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Lucas Thompson
Bônus 5/10

"Eu ainda não conheço ela, mas tenho certeza que sua irmã é forte, Lucas. Tenha fé!"

Leio a menssagem de Luara. Ela é uma "amiga" a qual eu conhecido na escola, ela é do segundo ano e bom, também é serva de Deus. Nós começamos a conversar e sair tem pouco tempo, eu realmente gosto dela, mas nem ela consegue me animar com tudo que está acontecendo, principalmente com a ausência de Emma.

Olho para a mensagem de Luara mais uma vez, tentando encontrar algum tipo de consolo nas palavras dela, mas tudo o que sinto é uma mistura de frustração e cansaço. A verdade é que, por mais que ela tente me animar, nada parece ser capaz de tirar essa dor que tem apertado meu peito. Emma está ali, e eu mal posso fazer algo para ajudá-la.

Penso em Luara e em como ela tem sido compreensiva. Apesar de estarmos nos conhecendo há pouco tempo, ela sempre se mostrou atenciosa, uma pessoa que me ouve e me faz sentir confortável para falar sobre tudo. Mas, nesse momento, nada parece suficiente. O vazio da ausência de Emma é grande demais.

Com um suspiro, deixo o celular de lado e encosto a cabeça na parede, tentando organizar meus pensamentos. As palavras de Luara, ainda ecoando na minha mente, começam a se repetir: "Tenha fé." Isso, de alguma forma, mexe comigo.

— Eu sei que ela está certa — respiro fundo, mas a voz soa fraca e distante. — Eu sei que Emma é forte, mas...

O "mas" fica pendurado no ar, porque, no fundo, eu ainda não consigo acreditar totalmente nisso. Emma sempre foi a pessoa que me dava força, e agora, vendo ela tão frágil, eu me sinto completamente impotente.

O som do relógio nas paredes do hospital parece ainda mais irritante, como se o tempo estivesse andando devagar demais. Quero que tudo se resolva rápido. Quero ver minha irmã acordada, rir das nossas piadas bobas e sentir que, finalmente, ela está fora de perigo. Mas, até lá, tudo o que posso fazer é esperar.

Meu celular vibra novamente, e vejo outra mensagem de Luara, dessa vez com um versículo: "Tudo posso naquele que me fortalece."

Sorri sem vontade, reconhecendo o esforço dela, mas também a sensação de que, por mais que eu tente me agarrar a essa fé, meu coração ainda dói demais para acreditar completamente.

Com um suspiro, volto minha atenção para o quarto de Emma. Sinto uma necessidade desesperada de estar perto dela, de segurar sua mão, de estar lá para o que quer que aconteça. Nada mais importa no momento. Eu só preciso dela de volta.

Levanto-me do banco e caminho até a janela, olhando para o horizonte, como se procurando algum sinal de que tudo vai melhorar. As palavras de Luara ainda ecoam na minha mente, mas a verdade é que, por mais que eu queira acreditar nelas, a realidade que eu estou vivendo parece tão distante dessa esperança.

— Eu preciso de você, Emma... — murmuro para mim mesmo, com a esperança de que, de alguma forma, ela possa me ouvir.

E, por um momento, sinto que a fé, mesmo que pequena, ainda existe.

Entro em seu quarto e como as outras vezes: ela "dormia" profundamente.

— Eu trouxe duas coisas para você.
— digo assim que me sento perto dela, pego em minha mochila uma rosa que colhi no jardim. Emma ama flores.— Trouxe uma rosa para dar cor e vida nesse lugar e também, trouxe um Uno. Lembra das nossas competições com a mamãe? Ela sempre foi a melhor, mas eu tenho certeza que ainda iremos vencer ela algum dia.

Coloco a rosa em um vaso ao lado da cama de Emma e, com um sorriso tímido, abro o Uno que trouxe. Lembro-me das tardes passadas com minha mãe e Emma, jogando, rindo e competindo. A nossa mãe, sempre cheia de energia, era imbatível no jogo. Emma e eu sempre tentávamos, mas no fundo, sabíamos que ela era a campeã. E ainda assim, era divertido — um alívio nas rotinas agitadas e um tempo de puro prazer juntos.

Fecho os olhos por um momento, tentando recordar a última vez em que rimos juntas, sem preocupações, sem tristezas. Esse pensamento traz um calor ao meu coração, mas também uma dor que parece aumentar cada vez mais. Como eu queria voltar a esses dias simples.

Passo a mão pela rosa, sentindo suas pétalas macias, e deixo escapar um suspiro profundo.

— Emma, você tem que acordar logo. Eu sei que a gente ainda vai ter nossas competições, e, no final, sei que vou ganhar de você, mesmo que a mamãe continue sendo a mais rápida. — digo, tentando soar mais leve, mas minha voz treme.

Fico ali por mais alguns minutos, apenas olhando para ela, ouvindo o som suave da respiração dela e as máquinas ao fundo, como se estivesse esperando algum sinal. Algo que me mostrasse que ela está ouvindo, que está lutando para voltar para nós.

— Você é a pessoa mais forte que eu conheço, Emma. E, por mais difícil que seja, eu sei que você vai superar isso. Porque você sempre foi mais forte do que qualquer um de nós.

Levanto-me do lado da cama e, com um último olhar para o rosto dela, volto a me sentar na cadeira. Dou mais uma olhada na rosa, o toque suave ainda em minha mente. Sinto que, por mais que tudo esteja incerto e assustador, talvez essa pequena chama de esperança seja o que precisamos para atravessar esse momento.

— Eu te amo, irmã. E eu estarei aqui, esperando por você.

A saudade que sinto é imensa, mas algo em mim diz que, de alguma forma, Emma está lá, lutando também. Talvez, apenas talvez, ela escute as palavras que eu digo para ela. Talvez, ela sinta o quanto ela é importante e amada.

Eu fecho os olhos por um momento e deixo as lágrimas caírem silenciosamente. E, enquanto a noite avança e o hospital se cala ao redor, espero. Porque, no fundo, sei que a fé, mesmo que ainda frágil, pode ser o que vai me manter forte.

Mas estava faltando uma coisa. Volto para seu quarto, me sento e pego em sua mão. Fecho meus olhos e me preparo para uma oração.

Fecho os olhos, segurando sua mão com firmeza. As palavras começam a sair de mim sem esforço, como um reflexo do que meu coração mais deseja.

— Senhor, eu sei que a Tua vontade é boa e perfeita, mas, nesse momento, estou com o coração apertado. Emma está aqui, e eu sinto a dor dela como se fosse minha. Mas, Senhor, eu sei que Tu és mais forte do que qualquer adversidade, mais poderoso do que qualquer situação. Eu confio em Ti.

A voz embarga um pouco, mas continuo, sentindo a presença Dele me envolver, mesmo na escuridão do hospital.

— Por favor, Senhor, traz minha irmã de volta. Fortalece ela, dá-lhe a força que ela precisa para superar tudo isso. Eu sei que Tu tens um plano, mesmo quando não consigo entender. Eu sei que Tu a amas mais do que eu e quero que ela sinta o Teu amor agora, onde quer que ela esteja. Que ela sinta a Tua presença ao redor dela, que ela saiba que estamos aqui, esperando por ela.

Dou um suspiro profundo, sentindo um peso ser aliviado a cada palavra. Sinto que, de algum modo, minha fé, por mais pequena que seja, ainda está comigo.

— Obrigado por tudo, Senhor. Por me dar a minha família, por me dar a Emma. E por me ajudar a aguentar esse momento difícil. Eu sei que Tu estás no controle, e por mais que eu queira que ela acorde agora, eu confio que, quando for a hora certa, ela estará pronta para voltar para nós.

Por fim, abro os olhos, olho para Emma e dou um beijo em sua mão, ainda sentindo uma leve esperança se acender dentro de mim. O caminho à frente é incerto, mas eu sei que, enquanto minha fé existir, não estarei sozinho. Nem Emma.

— Eu estarei aqui, irmã. Não importa quanto tempo demore.

Com mais uma oração silenciosa em meu coração, fico ali, ao lado dela, esperando que a cura e a força de Deus tragam minha irmã de volta para mim.

Milagres do Futebol // Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora