Capítulo 40

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— Onde você foi parar? — Perguntou alarmado e as meninas ficaram surpresas dele realmente ter sido atendido. — Todo mundo está preocupado com você. 

— Quem foi fazer fofoca? 

— Não importa, fala. — Pediu com a voz mais mansa. — Você não fugiu da escola de novo, né?

— Não. — Confessou após um suspiro e alguns instantes de silêncio. — Estou aqui. 

— Então que tal você aparecer e ir tomar um banho, comer algo e deitar? 

— Se eu quisesse fazer isso, eu já tinha feito. 

— Onde você está, linda? — Perguntou mais uma vez e obteve silêncio. — Fala que eu vou até aí conversar. 

— Naquele lugar do jardim onde nos encontramos e você disse que era apaixonado por mim pela primeira vez. — Confessou após mais um tempinho de silêncio.  

— Tudo bem. — Encerrou a ligação antes de dizer qualquer coisa que não devia. — Sophia está no jardim, lá onde você nos encontrou da outra vez, Gabriela.

— Pelo visto o Pedro procurou igual a cara dele. — A menina bufou e Micael ergueu uma sobrancelha. — Obrigada.

— Cuida dela. — Pediu e deu um beijo na irmã, pronto pra ir embora.

— Você não vai lá? Acabou de dizer que iria.

— Não, é melhor não. — Ajeitou a alça da pasta e suspirou. — Vai ser melhor pra todo mundo. Até amanhã meninas.

E ele foi embora, deixando as meninas olhando por onde ele havia ido embora.

— Eu vou falar com ela. — Gabi avisou baixo e as duas a encararam. — Isso tudo é culpa de vocês, ela não vai querer vê-las.

— Mas nós precisamos nos desculpar. — Mel disse alto, mais uma vez irritada com Gabriela. — Sophia é nossa melhor amiga!

— Eu não estou nem aí, vocês fizeram merda, agora respeitem o tempo dela. — Saiu de perto sem dar chance de resposta, deixando Mel de boca aberta.

— Eu te juro que estou odiando a Gabriela. — Mel resmungou com Lua enquanto observava a menina sumir pelo jardim.

— Não exagera, ela está certa, nós exageramos muito ontem, Sophia tem mesmo que estar com raiva de nós.

— Deixa de ser mansa, Lua. Essa garota chegou há três meses roubando nossa melhor amiga e até mesmo meu namorado.

— Não foi você que terminou com ele? — Lua perguntou com uma sobrancelha erguida. — Você está se vitimizando demais, Mel. A Gabriela não está errada, nós estamos. Vamos dar um tempo e ir conversar com a Sophia.

E as duas entraram na escola ainda discutindo quem estava mais errado na situação.

**

— Sabia que ele não viria. — Sophia bufou quando viu a amiga aparecer ali em seu refúgio. — Não com todo mundo sabendo que estaria aqui comigo.

— Ele não fez por mal.

— Não precisa defender o seu irmão. — Sophia fungou e passou a mão no rosto. — Eu entendo.

— Não fica assim, meu amor. — Se sentou ao lado da amiga e lhe abraçou. — Micael é um cabeça dura, ele vai se arrepender.

— Eu sei que vai.

— Sabe?

— Ele me ama, Gabi. Em dois meses eu completarei dezoito anos, já que ele leva idade tão a sério.

— Você não vai viver em função dele, não é?

— Gabi, eu sou Sophia Abrahão, filha de um diplomata muito importante. Eu não vou ficar sofrendo por ninguém. Isso aqui que você está vendo — Gesticulou para as lágrimas em seu rosto. — É só por hoje. Eu tirei o dia pra chorar as minhas mágoas, amanhã estarei bem.

— Pretende fazer o quê? Não vai sair com outros meninos só pra fazer ciúmes nele, né?

— Não. Eu vou viver minha vida, vou estudar para as provas, vou sair com as minhas amigas, vou viver. Se por ventura eu ficar com alguém, será porque quero e não pra fazer ciúmes. Chega.

— Você é tão decidida.

— Eu sou bonita demais pra ficar chorando e implorando para algum homem me querer, Gabi.

— Você é. — Sophia e abraçou a amiga novamente. — Agora vamos para o quarto, você perdeu algumas revisões hoje e amanhã às provas voltarão com tudo.

— Vamos, preciso acabar com essa lamentação.

A loira forçou um sorriso e foi para o quarto abraçada de Gabriela.

Sophia comeu uma besteira qualquer contrabandeada do refeitório por Gabi, tomou banho e então deitou. Aparentemente chorar o dia todo deixa muito cansado, pois ela dormiu no mesmo instante em que bateu no colchão macio. Gabi lhe fez um pouco de cafuné e sorriu ao ver a amiga dormindo, plena.

Levantou da cama apressada quando ouviu o toque de seu celular. Sophia se remexeu, mas não acordou.

— O que quer? — Sussurrou olhando a amiga dormir. — Quase que acordou a Sophia, não sabe enviar uma mensagem.

— Enviei várias e você não respondeu nenhuma. — Reclamou, irritado. — São nove da noite e ela já está dormindo?

— A coitada estava exausta, Micael. O que quer?

— Quer parar de me tratar assim?

— Desculpe, mas eu devo tratar como? — Colocou uma das mãos na cintura. — Você foi babaca comigo e Pedro, e antes mesmo que eu me esquecesse disso, foi babaca com a Sophia.

— Não fui babaca com ninguém, me respeita Gabriela. — Mudou seu tom de voz para autoritário. — Fala da Sophia, ela está bem?

— Não é mais da sua conta. — Respondeu de má vontade e desligou a ligação, deixando o irmão incrédulo do outro lado da linha. Logo o telefone tocou novamente. — Ela está ótima, Micael.

— Você deixa de ser abusada, Gabriela. — Esbravejou. — Não me obriga a te devolver pra sua mãe.

— Você não vai fazer isso!

— Então começa a ter respeito por mim, porque desse jeito tá difícil de aturar. Até amanhã. — E foi a vez dele encerrar a ligação. Gabi foi para o banheiro escovar seus dentes e ficou pensativa até dormir.

**

Quando Gabriela acordou na manhã seguinte, Sophia estava vestida com o uniforme, finalizando sua maquiagem impecável. Não havia nenhum resquício da Sophia chorona e a loira sorriu ao ver sua amiga descabelada e com o rosto amassado.

— Bom dia, flor do dia. — Brincou ao fechar um dos olhos e passar delineador. — Você não parece bem disposta, dormiu mal?

— Até que não. — Deu de ombros, ainda surpresa com o bom humor da amiga. — Você parece muito bem.

— Eu te disse que a Sophia chorona e sofredora ficaria no dia de ontem. Hoje eu sou a de sempre, altiva, mimada, um tanto namoradeira e o melhor, que não sofre por ninguém.

— Sei, se você diz, eu vou acreditar. — Sophia deu risada e a amiga foi para o banho. — Pode ir para o refeitório, eu te encontro lá. — Gritou assim que fechou a porta.

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora