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Fernando González
Bônus 6/10

Quando soube do acidente de Emma, fiquei desesperado. Minha melhor amiga, a garota em que eu me apaixonei perdidamente, mesmo sabendo que nunca seria recíproco. Mesmo assim, sempre estive lá por ela, nos bons e maus momentos, como um amigo. Mas, no fundo, sempre havia algo mais que eu não conseguia expressar.

Emma é uma peça muito importante na minha vida. Ela sempre foi a pessoa com quem eu compartilhei meus maiores medos, minhas vitórias e minhas derrotas. Fui o ombro em que ela chorava, o amigo que a fazia rir nas tardes mais difíceis. E, apesar de nunca termos dado um passo além da amizade, minha afeição por ela sempre foi algo que eu guardei em silêncio, sem nunca querer pressioná-la ou complicar as coisas.

Eu queria ter vindo antes, quando o acidente aconteceu, mas as coisas em Madrid estavam complicadas. Eu queria ter vindo antes, mesmo sabendo que ela está em boas mãos. Mas, mesmo assim, o peso de estar longe, de não poder estar presente quando ela mais precisava, me consumiu. E então, depois de deixar tudo em ordem, eu finalmente consegui sair de Madrid e vim para Barcelona, com o único objetivo de vê-la, de estar ao seu lado.

Ao chegar ao hospital, meu coração estava acelerado. Eu não sabia se estava pronto para ver Emma assim, deitada naquela cama, cheia de aparelhos e com o corpo tão quieto. A última vez em que nos vimos, ela estava cheia de vida, rindo de alguma piada boba, falando sobre algo que ela estava planejando fazer no fim de semana. Justo ela, sempre tão vibrante, tão cheia de energia. E agora, tudo parecia ter mudado em um instante.

Quando entrei no quarto, meu peito apertou. A sala estava silenciosa, apenas o som das máquinas e o som suave da respiração dela preenchendo o ar. Ela parecia tão frágil, tão distante de tudo o que era. Meu corpo tremia, mas eu tentei me manter firme, como sempre fiz, mesmo que dentro de mim uma tempestade de emoções estivesse se formando.

Me aproximei devagar, com o coração pesado. Sentei ao lado da cama dela, tomando sua mão fria entre as minhas, sentindo o toque leve, mas sem resposta. Fechei os olhos por um momento, tentando controlar a dor que eu sentia, tentando não deixar transparecer a minha ansiedade. Eu sempre estive ali por ela, em todos os momentos, mas agora, estava em um lugar onde não podia fazer nada além de esperar. E isso me corroía por dentro.

— Emma, eu sei que você é forte... Sei que você vai sair dessa. Sempre foi mais forte do que qualquer um de nós — murmurei, mais para mim mesmo do que para ela. Minha voz soava baixa e rouca, a emoção me pegando de surpresa. — Eu sempre estive aqui, e eu sempre estarei aqui. Eu vou esperar o tempo que for necessário. Você não está sozinha, não está mais sozinha.

Eu olhei para o rosto dela, tentando encontrar alguma expressão familiar, algo que me dissesse que ela estava lutando, que ela ainda estava ali. Mas tudo o que eu vi foi o silêncio. Eu sabia que Emma nunca havia sido uma pessoa que se entregava facilmente, nunca foi do tipo que se deixou derrotar pelas dificuldades. E agora, ao vê-la assim, uma onda de impotência me dominava. Eu queria ser o herói, o amigo que sempre trazia a luz para os momentos escuros, mas não sabia como.

Fechei os olhos, tentando conter as lágrimas, mas elas vieram assim mesmo, silenciosas. Não queria chorar, não queria mostrar que estava fraco, mas não conseguia mais segurar. As palavras da Luara, que insistiam para eu ter fé, pareciam tão distantes agora, como se fossem de outra vida. Como eu poderia ter fé quando a pessoa que eu mais amava estava ali, distante de mim, sem poder fazer nada para trazê-la de volta?

Milagres do Futebol // Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora