Alice Menezes
Bônus 4/10Dirijo tranquilamente pelas ruas de Barcelona, com Lucas ao meu lado, absorto em sua música, os fones de ouvido cobrindo qualquer som ao redor. Típico de adolescente. Ele não parecia se importar muito com a situação, como se estivesse em outro mundo, o que, na verdade, é exatamente o que ele fazia — se esconder no seu universo musical.
Estamos a caminho de visitar Emma, minha melhor amiga, que está passando por um momento difícil. A ansiedade aperta meu peito à medida que nos aproximamos.
Estaciono o carro na garagem do hospital e seguimos para a recepção.
— Quer ir primeiro? — pergunto para o garoto. Ele me olha com os olhos brilhando e eu vejo como ele sente falta da irmã.
Só pode um visitante por vez e a visita dura vinte e cindo minutos.
— Posso ir mesmo?
— Vai la.
Lucas não hesita. Ele retira os fones de ouvido, coloca-os ao redor do pescoço e segue em direção ao elevador com passos rápidos. Eu o observo, com o peito apertado. Ele sempre foi o mais descontraído entre nós, mas agora vejo uma seriedade que jamais imaginei nele. A preocupação com Emma é clara em seu olhar, e isso me deixa com o coração ainda mais apertado.
Espero na recepção, tentando não me perder nos meus próprios pensamentos. O hospital é silencioso, o ambiente frio, e a cada minuto que passa, o peso do momento se torna mais presente. Sei que Emma precisa de todos nós, mas também sei que ela está em um estado delicado. O que mais me dói é o fato de eu não poder fazer muito, além de ser uma presença constante ao seu lado.
Decidi dar uma passada na praia, que é literalmente de frente ao hospital, é só atravessar.
Caminho até a praia, aproveitando a breve pausa para respirar fundo e deixar o som das ondas me acalmar. A areia fria sob os meus pés é um contraste bem-vindo ao ambiente tenso do hospital, e o horizonte do mar parece oferecer um pouco de paz em meio ao caos de sentimentos que estou tentando controlar. Observar o mar sempre foi uma forma de clarear a mente, uma espécie de refúgio silencioso.
Meus pensamentos, no entanto, permanecem em Emma e em Lucas. Sei o quanto é difícil para ele ver a irmã assim, e o quanto ambos são próximos. Emma sempre foi um pilar para ele, e agora vejo esse garoto que normalmente é tão despreocupado tentando ser forte, para ela e para ele mesmo. Tento encontrar forças para mim também, para ser aquela amiga que Emma sempre teve ao seu lado, em todos os momentos, bons ou ruins.
O som do meu celular interrompe meus pensamentos. É uma mensagem de Lucas, avisando que já desceu e está me esperando na recepção. Respiro fundo uma última vez, deixando o vento levar um pouco da minha ansiedade, e volto para o hospital.
De repente uma memória vem em minha mente. Eu e Emma aproveitando a infância em uma praia lá em Recife. Naquele dia juramos uma a outra que seriamos amigas para sempre, que estaríamos juntas na alegria e na tristeza, até até a morte nos separe e que nos encontremos na vida eterna ao lado de Jesus.
Sem perceber, deixo uma lágrima solitária escorregar pela minha bochecha. Emma sempre é mais do que minha melhor amiga, ela é minha irmã de alma, em Cristo, do coração e eu não me imagino sem ela. Saber que, querendo ou não, existe a possibilidade de ela não acordar mais, me deixa desamparada.
— Oi.— escuto uma voz masculina ao meu lado e limpo as lágrimas antes de me virar e me deparar com..
Balde.
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Milagres do Futebol // Pablo Gavi
FanficNão julguem o livro pela capa! Livro cristão! Emma Thompson, uma jovem brasileira cristã, ganha uma bolsa para estudar jornalismo esportivo na faculdade de Barcelona. Lá, ela conhece Pablo Gavi, uma estrela em ascensão no futebol, conhecido por seu...