendendo a conviver com a sua. _ Ele diz, apoiando o cotovelo na minha mesa, o que o levou a se aproximar alguns centímetros a mais do que o necessário.
_ Já estou concordando em ajudá-lo a encontrar um presente para a sua irmã, não posso passar o dia todo longe de casa, tenho as minhas próprias coisas para fazer. _ Ele volta a se recostar na sua cadeira e consigo respirar novamente.
_ Posso ao menos te buscar na sua casa ou ficar em um carro comigo por alguns minutos irá te sufocar? _ Ele pergunta, levantando e arrastando a cadeira que ele ocupava de volta para o seu lugar.
_ Tudo bem. _ Digo e no momento que ele vira as costas a porta se abre e o professor passa por ela seguida de um rapaz de cabelos castanhos avermelhados.
O professor para na frente da turma e o rapaz percorre o olhar por toda a sala antes de concentrar a sua atenção no homem ao seu lado.
_ Bom dia a todos! _ O professor cumprimenta depois de colocar a sua pasta sobre a mesa junto com alguns livros da sua disciplina _ Este é o Sr. Rodrigues ou Lucas, como ele preferir ser chamado.
_ Lucas. Por favor. _ O rapaz responde numa voz calma e contida.
_ Ele é estudante de Engenharia Civil da federal e está desenvolvendo um projeto interdisciplinar que abrangerá alguns cursos superiores, portanto ele irá passar alguns dias conosco realizando um trabalho de observação para que ele possa conhecer um pouco da nossa realidade: acadêmicos de Medicina. _ Ele prossegue na sua explicação _ Qualquer dúvida ou pergunta que tiver pode perguntar para mim ou para qualquer um dos alunos. _ O professor diz, dirigindo-se ao rapaz, que agora sei que se chama Lucas, e ele agradece antes de pegar a folha de papel que o professor lhe estendia e se encaminhar para uma das laterais da sala.
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Foi tudo uma aposta
RomansaEmma Collins é uma menina estudiosa, ingênua e de coração puro. Considerada a nerd estranha e sem amigos, fazia de tudo para mostrar que não se importava com as ofensas e apelidos que davam à ela, quando na verdade o seu coração quebrava mais um ped...