Capítulo 39

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— Mas eu te amo tanto. — A loira deixou as lágrimas rolarem. — Por favor, amor. Não deixa ninguém estragar isso.

— Vamos nos encontrar mais pra frente, quando você tiver mais velha e não for uma aluna, que tal?

— Não faz assim, eu juro que controlo as meninas.

— Não controla não. — Disse triste, também com os olhos marejados. — Essa é a decisão mais difícil que já tomei. Me desculpe.

A porta se abriu e como um dejavu Lua e Mel passaram por ela.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Disse entredentes após fungar. — Não já fizeram estrago demais?

— Imaginamos que vocês estariam aqui antes dos alunos. — Mel começou, as duas tinham expressões de culpa. — Viemos pedir desculpas.

— Passamos do limite ontem. — Lua completou. — Não devíamos ter invadido seu espaço do jeito que fizemos.

— Não, não deviam. — Disse com a voz embargada. — Dêem o fora daqui.

— Só queríamos dizer que não vamos contar a ninguém. — Lua disse ainda sem se virar pra sair. — Ninguém, nem mesmo Arthur ou Pedro. O segredo ficará com a gente.

— Agradeço a consideração, mas gente demais sabe desse segredo.

— Reconsidera isso, por favor. Estamos juntos há tão pouco tempo, temos muito pra viver juntos.

— Sinto muito, Sophia. — Foi duro e Sophia assentiu, virando se pra sair de perto de todos eles. — Onde você vai? A aula já vai começar.

— Me dá falta se quiser. — E fugiu dali o mais rápido que pôde, só queria ficar sozinha. 

— Sentem. — Apontou para as cadeiras e as duas sem graça se sentaram em silêncio. 

Micael seguiu seu próprio conselho e se sentou, olhando as provas do dia anterior, fingindo ler as respostas dos alunos, quando na verdade a única coisa que fazia era pensar se aquela decisão era certa ou não. 

Gabriela chegou na sala de aula esbaforida, pouco tempo depois e como ainda era bem cedo ninguém mais havia chegado. Era um clima terrível. A menina olhou para o irmão e para as amigas repetidas vezes antes de dizer alguma coisa. 

— Cadê a Sophia? 

— Saiu. — Micael respondeu seco, sem nenhuma vontade. — Não temos como saber pra onde. 

— O que aconteceu hein?

— Por que eu gastaria meu tempo explicando se daqui a pouco suas amigas vão te colocar a par do assunto? — Ficou de pé segurando o piloto azul. 

— Você terminou com ela? — Insistiu e viu o irmão arriar os ombros e soltar um suspiro pesado logo em seguida. — Fala sério, MIcael. A garota não teve culpa de nada, as duas ali foram enxeridas. — Apontou para as amigas que continuaram em silêncio, se sentindo culpadas. 

— Pode até ter sido, Gabriela. Mas quanto tempo vai levar pra mais alguém ser enxerido? Quanto tempo vai levar até você deixar escapar alguma coisa para o irmão dela? 

— Eu não vou deixar escapar nada!

— E eu devo acreditar? Devo arriscar toda a minha carreira? Você sabe o quanto eu estudei pra estar aqui, não é justo comigo. 

— Isso não era um problema até ontem a tarde. 

— Sempre foi  um problema, só ficou ainda mais evidente quando eu percebi o quanto é fácil descobrir esse segredo. Agora chega desse assunto. Minha vida está aberta a debates e eu não preciso me explicar pra você, Gabriela. 

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora