— Você perdeu a noção? Eu já disse que não tenho interesse em você. — Sorriu ao dizer as palavras que soaram cruéis aos ouvidos de Sueli. — Aliás, você acabou de ouvir eu me declarando pra outra mulher, não seja maluca.
— Você nunca me deu uma chance, eu te faço esquecer essa menina em duas sentadas. — Foi ousada e Micael riu descaradamente. — Não deboche de mim.
— Desculpe, mas uma mulher que precisa chantagear um homem pra ter um encontro é no mínimo uma piada.
— Nós vamos a um encontro decente, você vai me dar uma chance, ou então eu saio daqui direto até a sala do diretor pra mostrar esse vídeo patético.
— E o que me impede de tomar esse celular de você e quebrar agora mesmo?
— Todos os meus arquivos vão direto para a nuvem, você quer quebrar? — Ela estendeu o aparelho pra ele. — Pode quebrar, meu amor.
— Me deixa em paz.
— Quer saber, agora não quero mais só um encontro. Nós vamos namorar.
— Para de ser louca!
— Vamos namorar, vou contar ao nosso superior, porque você sabe, namoro entre os funcionários tem que ser comunicado.
— Me deixa em paz, Sueli.
— Claro meu amor, vou te deixar sozinho, a gente se vê a noite, você vai até meu apartamento jantar comigo. Lembra o endereço? — Ele ficou em silêncio. — Te aguardo às oito. — Se aproximou e deu um selinho em Micael, que ficou sem reação ao observar a mulher saindo quase saltitante da biblioteca.
— O que eu fiz pra merecer essa doida? — Perguntou olhando pra cima. — Me diz, por favor?
**
— Filho, eu fiz uma carne de panela deliciosa. — Antônia comunicou ao filho com um sorriso. Tinha um pano de prato sobre o ombro e os cabelos presos em um coque. — Você adorava.
— Sabe que eu não me lembro? Eu devia ter quantos anos na época em que você realmente foi minha mãe? Dois?
— Não seja cruel.
— Por favor, Antônia. Será que pode parar de querer agir como se fosse minha mãe? Você fica tentando se mostrar amorosa, mas quando deveria ter sido, você sumiu.
— Eu não sumi, não seja injusto. — Tinha lágrimas nos olhos, mas não chorava. — Me casei novamente e meu marido trabalha em outro estado, o seu pai não me deu permissão para levar você.
— Você devia ter colocado o seu filho como prioridade na sua vida. — Disse com todo rancor que podia. — Mas a prioridade sempre foi o seu marido, não é? Você teve que ir atrás dele, porque ficar sem ele era impossível, já ficar sem o seu filho...
— Não foi assim!
— E como foi? — Cruzou os braços, parado diante da mulher fragilizada. — Me explica, Antônia. Ao meu ver, você tinha uma escolha simples, se casar com esse homem e ir embora do estado, ou ficar com seu filho. Você escolheu agora não adianta fingir que não teve consequências.
— E você nunca vai me perdoar, não é?
— Eu já senti sua falta, eu já senti raiva, já quis que você voltasse pra me ver, hoje, eu não sinto mais nada, Antônia. Nada.
— Não é possível.
— Eu só aceito você dentro da minha casa porque eu amo a Gabriela e sei que isso a deixa feliz. Você foi embora e recomeçou a sua vida sem o seu filho, não dá para voltar atrás, Antônia.
Ele enfiou a chave no bolso, celular em outro e ficou segurando sua carteira. As lágrimas de sua mãe escorreram pelo rosto, mas isso pouco o comoveu.
— Sabe quantas noites eu fui dormir chorando desse jeito por não ter mãe. — Apontou para as lágrimas dela. — Quantas vezes eu precisei de uma presença feminina, um conselho. — Continuou seu monólogo. — Quantos natais esperando que talvez você resolvesse me visitar pra dizer que me amava e que sentia saudades...
— Mas eu...
— Não ouse dizer que sentia saudades de mim. Eu tenho vinte e nove anos, Antônia, você foi embora e eu mal tinha dois. Eu sofri, eu aprendi a ser homem sem ter você por perto. Então faz um favor para nós dois, não finge que se importa, não faz comida achando que vai resgatar uma memoria afetiva perdida há muitos anos.
— Você é muito cruel comigo.
— Você só está colhendo o que plantou. Bom jantar. — Virou as costas e saiu de casa, ouvindo a mãe fungar, mas pouco se importou.
Dentro do carro, ele se permitiu ficar triste. Socou o volante do carro e logo após encostou a cabeça no banco olhando pra cima. Havia muito tinha feito uma promessa para si mesmo, nunca mais derramaria uma lágrima por Antônia.
Secou o rosto com as mãos e respirou fundo, mesmo que não cumprisse aquela promessa, ninguém precisava saber disso. Ligou o carro e dirigiu até o endereço de sua namorada, se é que realmente ia embarcar naquela maluquice.
Tocou a campainha e arregalou os olhos ao ver Sueli atender a porta vestida somente com uma lingerie rendada vermelha minúscula. Ela sorriu ao perceber os olhos dele reparando em cada detalhe de seu corpo.
— E se não fosse eu? — Disse após engolir seco, ele não gostava dela e tampouco havia se sentido atraído, pelo menos até alguns instantes atrás.
— Resolvi arriscar. — Deu passagem a Micael e ele fechou a porta atrás de si. — E então, gostou?
— Se eu dissesse que não, estaria mentindo. — Sorriu, ainda com os olhos fixos no belo corpo que a professora escondia debaixo de todas as roupas que usava.
— Te falei que precisava apenas de uma chance. — Disse convencida. — Você ainda não viu nada. — Levou as mãos até as costas e desabotou o sutiã, sorrindo ainda mais ao notar a ereção de Micael marcando sob a calça jeans apertada. — Veio até aqui pra me esculhambar?
— Vim, mas farei isso depois. — Sorriu e puxou a mulher para um beijo.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...