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Emma Thompson

- Eai, demorou! - falo com Fernando quando ele finalmente entra na sala e senta ao meu lado.

- É, eu precisei resolver uns assuntos na direção. - ele diz sem olhar nos meus olhos, fazendo eu franzir o cenho.

- Ah, entendi. Espero que tenha não sido algo sério. - respondo, tentando manter o tom casual, mas a curiosidade me consome.

Chegamos da Alemanha há algumas semanas e já voltamos com tudo para nossa rotina, principalmente na faculdade e nos estágios.

Olho para meu melhor amigo do meu lado e vejo como ele está estranho, mas não fala o que está acontecendo.

Respiro fundo.

Fernando continua a evitar meu olhar, e isso só aumenta a minha desconfiança. O que ele realmente estava fazendo?

- Você não parece muito empolgado para a nossa apresentação. - digo, tentando provocar uma reação dele.

Ele finalmente me olha, mas seus olhos carregam uma expressão distante.

- Só estou com muita coisa na cabeça, só isso. - ele diz e já desvia o olhar.

- Está tudo bem mesmo, Fernando?
- ele assente

- Está. - ele responde, mas o jeito como sua voz é monótona não me convence.

E ficamos em silêncio, já que eu optei por não perguntar mais nada já que ele claramente não está afim de conversar.

O silêncio se estende entre nós, e eu sinto que a tensão no ar é palpável. Olho para ele, esperando que ele abra o jogo, mas ele parece perdido em seus pensamentos.

- Ok, vamos lá. - digo, quebrando o silêncio, tentando trazer um pouco de leveza à situação. - O que você acha de fazermos um ensaio rápido antes da apresentação? Precisamos estar afiados.

Fernando finalmente me encara, e por um momento, vejo uma faísca de determinação em seus olhos.

- Pode ser. - ele concorda, respirando fundo. - Vamos revisar nossas partes.

Enquanto começamos a discutir o que cada um vai apresentar, percebo que, mesmo com a aparente distração dele, ele ainda está comprometido com o trabalho. As palavras fluem e começamos a elaborar nossas ideias.

- Então, sobre a parte do roteiro, eu pensei em... - começo a explicar, mas sou interrompida por um barulho do lado de fora da sala.

Uma turma está rindo alto, e isso faz Fernando olhar novamente para a porta, como se estivesse fugindo da nossa conversa. Sinto uma pontada de frustração.

- Ei! - digo, tentando chamar sua atenção de volta. - Foca aqui! Precisamos disso.

Ele me olha, e dessa vez há uma pitada de culpa em seus olhos.

- Desculpa, Emma. Estou tentando. - ele diz, e há um pouco de sinceridade na sua voz.

- Tudo bem. Eu só quero que a gente esteja pronto. O que quer que esteja te preocupando, vamos deixar de lado por agora. Estamos na reta final. - insisto, tentando encorajá-lo.

Ele respira fundo e assente, mas ainda parece distante.

- Certo. Você está certa. Vamos nos concentrar. - ele diz, e parece que finalmente está começando a se soltar.

Assim, continuamos a ensaiar, revisando nossas falas e ajustando os pontos que precisavam de atenção. Sinto que, aos poucos, Fernando está voltando ao jogo.

Milagres do Futebol // Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora