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Emma Thompson

— Sente alguma dor? — o Doutor em minha frente pergunta, enquanto analisa uma prancheta.— dor na cabeça, principalmente? No corpo? — ele parecia um pouco assustado.

— Não, doutor. Eu não sinto nenhuma dor e posso dizer que estou bem, exceto por uma fraqueza, cansaço.— digo fazendo uma careta. Só quero ir embora.

— Isso é esperado. Você esteve em coma por semanas, Emma. É normal sentir fraqueza. — Ele se aproxima, seus olhos avaliando cada detalhe do meu rosto. Ele estava claramente assustado e surpreso.— Como isso é possível, Emma? Você sofreu um acidente brutal. As chances de morrer no local eram bem maiores do que as de sobreviver. Além disso, você bateu a cabeça com força, teve uma hemorragia interna, mais uma oportunidade de não resistir. Ficou em coma, e a chance de despertar sem sequelas era quase impossível. E, ainda assim, aqui está você, totalmente bem, sem sequer um osso quebrado. Como isso pode ser?

Eu o encaro, tentando processar tudo o que ele acaba de dizer. A gravidade do acidente, o coma, as mínimas chances de sobrevivência... É como se uma enxurrada de informações caísse sobre mim de uma só vez. Sinto uma espécie de frio na espinha, mas também uma paz inexplicável, como se tudo o que aconteceu tivesse sido parte de algo maior.

Sorrio sabendo como é possível.

— Deus, doutor, apenas Deus.— o respondo.

Ele me olha por alguns segundos, claramente esperando que eu continue. Seu olhar está cheio de dúvida e, ao mesmo tempo, curiosidade.

— Eu sei que parece impossível, e talvez até estranho ouvir isso, mas foi Deus quem me trouxe de volta. — respiro fundo, sentindo cada palavra que sai da minha boca. — Em algum momento, enquanto eu estava... fora, tudo parecia escuro e vazio. Mas então, uma paz imensa me envolveu, uma presença me disse que não era o meu fim. Que eu tinha algo a mais para viver e fazer.

Ele franze o cenho, ainda sem conseguir disfarçar o espanto, mas ouve atentamente. Eu continuo, deixando que as palavras fluam naturalmente.

— Deus me sustentou, doutor. Mesmo que, fisicamente, eu não estivesse aqui, eu não estava sozinha. — meus olhos se enchem de lágrimas, mas mantenho um sorriso. — Ele cuidou de mim, me deu forças para voltar. E eu estou aqui, de volta, inteira.

O médico fica em silêncio, claramente impactado pelas minhas palavras. Ele desvia o olhar por um momento, respirando fundo, como se estivesse tentando processar tudo o que ouviu.

— Bem… você é, sem dúvida, um milagre, Emma. — Ele finalmente responde, com um pequeno sorriso de admiração.— Vou avisar seus familiares, eles estão ansiosos por notícias suas.

Sorrio, sentindo meus olhos lacrimejarem ao lembrar de todos que amam, que me esperavam ansiosamente.

Enquanto o doutor sai do quarto para chamar minha família, meu coração se enche de gratidão. Estou viva, estou bem, recebi uma nova chance. Uma chance que não posso desperdiçar.

Olho ao redor, absorvendo cada detalhe daquele quarto hospitalar, mas não sinto medo. Pelo contrário, uma sensação de propósito me invade.

Poucos minutos depois, ouço passos no corredor, e a porta se abre. Minha mãe é a primeira a entrar com Roger, e o alívio estampado em seu rosto me emociona. Ela corre até mim, abraçando-me com cuidado, e sinto seu corpo tremer em meio a soluços.

Milagres do Futebol // Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora