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Este capítulo, especialmente a segunda parte, foi inspirado na música da jovem cantora Maria Marçal. Seria maravilhoso se vocês pudessem escutá-la enquanto leem essa parte, pois acho que ela traz uma emoção ainda mais profunda à história.

Não é obrigatório, mas acredito que a música adicionaria uma camada especial. Vou avisar no capítulo o momento exato para colocar a música.

Boa leitura, e um beijo!

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Emma Thompson

— Você precisa se alimentar bem. Nos seus exames deu início de uma anemia, você precisa reduzir nos doces, no ESTRESSE e cuidar da sua alimentação. — o médico vai dizendo, enquanto minha mãe escuta atentamente e me lança um olhar repreendedor.

Hoje, finalmente, eu iria embora dessa hospital. Minha recuperação foi boa e rápida, reagi bem aos medicamentos e estava pronta para voltar pra casa.

— Pode deixar, Doutor. Eu estarei de olho nela.— Mamãe responde como se eu fosse uma criança de oito anos.

Eu não consigo evitar um suspiro. Às vezes, minha mãe tem esse jeito de me tratar como se eu fosse ainda uma adolescente, apesar de já estar adulta. Sei que ela se preocupa, mas é difícil lidar com o olhar de reprovação dela.

— Mãe, por favor, não precisa exagerar. Eu vou me cuidar, eu prometo. — falo tentando passar a impressão de que estou em controle, embora no fundo eu ainda sinta um pouco de insegurança sobre como vou gerenciar tudo sozinha.

O médico, aparentemente, percebe a nossa implicância no ar e tenta aliviar um pouco, dando um sorriso simpático.

— É bom que tenha alguém para apoiar, Emma. Às vezes, a recuperação não é apenas física, mas emocional também. Não hesite em pedir ajuda, se precisar.

Eu aceno, tentando absorver a informação. Não sei se sou tão boa em pedir ajuda quanto parece, mas vou tentar. Não quero que minha mãe tenha razão, mas a verdade é que, depois de tudo, eu sei que preciso dar um passo atrás e repensar algumas escolhas.

Quando saímos do consultório, minha mãe me ajuda a pegar as coisas. O hospital parece ter engolido todo o resto do mundo, e sair dali é um alívio. O ar fresco lá fora me dá a sensação de liberdade, mas também de insegurança. E logo me pego pensando se vou conseguir manter a promessa que fiz, tanto para mim quanto para minha mãe.

— Vamos para casa. Você vai descansar bastante. — Minha mãe não se deixa enganar pela minha tentativa de esconder o cansaço. Ela sabe que estou exausta e provavelmente muito mais frágil do que tento mostrar.

— Sim, eu vou descansar, mãe. Só quero deitar na minha cama e não pensar em mais nada por um tempo. — Respondo, sentindo a cabeça pesar. Tudo o que quero agora é a sensação do meu próprio espaço, sem a pressão de ninguém me observando.

O caminho de volta é silencioso com ela no volante, e, embora eu aprecie a paz momentânea, não posso evitar pensar no que vem pela frente. Eu sei que vou precisar de muito mais do que descanso para voltar ao meu ritmo, mas, por enquanto, vou me contentar com o conforto do lar e com o apoio da minha mãe.

Quando chegamos em casa, sinto uma mistura de alívio e ansiedade. A sensação de estar no meu espaço é boa, mas sei que minha recuperação não é algo que acontecerá da noite para o dia. Eu realmente preciso mudar, tanto fisicamente quanto mentalmente.

Milagres do Futebol // Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora