Milagres do Futebol // Pablo Gavi

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Hansi Flick

- Tudo bem, amor? - minha esposa pergunta ao meu lado, enquanto tem sua cabeça apoiada em meu peito.

- Não, não estou me sentindo bem. Meu peito está com uma dor indecifrável, não sei explicar.

Ela levanta a cabeça, preocupada, olhando diretamente nos meus olhos. Sua expressão suave se transforma em uma mistura de apreensão e carinho. Com sua mão quente e reconfortante, ela toca meu rosto, esperando que eu diga algo mais, algo que explique o que estou sentindo.

Estávamos passando essa sexta e o final de semana em uma outra cidade da Espanha com nossa filha de 11 anos.

- Hansi, você precisa relaxar - sussurra ela, sua voz soando gentil. - Talvez seja só o estresse do trabalho... você tem se cobrado muito ultimamente.

Respiro fundo, tentando aliviar o aperto no peito, mas a sensação é persistente, como se algo mais estivesse errado, algo além do cansaço. Passo a mão pelos cabelos, fechando os olhos por um momento, tentando afastar essa sensação, mas tudo parece estranho e opressivo.

- Não é só isso - murmuro. - É algo... diferente, uma inquietação que não consigo entender. Como se... como se eu estivesse perdendo algo importante.

Ela me abraça mais forte, sua presença sempre uma âncora nos meus momentos de incerteza.

- Hansi, estou aqui. Seja o que for, você não está sozinho.

Seu abraço me traz algum alívio, mas o peso dentro do meu peito persiste, uma sombra que não consigo dissipar.

- Sabe o que eu estava pensando? - a olho esperando que ela prossiga.- Quando Emma finalmente te perdoar, poderíamos marcar um dia e apresentar Lari. Você sabe como ela está ansiosa para conhecer a irmã mais velha.

As palavras dela fazem meu peito apertar ainda mais. Emma. O nome dela ecoa na minha mente como uma batida constante, misturando-se com a dor indecifrável que sinto. Nos últimos tempos, a distância e as desavenças entre nós se tornaram uma ferida aberta. Sinto uma culpa esmagadora por tudo o que aconteceu, por cada palavra não dita e cada gesto mal interpretado.

Minha esposa percebe o meu silêncio e aperta minha mão, tentando me reconfortar.

- Eu sei que as coisas entre vocês estão complicadas, Hansi, mas sei que ela te ama. Só precisa de tempo para entender... para perdoar.

Desvio o olhar, tentando esconder a emoção que se acumula em meus olhos. Meu coração se parte ao imaginar Emma longe, com mágoa e ressentimento, enquanto minha filha mais nova, Lari, anseia por uma conexão que nunca teve.

- Talvez eu tenha perdido qualquer chance de consertar isso... - murmuro, mais para mim do que para ela.

- Não pense assim - ela insiste, sua voz suave, mas firme. - Emma precisa de você, e você precisa dela. Esse vazio no seu peito? Talvez seja isso... a distância entre vocês. Quem sabe uma reconciliação possa aliviar essa dor?

Suspiro, tentando processar o que ela disse. Será que é isso mesmo? Que o vazio que sinto é o reflexo da distância que me afasta da minha filha? Não consigo negar que sempre quis essa reconciliação, mas o medo de que seja tarde demais me paralisa.