— 15:59. Gostei da pontualidade. — Micael comentou assim que viu Sophia se aproximar, trazendo seu caderno e um estojo nos braços.
A loira sorriu e se sentou na cadeira de frente a seu professor, olhando bem os livros que estavam abertos sobre a mesa, eram três.
— Já programei nosso roteiro de estudo.
— Eu imagino que sim. — Sorriu ao colocar seu caderno sobre o pequeno espaço livre e então o abrir. — Por onde vamos começar?
— Que tal respondermos as questões da prova que você errou ou não respondeu?
— Nem me lembra dessa vergonha. — Tapou o rosto com as mãos e Micael sorriu. — Ironia é essa ter sido a única matéria que eu tomei pau.
— Que você tomou pau?
— Ah, por favor, não seja um adolescente na quinta série.
— Com esse tipo de comentário é difícil não ser idiota. — Brincou ainda com o sorriso aberto.
— Ok, foi uma má escolha de palavras. — Se deu por vencida. — A sua foi a única matéria em que eu fiquei com nota baixa. Melhor assim?
— Muito melhor. — Os dois soltaram risadas mais abertas e então, o sorriso foi se fechando até ficarem se encarando. — O que estamos fazendo aqui?
— Começando a estudar sua amada literatura. — Abaixou o olhar para sua prova corrigida e começou a ler as observações que Micael tinha colocado em caneta vermelha. — O que mais seria?
— Tenho a impressão que você sabe bem a matéria.
— Se soubesse, não tinha tirado três.
— Sophia....
— Meu bem, eu já aceitei o nosso término, quem está tentando iniciar o assunto é você.
— Sinto sua falta.
— Para, por favor. — Sophia ergueu a mão e pediu antes que dissesse ainda mais coisas que tirassem seu foco.
— Como assim? — Perguntou confuso com sua recusa tão dura.
— Você já contou quantas vezes terminou comigo desde que nos conhecemos? — Se recostou na cadeira e cruzou os braços. — Estamos em meados de abril, Micael. Nós nos conhecemos em janeiro e você já me deu fora no mínimo umas três ou quatro vezes.
— Me desculpe.
— Não se desculpe, a culpa é toda minha que me permiti ficar nessa situação absurda. Eu amo você, mas já cansei de ficar sofrendo como se você fosse o único cara no mundo que me quisesse. Eu sou linda, inteligente, jovem e tenho muito o que viver. Mereço alguém que queira ficar comigo.
— Não está sendo justa, eu quero você.
— Um dia quer, no outro tem muito medo e termina. Aí lá vou eu perder aulas e gastar as minhas lágrimas sofrendo por você outra vez.
— Não é fácil estar na minha posição e eu também sofro pra terminar com você.
— Tá bom, daqui um ano a gente se reencontra fora daqui se eu ainda estiver solteira e tiver interesse por você. — Sorriu e voltou ao papel. — Agora, essa questão cinco é um tanto ambígua não acha? Fiquei confusa sobre a resposta que você queria.
— Se ainda tiver interesse por mim? Você não está sendo justa. — Ignorou a pergunta sobre a prova e se mudou para a cadeira ao lado dela. — Você precisa entender o meu lado.
— Já disse que entendo, podemos nos ater ao motivo desse encontro? — Apontou para a mesa e Micael suspirou.
O moreno olhou para os lados afim de se certificar que não havia ninguém olhando e então num ato de bravura encurtou o espaço e beijou Sophia.
Ela respondeu aquele beijo com paixão, suas mãos foram para os ombros dele e as dele para sua nuca, aprofundando o beijo.
E então num instante Sophia parou.
Ela se afastou com reluta, estava ofegante e encarou Micael com uma expressão de culpa.
— Você não devia ter feito isso.
— Não pude evitar.
— Como você tem coragem de me beijar aqui, em um lugar aberto que a qualquer momento pode entrar alguém. Tem coragem de transar no armário de vassouras que alguém poderia ouvir se passasse na frente, mas se minhas duas melhores amigas que são extremamente confiáveis descobrem nosso namoro, você me chuta sem pensar duas vezes?
— Eu pensei a noite toda antes de terminar com você.
— ENTÃO POR QUE DIABOS ESTÁ AQUI ME FALANDO ESSAS COISAS? POR QUE VOCÊ ME BEIJOU? — Falou alterada, já cansada do papo furado.
— PORQUE EU SOU LOUCO POR VOCÊ! — Ficou de pé e respondeu no mesmo tom. — Eu fico maluco sem ter você pra mim, eu te vejo pelos corredores e me arrependo todos os dias de ser um covarde, mas infelizmente é o que eu sou. Eu não vou ter coragem de arriscar a bolsa da minha irmã e um emprego pelo qual eu batalhei tanto, mas isso não significa que eu não te ame.
— Faz um favor a nós dois. — Sophia pediu com lágrimas nos olhos. — Me esquece, eu não vou viver nesse termina e volta pra sempre, Micael. Prefiro lidar e encerrar logo agora do que passar todo o ano letivo sofrendo por sua causa. — A loira pegou o caderno e o estojo de cima da mesa. — Pode deixar que eu estudo sozinha. — E saiu correndo dali.
Micael ficou desnorteado, olhando seus livros abertos e a prova com a linda caligrafia de Sophia. Num ato de raiva, jogou tudo no chão.
— Os livros não tem culpa do seu mau humor. — Ouviu a voz conhecida e ergueu a cabeça para encarar a bela mulher que tinha em sua frente.
— Não quero conversar agora, Sueli.
— Eu imagino que não, o fora que você levou de uma adolescente deve estar doendo, não é? — Ficou de pé outra vez, dessa vez alarmado. — Eu ouvi e filmei tudo, inclusive. — A mulher ergueu seu celular. — O beijo. Uma bela cena de quinta categoria, se me permite o comentário.
— Você filmou?
— Claro que sim, preciso de provas de que você namora com uma aluna, senão você vai me fazer pagar de louca de novo, não é?
— Você não estaria aqui me enchendo o saco se quisesse me entregar. — Resmungou mal humorado. — Aposto que vai fazer alguma chantagem, não é?
— Nada cruel. — Sorriu sensualmente e Micael cruzou os braços para ouvir o que ela tinha a dizer. — Quero um encontro de verdade.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...