Pablo Gavi
Era estranho estar na igreja depois de tantos anos. Sei que, desde o acidente com Emma, tenho vivido algumas experiências com Deus, mas ainda assim, é difícil me acostumar com aquele ambiente. A sensação de estar na igreja parecia nova e distante para mim.
Eu não me sentia preparado para entrar ali, na verdade, sentia um certo receio. Mas o olhar de Emma não me deu opção, não pude negar.
O pastor Jean iria começar a pregação, quando sinto a mão de Emma tocar na minha, como se fosse um conforto.
Senti a mão de Emma apertar a minha, e, naquele momento, todo o meu receio parecia desaparecer. A sensação era de algo mais profundo, como se ela estivesse ali não só para me apoiar, mas para me fazer perceber que eu não estava sozinho. Ela me olhou com um sorriso suave, e foi como se, por um instante, a igreja, as palavras do pastor, e até o tempo ao redor de nós tivessem se suspendido.
O pastor Jean, com sua voz calma e firme, começou a falar sobre recomeços e reconciliações, e, embora fosse um tema amplo, tudo o que ele dizia parecia se encaixar naquilo que eu estava sentindo naquele momento.
— Muitas vezes, nós nos encontramos em lugares onde achamos que não há mais como recomeçar — o pastor disse, olhando para a congregação com uma expressão serena. — Às vezes, carregamos feridas, ressentimentos ou medos, e acreditamos que não há mais possibilidade de cura. Mas Deus, na sua infinita graça, sempre nos oferece uma chance de recomeçar. Ele nos chama para a reconciliação, para deixar para trás o peso do passado e dar espaço para um novo começo.
Eu me senti como se ele estivesse falando diretamente para mim. O peso do que vivi, os erros, as escolhas erradas que fiz, tudo isso parecia vir à tona de uma vez. E, ao olhar para Emma, percebi que, de alguma forma, ela era parte desse processo.
— Reconciliação, meus irmãos, não é apenas sobre pedir perdão. É sobre deixar que o perdão entre em nosso coração e nos transforme de dentro para fora — o pastor continuou, enquanto sua voz se tornava mais firme e apaixonada. — É sobre olhar para o outro com os olhos de Cristo, entender que somos falhos, mas somos amados assim mesmo. E é nessa reconciliação que encontramos a verdadeira paz.
Eu fechei os olhos por um momento, tentando absorver cada palavra. A sensação de estar ali, ouvindo aquelas palavras sobre recomeço e reconciliação, parecia me tocar mais fundo do que eu esperava. Eu sabia que eu ainda tinha muito o que aprender, muito o que mudar, mas sentia que, de algum modo, estava no caminho certo.
Ao lembrar dos olhos, minha mente se volta para Ana. Eu pedia a Deus, dia após dia, para curá-la do câncer. Eu a amava profundamente, e, por mais que tentasse seguir em frente, a dor ainda permanecia. Ele a levou, e a tristeza de vê-la partir tão jovem e pura, como Emma, é algo que ainda me corrói. Ela não merecia um fim assim, tão cruel.
Mas, de alguma forma, também há Emma. Ela passou por um acidente, ficou em coma e quase nos deixou. Eu orei com todas as minhas forças por ela, e, graças a Deus, ela sobreviveu. Agora, ela está aqui, ao meu lado.
Era como se fosse uma luta interna do meu coração lembrando do milagre que Deus fez com Emma e da minha mente, lembrando da morte de Ana. Isso estava me sufocando.
Aquele contraste de sentimentos dentro de mim era sufocante. A perda de Ana ainda me atormentava, sua ausência era um vazio profundo no meu peito. Por mais que eu tentasse me convencer de que a vida seguia, havia momentos em que o peso daquela dor me consumia por completo. Ela partiu tão jovem, sem ao menos ter a chance de viver a plenitude dos seus dias. Eu me questionava, de forma quase incessante, sobre o porquê das coisas acontecerem da maneira como aconteciam.
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Milagres do Futebol // Pablo Gavi
FanficNão julguem o livro pela capa! Livro cristão! Emma Thompson, uma jovem brasileira cristã, ganha uma bolsa para estudar jornalismo esportivo na faculdade de Barcelona. Lá, ela conhece Pablo Gavi, uma estrela em ascensão no futebol, conhecido por seu...