Capítulo 30 Parte II

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POV EMMA

Era a segunda vez no dia que ele estava agindo estranho. Em uma hora ele era o Gusttavo de sorrisinhos fáceis e no outro era o Gusttavo de palavras grosseiras e olhar furioso. Sua mudança de humor repentina estava me deixando confusa e ao mesmo tempo irritada por ele ser tão difícil de entender. 

Dou um sorriso envergonhado para as pessoas que passam me empurrando e seguro fortemente a sacola com os livros entre os dedos antes de atravessar o corredor principal e passar pelas portas que davam acesso à calçada. 

Inspirando fundo, paro por um instante para contemplar o céu nublado. Faltava muito para o fim do dia, mas o sol já havia sido escondido pelas nuvens pesadas e escuras. Uma brisa fria tocou o meu rosto, me indicando que o tempo havia mudado drasticamente, assim como o humor do Gusttavo veio mudando durante o dia. Mostro um sorriso para um garotinho que passa por mim levando um carrinho ainda na embalagem e começo a me mover na direção de casa, já que eu tinha muito o que andar até estar no conforto do meu quarto. 

Estava dobrando a esquina quando um carro que conheço bem passa a andar devagar do meu lado. Continuo o meu caminho, fingindo que não notei a sua presença até que ele buzina repetidas vezes, tentando atrair a minha atenção. Perdendo o pouco da paciência que eu ainda tinha, olho para o lado e vejo o Gusttavo me encarando com um pequeno sorriso. 

_ Eu levo você. _ Ele diz, passando os dedos pelos cabelos. 

Eu já tinha passado tempo suficiente ao lado dele para saber que esse gesto dizia que ele estava nervoso. Só não sabia o motivo do seu nervosismo.

_ Achei que você tinha ido embora. _ Digo, deixando evidente no meu tom de voz que eu não estava contente com o modo que ele vinha agindo. 

_ Não consegui ir sabendo que você tinha ficado. Voltei na metade do caminho. _ Ele esclarece como se esperasse que a sua confissão me fizesse desfazer a expressão insatisfeita que coloquei no rosto desde o momento que encontrei ele sorrindo desajeitadamente. 

Ele apoia o braço dobrado no volante e inclina o corpo para alcançar a porta do carona e abri-la para mim. 

_ Entra, Emma. _ Ele diz, voltando a se recostar no banco. 

_ Estou indo caminhando, mas obrigada pela boa vontade. _ Falo sarcasticamente e lhe dou as costas, continuando o meu caminho. 

_ Emma. _ Ele grita, mas estou concentrada demais em ignorá-lo para olhar para trás. 

Escuto o barulho da porta do carro sendo fechada e logo após dos seus passos correndo na minha direção. Estou a um passo de atravessar a rua quando sua mão envolve meu braço, me detendo. Seus dedos descem até o meu pulso e ele passa o polegar suavemente no meu ponto de pulsação, que já estava acelerado pelo simples fato da pele dele estar em contato com a minha. 

Ele me faz virar e quando meu olhar encontra o seu vejo algo que até então era novo para mim no que se referia a ele. Seus olhos transmitiam arrependimento e outra emoção que não consegui decifrar, já que a proximidade na qual nos encontrávamos não me permitia raciocinar direito.

_ Entra no carro, Emma. Por favor. _ Ele fala baixinho a última parte e passa a me encarar em silêncio. Sua boca se abre e quando penso que ele vai falar mais alguma coisa ele a fecha. Sustento o seu olhar por alguns segundos e quando começo a me afastar ele segura meu pulso com um pouco mais de força _ Por favor. _ Ele repete e liberta meu braço quando tento me soltar novamente. 

Disfarçadamente, massageio o lugar que ele havia me tocado, na tentativa de aliviar o formigamento que seu toque havia me causado. 

_ Tudo bem. _ Digo, cedendo mais uma vez a ele e me sinto uma idiota por isso. 

Foi tudo uma apostaOnde histórias criam vida. Descubra agora