Milagres do Futebol // Pablo Gavi

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Aurora Gavira
Bônus 9/10

Sabe, eu nunca imaginei que um dia iria ver alguém tão cheia de fé e vida tendo que lutar pela vida, pois não sabemos se ela irá conseguir resistir, especialmente quando se trata de Emma. Todos os dias eu penso nela e tudo ainda é fresco.

- Às vezes, a vida tem uma forma cruel de nos testar, não é? - murmurei para mim mesma, lembrando de como Emma sempre tinha aquela luz, aquela confiança de que Deus estava no controle, não importa o que acontecesse. Ela era o tipo de pessoa que conseguia ver o lado bom até nas situações mais difíceis, que encontrava um propósito em cada desafio. E agora... vê-la assim, sem resposta, era um golpe quase insuportável.

Passei os dedos pelo pingente em forma Jesus na cruz que Emma me deu no meu aniversário. Ela sempre dizia que a fé dela não era apenas dela, mas um presente que ela queria dividir com todos ao seu redor. Sorri tristemente, lembrando de como eu brincava que ela era como uma "fada madrinha da fé".

- Você sabe, Emma... eu nunca fui tão próxima de Deus quanto você. Nunca entendi muito bem o que era essa paz que você sentia, mas eu admirava tanto. Você sempre dizia que eu podia encontrar isso também, que Deus estava esperando pacientemente por mim. Agora eu entendo um pouco mais... - Engoli em seco, sentindo um nó na garganta. - Porque, neste momento, é só a fé que eu tenho para me agarrar.

Apertei o pingente, deixando meu olhar se perder enquanto pensava nas memórias que tínhamos juntas. Lembrei das risadas, das conversas profundas que duravam horas, e de como ela sempre tinha uma palavra de apoio, uma oração pronta para me acalmar.

- Se você estivesse aqui, você diria que eu preciso ser forte. Que eu preciso confiar, mesmo que tudo pareça sombrio. - Senti a voz trêmula, e por um segundo, quase pude ouvir a voz dela, suave e encorajadora, me dizendo para não desistir.

Dei um longo suspiro, tentando conter as lágrimas.

- Eu sei que você está lutando, Emma, do jeito que só você sabe lutar. Sei que Deus está ao seu lado, te amparando, te dando forças... e que Ele está ouvindo as minhas orações, as orações de todos que te amam. - As palavras saíram baixinho, quase como uma promessa.

Agarrei-me à esperança de que, de alguma forma, ela sentia o amor e a saudade que todos nós carregávamos, que as nossas orações estavam alcançando o coração dela e a sustentando.

- Eu acredito em você, Emma. E sei que você também acredita. Mas é tão difícil acreditar quando as circunstâncias tão tudo para dizer que você não conseguirá. Já se fazem semanas, Emma, semanas que você está assim. Os médicos já falaram na possibilidade dr desligar os aparelhos pois eles não tem fé de que você sairá.- engulo em seco, sentindo uma lágrima cair.

- E eu só posso pensar em como você lutaria contra essa ideia, como não aceitaria desistir tão facilmente. - Minha voz saiu em um sussurro, carregado de tristeza e incredulidade. - Eu sei que, se fosse outra pessoa nessa situação, você estaria ao lado dela, dizendo para nunca perder a esperança, para sempre confiar em Deus, mesmo quando tudo parece impossível. E agora... somos nós que estamos aqui, tentando acreditar por você.

Respirei fundo, tentando encontrar forças para continuar, mesmo com o peso de tudo que estava acontecendo. As lembranças de Emma - a forma como ela sempre encontrava um jeito de enxergar o lado bom, de ajudar as pessoas a verem a vida com mais luz - se misturavam com a realidade sombria daquele momento.

- Emma... nós precisamos de você. Você tem que lutar, tem que voltar para nós. - Apertei o pingente em forma de Jesus mais uma vez, buscando forças na fé que ela tanto me ensinou. - Os médicos podem não acreditar, mas eu acredito. Deus acredita. E eu sei que, de alguma forma, você ainda está aí, ouvindo... sentindo nossas orações.

Uma onda de silêncio tomou conta do quarto, pesada e quase esmagadora. Era difícil imaginar que a mesma Emma, sempre tão cheia de vida, estava agora em um estado tão delicado, dependente de máquinas para sobreviver.

- Eu não vou desistir de você, Emma. Mesmo que eles queiram desistir, eu nunca vou fazer isso. - Minha voz tremia, mas eu estava determinada. - E eu vou continuar orando, todos os dias, para que você volte para nós. Porque eu sei que, com Deus, nada é impossível.

Deixei minha cabeça cair ao lado dela, fechando os olhos enquanto as lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto.

Depois de alguns minutos em silêncio, senti que as palavras começavam a surgir em meu coração. Segurei a mão dela com firmeza, sentindo o peso da minha própria voz preencher o quarto.

- Senhor... eu sei que os Teus caminhos são maiores do que os meus, que o Teu entendimento vai além de tudo o que posso compreender. Mas eu Te peço, em nome de Jesus, para que sustente a Emma agora, para que renove a força dela e a traga de volta para nós. - Respirei fundo, sentindo as lágrimas rolarem. - Sei que ela está em Tuas mãos, mas, por favor, dá a ela uma chance de vencer essa batalha, uma chance de continuar espalhando a Tua luz aqui.

Senti minha voz vacilar, mas continuei, agarrada à única coisa que ainda me mantinha de pé: a fé que Emma me ensinou a cultivar.

- Deus, eu sei que tudo tem um propósito, e se esta é uma provação, ajuda-nos a passar por ela com fé e confiança em Ti. Que o Teu Espírito Santo a envolva, a proteja e a restaure, que todos os órgãos dela se alinhem com a Tua vontade de cura. Que a Tua paz invada o coração dela agora e que, onde quer que ela esteja, ela sinta o Teu toque, o Teu amor, a Tua presença.

Segurei a respiração por um momento, lembrando de tudo o que Emma sempre dizia sobre oração, sobre como ela confiava que Deus ouvia cada palavra, mesmo as mais silenciosas.

- Senhor, eu Te peço... permite que ela desperte, que ela possa abrir os olhos novamente, que eu possa ouvir a voz dela, ver aquele sorriso iluminado. - Engoli em seco, sentindo o peso do meu pedido. - Mas, se esta não for a Tua vontade, então, por favor, ajuda-nos a aceitar, a entender... e a ter forças para seguir.

Minhas mãos tremiam, mas continuei, deixando que cada palavra viesse do fundo do meu coração.

- Que a Tua vontade seja feita, Senhor, mas que seja sempre com a Tua misericórdia. Cuida dela. Não permita que ela sofra. E, se possível, traz ela de volta para nós. Em nome de Jesus, eu oro... Amém.

Fiquei em silêncio, sentindo uma paz sutil me envolver, como se, de alguma forma, Emma estivesse me ouvindo, como se Deus tivesse acolhido minhas palavras.